domingo, 29 de novembro de 2015

031 - É Tudo o Que Se Consegue Dizer

Olá, crionças queridas!
Tudo bom com vocês? Quais as novidades? Oxe, foi nada... Jura? mas olha só!... Acredita que eu também? Nem fale, nem fale...
Bem-vind@s tod@s a mais uma edição da minha, da sua, da nossa Discoteca!
Antes de começarmos os trabalhos de hoje, gostaria de lembrar a tod@s vocês que a enquete dos Trigêmeos ainda está rolando, OK? No final da postegm, ela estará disponível, por favor, votem sem medo, quantas vezes quiserem! E DIVULGUEM! Se curtirem a Discoteca, mostrem a@s amig@s; se não curtirem a Biblioteca, mostrem a@s inimig@s; e se forem indiferentes à Filmoteca, continuem vindo e recomendem a TODO MUNDO!
Lembrando: a enquete foi criada com base num pedido que recebi de alguns de vocês desde a estréias dos Trigêmeos: colocar notas nas obras avaliadas. Na indecisão que me cerca, passo a decisão final a VOCÊ. Os Trgêmeos devem ou não ter um sistema de nota em suas postagens?
Mais uma vez: a enquete se localiza láááááá em baixo, quase no final da postagem. NÃO DEIXE DE VOTAR!
... E voltemos à programação normal:
Vandré já dizia que "somos todos iguais, braços dados ou não - caminhando e cantando e seguindo a canção", numa das mais lindas canções de protesto já vistas. Canções anti-sistema e bradando o poder da coletivamente existem aos montes, mas no mundo pop, são raríssimas (especialmente nestes anos 2000, que vive na era do "eu-e-eu-mesm@"), mas uma ou outra ainda aparece por aí pelas vozes mais conscientes. Caso da obra de hoje.
Vamos aos trabalhos!

Fonte da imagem: http://www.about-tracy-chapman.net/

Álbum: Greatest Hits
Artista: Tracy Chapman
Gravadora: Elektra/Rhino/Warner
Data de lançamento: 20/11/2015
Fonte da imagem: https://en.wikipedia.org/
A jovem Tracy Chapman provavelmente jamais imaginou o tamanho do prestígio e sucesso que atingiria quando conseguiu, ainda na universidade, um contrato com a Electra Records e invadiu as rádios mundiais sem aviso com seu primeiro single, "Fast Car" (um conto sobre uma mulher que trabalha duro e faz de tudo pra escapar da miséria, mas não consegue), se tornou um hit-surpresa nos Estados Unidos, precedendo seu álbum de estréia, auto intitulado, laureado pela crítica e ganhador de prêmios importantes. Os singles subsequentes, “Baby Can I Hold You” (que a estabeleceu mundialmente - e no Brasil, foi até tema de novela) e “Talkin’ ‘bout a Revolution”, possibilitaram à moça manter seu momentum.
Como mulher porreta que é, Tracy não se deitou nos louros da estréia e entregou ao mundo uma sequência de álbuns fortes, com a pegada folk e as letras socialmente engajadas do debut. O sucesso, medido em vendagens, obviamente não foi o mesmo, mas Chapman já havia arregimentado um público fiel, e algumas canções (como "Give Me One Reason") continuam a apresentá-la a nov@s ouvintes.
Tirando sua retrospectiva de 2001, simplesmente intitulada "Collection", Tracy Chapman passou sua carreira ignorando a rota das antologias o máximo possível (consideremos "Collection" uma anomalia, então, até porque seu dedo provavelmente não está envolvido no processo - coisas de gravadora). Desde seu admirável debut lá no longíquo 1988, a ganhadora de quatro prêmios Grammy juntou material de qualidade mais que suficiente para uma volta olímpica gloriosa cantando em cima de um taxi (ops, quem fez isso foi um grupo qualquer, aí) - e esta coletânea de 18 faixas não decepciona.
Fonte da imagem: https://en.wikipedia.org/
Desta vez, Chapman escolheu pessoalmente cada uma das canções, o que garante um disco personalizado e com escolhas que vão além dos parâmetros "vendagens e posição nas paradas", e as teve remasterizadas - nenhuma diferenciação de qualidade ou volume, aqui - nenhuma delas já soou melhor. A ordem das canções não é cronológica - a intenção foi criar uma coleção que fluísse como uma obra única, uma experiência auditiva em si mesma, o que permitiu a inclusão de canções não conhecidas entre seus hits, como a religiosa "Save Us All".
Claro, com oito álbuns de estúdio para destrinchar em apenas um, apareceriam os óbvios hits, canções queridas pela cantora, preferidas do público e alguns cortes profundos (não dá pra explicar canções como "Subcity", "Dreaming on a World", "New Beginning", "The Wedding Song" e "Another Sun" terem ficado de fora).
A novidade fica por conta do registro de uma performance televisiva da clássica "Stand by Me" - a faixa parece capturar perfeitamente o brilho do fogo de Chapman por compaixão e justiça social. Apenas Tracy e uma guitarra são o suficiente para botar a platéia abaixo.
Fonte da imagem: http://www.about-tracy-chapman.net/
O maior ponto forte de Tracy é sua capacidade de ser vulnerável e senhora de si ao mesmo tempo. E esta dualidade de poder e fragilidade atraem @ ouvinte, que se identifica em canções como "Fast Car", "Give Me One Reason", "Crossroads" ou "Talkin' 'bout a Revolution". São canções que se apresentam como faróis de esperança e "amor duro" no meio da opressão e da auto-dúvida.
Greatest Hits é uma obra que nos lembra do quão convincente e absorvente é o trabalho que Tracy Chapman tem em seu crédito, e o quão incrivelmente relevante ainda hoje o é. Ela construiu uma reputação como uma cronista das doenças da sociedade de forma incisiva, mas com graça -e nada disso a impede de mergulhar fundo nas questões do coração. Em mais de vinte e cinco anos de carreira, Tracy Chapman já provou várias vezes ser uma força da natureza benevolente, e ainda assim poderosa.
Fonte da imagem: http://www.about-tracy-chapman.net/
Greatest Hits deve causar algum barulho, devido ao tempo que Chapman passou ausente das prateleiras e dos olhares do grande público (já se vão sete anos desde seu último álbum de estúdio e seis sem fazer shows) - embora as gravadoras tenham escolhido mal a data de lançamento (enfrentar um titã como Adele não é das atitudes mais sábias se você quer chamar a atenção e atrair vendas imediatas). Mas Tracy está longe de se importar com isso. Nem precisa.
Um álbum novo seria melhor, mas esta coletânea é melhor que nada. Esperemos que este Greatest Hits seja indicação de que algo bom esteja para chegar - e em breve!

Você acha que o Tom deve colocar nota nos posts dos blogs Trigêmeos?
SIM! Só os textos, às vezes, deixa confuso.
TANTO FAZ. O importante é despertar a curiosidade de conferir.
NÃO! Pra que explicitar algo que já está no texto?
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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

030 - Crise de Quarto de Idade

Olá, crionças!!! Que saudades de vocês por aqui, na Discoteca!!!
Que acharam da postagem sobre Clarice Falcão brincando de Beyoncé? Eu certamente gostei muito de escrever qualquer coisa que seja pra desancar a feminista-lite, foi divertido! Mas agora é hora de partirmos para outra obra - mas antes, uma chamada para os comerciais um pequeno anúncio dos Trigêmeos:
Há muito tempo, algumas pessoas têm me pedido para que eu dê notas às obras discorridas nas postagens da Discoteca, da Biblioteca e da Filmoteca, como se fazia nos tempos dos Culture Rangers. Desde que iniciei os trabalhos com os trigêmeos, sempre fui contra este tipo de coisa, porque eu achava que apenas o texto deveria servir para dar a minha opinião (mesmo por baixo da ironia e do sarcasmo eventualmente expressos), sem precisar de algum sistema de cotação para escancarar tudo. O importante, para mim, era despertar a curiosidade de você, leitor@, a ir buscar a obra e conferir se concorda ou não comigo.
Eventualmente, comecei a repensar minha posição, e fiquei indeciso. Portanto, resolvi deixar a decisão com VOCÊS! Desde ontem, até o dia 06/12/2015, os posts dos Trigêmeos terão um sistema de nota que julguei interessante. Mas dependerá de VOCÊ se este sistema continuará no ar. Próximo ao final desta postagem, há uma enquete. Por favor, responda-a (se quiser, pode votar quantas vezes desejar) - lembre-se que os Trigêmeos existem por minha vontade, mas persistem por VOCÊ, então, dê seu pitaco!
Voltando à programação normal:
A obra de hoje é aguardada a pelo menos quatro anos! Muito se falou, muito se celebrou, e lógico que nossa Discoteca não poderia ficar de fora da onda, né?
Vamos aos trabalhos!

Fonte da imagem: http://adele.wikia.com/

Álbum: 25
Artista: Adele
Gravadora: XL
Data de lançamento: 20/11/2015
A não ser que você tenha nascido após 2011 ou viajado para fora do planeta Terra, é impossível não saber quem é Adele Laurie Blue Adkins. A mocinha de corpo cheinho e vozeirão irreal que, com um som de intrumentos à moda antiga, desbancou as saradas do pop eletrônico em vendas, nas ondas das rádios e em premiações com um álbum cheio de sofrência amargura e ressentimento chamado "21". Na esteira deste álbum, vieram 30 milhões de cópias vendidas, prêmios Grammy, uma canção para um filme de James Bond (que lhe rendeu um Globo de Ouro e um Oscar) e o status de ícone musical pop com um álbum culturalmente relevante - seu segundo álbum.
Fonte da imagem: http://www.macrumors.com/
Obviamente, um feito e tanto para qualquer pessoa. Adele sabe bem que qualquer coisa que ela lançasse após tal sucesso certamente não corresponderá às expectativas (especialmente as de vendagem), e que a pressão sobre seus ombros era enorme. Tanto que ela pensou em desistir e largar tudo e ir viver de outra coisa, "para sair no topo". Ainda bem, a convenceram do contrário: ela não precisa tentar superar "21" para provar nada, ela já fez seu nome e estabeleceu seu som. Então, ela tomou o tempo que considerou necessário para lançar um álbum que ela julgasse um reflexo dos acontecimentos em seu mundo nestes quatro anos e digno de suceder seu maior feito. Nasceu, assim, 25.
No novo álbum, Adele buscou experimentar coisas novas que não haviam em "19" ou "21": elementos eletrônicos, alguns leves toques de disco e algumas tentativas de brincar com algo mais uptempo. Ainda assim, Adkins sabe onde fica a sua região musical e não foge demais da fórmula: mesmo com as inovações rítmicas, 25 reside na mesma área dos álbuns anteriores, nas baladas de tintas vocais fortes (chamadas torch song), mas numa área de convergência que abrange os jovens que saem do pop descartável e buscam algo mais eletrônico misturado com R&B (que satura as rádios atualmente) e os não-tão-jovens que apreciam genuinamente sua voz extraordinária, sua classe como performer e suas composições maduras para anos além de sua idade. Não é uma mudança radical, mas há diferenças - 25 parece querer ter sua personalidade própria a vibrar.
Fonte da imagem: http://www.rickey.org/
Os colaboradores de "21" estão quase todos aqui: Paul Epworth mantém a "marca Adele" em perfeito funcionamento (nem dá pra negar que os momentos mais memoráveis da moçoila têm participação dele - e aqui, o feito se repete) e Ryan Tedder evita que as batidas das canções caiam demais a ponto de entediar o público ou que o álbum caia no território "vou-cortar-meus-pulsos" pertencente a Lana del Rey (embora apenas uma canção de suas sessões, a fofa "Remedy", tenha feito a lista final).
As novidades que se iniciam nas experimentações sonoras, continuam com os colaboradores: Greg Kurstin extraiu de Adele a faixa que abre o álbum e que é o primeiro single a bombasticamente melodramática "Hello", e mais duas faixas. O onipresente Max Martin cravou o que parece ser o único espaço onde não havia o nome dele e traz seu mais-do-mesmo para que a moça tente dar um jeito (com resultado dúbio). Danger Mouse também aparece por aqui. O australiano Sam Dixon traz a arrepiante (no melhor dos sentidos) “Love in the Dark”. "When We Were Young" tem tudo para ser o segundo single e foi composta em parceria com Tobias Jesso Jr.. É um dos melhores momentos de 25 (e estranhamente parece ter sido extraído de alguma sessão de "21").
Fonte da imagem: http://brunomyownph.blogspot.com.br/
Quando vi o nome de Bruno Mars listado, fiquei animado. Pensei "será que vai rolar Adele cantando algo com mais funk?" Para minha decepção, não rolou. "All I Ask" é mais uma balada - e com tantas outras vindas antes, parece que torna esta daquelas intermináveis. Ao menos, é um dueto, e Peter Gene Hernandez é o vocalista perfeito para tarefa de dividir microfones com um gogó como o de Adkins. Sozinha, a canção sobrevive muito bem e tem potencial para ser um novo single.
A terceira novidade está na temática presente em 25, o que foi a parte mais bem-vinda. O maldito ex de "21" ainda está aqui (e Adele continua na sofrência pelo desgraçado falando demais dele pro meu gosto), mas agora sua relação com o local onde ela cresceu retorna à baila (estava ausente desde o fechamento de "19") e também entram na dança sua mãe, seus amigos e até seu filho. A última faixa, "Sweetest Devotion", mostra que Adele sabe flertar com o rock, e poderia fazer carreira se um dia se cansar de tentar ocupar a posição que Céline Dion deixou vaga. E a canção é uma linda ode ao rebento. Como eu disse antes, momentos assim são sempre obra e graça de Paul Epworth.
Fonte da imagem: http://bestofweb.com.br/
Algumas coisas ainda não funcionam, tanto no campo daquilo que já conhece de Adele, quanto das novidades experimentadas em 25. Por um lado, temos um álbum que ainda se perde num tema já batido e rebatido no álbum anterior, e acaba minando a compositora - toda a sofrência de "21" ainda respinga aqui e o tom de "eu passei por isso e aprendi", que é tçao inspirador, levanta a dúvida: ela aprendeu, mesmo, alguma coisa? Por outro lado, experimentação é o que faz o artista, e jamais haverá algo errado nisso. Mas produtores superrequisitados pelos astros pop atuais como Martin, Shellback, Kurstin e mesmo o mais alternativo Danger Mouse parecem não compreender que Adkins não é Cher ou Miley Cyrus ou mesmo Kelly Clarkson - ela é uma das raras cantoras pop cuja voz simplesmente NÃO DEVE ser retocada. Mesmo seus raros momentos de imperfeição têm seu significado e conseguem exprimir a emoção exata que a moça quer passar. Ouvir sua voz ser retocada como em "Hello" ou tão processada como em "River Lea" traz a triste impressão de que a artista que conseguiu trazer a instrumentação real de volta ao topo das paradas mundiais começa a se render à pressão do electropop.
Fonte da imagem: http://nerdist.com/
Apesar de tudo, 25 ainda é um álbum forte - tudo se resume (ou deveria) a GRANDES CANÇÕES. Embora estas estejam em falta, aqui, nenhuma canção é ruim ou mesmo mediana. São todas boas ou muito boas! Compará-lo a "21" é exercício fútil - dificilmente venderá o mesmo ou trará novos fãs a Adele (se você não gosta, mantenha-se longe deste novo álbum; se não é fã, quem sabe encontre algo que curta, aqui; se é fã, já sabe que irá se refestelar). No fundo, este álbum veio como lembrete do quão superior vocalista e compositora ela é em relação às outras que dividem com ela lugares nas paradas mundiais. Adkins possui um talento único, e os momentos brilhantes superam de longe os nem tanto.

OXE, OXE, OXE!!! VOLTE AQUI!!! Ó A ENQUETE PROCÊ RESPONDER!!!
Você acha que o Tom deve colocar nota nos posts dos blogs Trigêmeos?
SIM! Só os textos, às vezes, deixa confuso.
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NÃO! Pra que explicitar algo que já está no texto?
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"Manual do Arquiteto Descalço"
(técnico)
Johan Van Lengen
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sábado, 21 de novembro de 2015

029 - Brincando de Índio, mas Sem Mocinho pra Nos Pegar!

Olá, crionças queridas, amadjeenh@s de Tom! Bom dia! Boa tarde! Boa noite! Boa madrugada! Bom qualquer-horário-que-seja-contanto-que-vocês-estejam-aqui!
Hoje é dia de mais uma postagem na minha, na sua, na nossa Discoteca, para alegrar o fim-de-semana de todo mundo!
Sempre me considerei um cara pacifista. Mesmo tendo um gênio do cão sendo relativamente bravo e difícil de lidar, SEMPRE fui um cara pacifista e acredito piamente que violência deve ser o último dia recursos utilizados para qualquer fim - e aí de quem duvidar de mim!
Mesmo assim, seu Lula sempre me dizia que "o mundo é uma guerra, e você precisa se armar para ser um bom guerreiro". Sempre achei muito dramático e violento da sua parte (da DELE, pessoa!), mas quanto mais cresci, mais percebi que infelizmente seu Lula está com a razão! E não apenas no sentido figurado!
A obra de hoje tem algo a ver com isso. Sobrevivência é uma arte que pouc@s dominam, e ninguém aprende sem vivência. Então, que nos pintemos e preparemos nosso melhor grito!
E vamos aos trabalhos!

Fonte da imagem: http://www.hitsebeats.ninja/

Single: Survivor
Artista: Clarice Falcão
Gravadora: Chevalier de Pas
Data de lançamento: 13/11/2015
Fonte da imagem: http://capricho.abril.com.br/
Clarice Falcão esteve aqui na Discoteca a pouco mais de uma semana, com toda a sua fofurice (sim, eu criei este termo, e daí? Mindêxem!). Jamais imaginei que as reações à postagem fossem tão boas, a menina é popular!
Para minha surpresa, durante a "promoção" da postagem seguinte à de "Monomania", várias pessoas vieram me marcar no Facebook em postagens relativas a um vídeo. Um vídeo forte, lindo e de certo modo ousado. Quem diria, um clipe de Clarice Falcão. Não sei se fiquei mais surpreendido pelo timing ou pela novidade que a menina trouxe ao seu repertório. Parecia até que estavam pedindo que eu falasse sobre ela, novamente. E cá estamos, Clarice e eu.
Fonte da imagem: https://en.wikipedia.org/
Survivor foi supostamente escrita para as Destiny's Child por sua frontwoman Beyoncé, papy-poderoso-e-então-empresário Mathew Knowles e um senhor chamado Anthony Dent no meio de um período turbulento para o grupo: metade dele abandonou o barco e partiu pra baixaria para o ataque. É uma diss song - aquelas faixas mal-educadas comuns no mundo do hip hop onde artistas ficam se desrespeitando. Considero esta uma das mais perigosas, porque não apenas não cita diretamente a quem se destina (embora qualquer um@ que conheça a história do grupo saberá), mas fala o suficiente pra dizer: "Você não é necessária e é uma (insira seu xingamento neste espaço), mas eu te desejo muito bem, tá? Vai pela sombra e morra!" - enfim, cobras sendo cobras a lidar com cobras sendo cobras.
Fonte da imagem: http://funwithbrazilianportuguese.com/
Clarice fez diferente. Nada de "Já acabou, Jéssica?" - Sua versão de Survivor fala de libertação: Clarice Falcão largou a louca bonitinha de "Monomania" para falar de redação do ENEM FEMINISMO. Algumas coisas poderiam ter sido trocadas, pois ficaram estranhas (Falcão não vendeu nove milhões de cópias nem em sonho), mas isto é o de menos! Acho importantíssimo mostrar que, em tempos de Malafaias, há Clarices (junto a toda uma geração pós Simone, Madonna, Annie e até mesmo Spice Girls) prontas para mostrar que, sim, são poderosas, donas de seus corpos e suas vidas, não aturam qualquer conversinha de quem quer que seja e merecem respeito - afinal, também são seres humanos - E NÃO HÁ SER HUMANO DE SEGUNDA CLASSE, INDEPENDENTE DE QUALQUER CONDIÇÃO!
Fonte da imagem: http://g1.globo.com/
O vídeo é poderoso. Clarice e várias outras mulheres aparecem dublando a canção enquanto passam o batom por vários outros lugares que não seus lábios. São mulheres a se pintar para uma grade batalha. São mulheres declarando guerra contra o machismo que as oprime e machuca. Uma delas ainda destrói o batom, e achei genial. É uma destruição simbólica de um "símbolo-mor da feminilidade": quem disse que uma mulher que não esteja maquiada é menos feminina, ou mesmo que toda mulher tem que ser "feminina"? Uma pena que @s comentários apenas se refiram à separação de Gregório Duvivier, quando tantos assuntos mais pertinentes são puxados pela canção e pelo clipe.
Fonte da imagem: http://thinkolga.com/
Para coroar a ressignificação de Survivor, toda a renda do single será revertida pra a ONG Think Olga, que promove o empoderamento feminino através da informação - ferramenta tão poderosa! Gostaria de ver Beyoncé fazendo melhor.
Pessoalmente, eu não gosto de Beyoncé. Reconheço suas habilidades vocais (quando está parada) e como dançarina (ela é realmente impressionante), mas não curto a maioria de suas músicas e tenho sérios questionamentos quanto à sua ética de trabalho e sua utilização hipócrita da causa animal para autopromoção. E Survivor ressoa em mim como uma música nada além de mediana - mas que tem, sim, alguma chama em si. Mesmo com toda a transformação que Clarice trouxe, a música propriamente dita não ficou melhor - simplesmente não deixou de ser uma diss song. É uma pena, porque ela possui potencial, e nem Knowles, nem Falcão conseguiram extrair todo o sumo que a canção pode ter a oferecer.

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"Manual do Arquiteto Descalço"
(técnico)
Johan Van Lengen
Filmoteca

"Uma Escola Atrapalhada"
(longa-metragem)
Antônio Rangel

terça-feira, 17 de novembro de 2015

028 - Ensinando Direitinho?

Bom dia, boa tarde, boa noite, boa madrugada, crionças amadjeenhas de Tom!!!
Que bom lhes ver de novo!!! Ficaram com saudades e Tonzinho? por favor, digam que sim, eu sou muito carente, cês nem têm idéia!
Algumas semanas atrás, houve um encontro de dois dos Trigêmeos: a Filmoteca falou sobre "Chicago", enquanto a Discoteca discorreu sobre a sua trilha.
Desta vez, um novo encontro entre a Discoteca e a Filmoteca se deu, para alegria de quem curte meus Trigêmeos e tristeza de criaturas tristes e recalcadas quem não curtiu tanto assim, ou simplesmente odiou - neste caso, morram tod@s (CALMA, GENTE, EU ESTOU BRINCANDO!!!). Uma série de acontecimentos interligados me fizeram decidir por mais este set de postagens conjuntas. Me aparece uma obra que deveria ser algo apenas para aqui se desdobrou para a Discoteca mei'de boa. E aqui estamos!
E bora começar os trabalhos!

Fonte da imagem: http://discotequizando.blogspot.com.br/

Álbum: Uma Escola Atrapalhada
Artista: Vários
Gravadora: Columbia/Sony Music
Data de lançamento: 1990
Falar sobre Uma Escola Atrapalhada, o filme, não foi realmente tarefa fácil. Diferentemente de "Super Xuxa Contra o Baixo Astral", não se trata de um filme que eu particularmente tenha curtido na infância - estava até perdido em algum ponto da minha memória, até que encontrei uma interessante postagem no Buzzfeed que me despertou a curiosidade de rever o filme e descobrir se é, mesmo, essas coisas.
... o resultado, você confere na Filmoteca, tá? (ou até por aqui, mesmo, se eu não conseguir me segurar enquanto escrevo este texto!)...
Enfim, na busca do filme, também encontrei sua trilha sonora. Fiquei tão intrigado por a trilha sonora dum filme com tantos talentos musicais (digo isso sem juízo de valor, por ora, juro!) ser um mero EP com quatro faixas! Se cada pessoa do elenco que já havia atuado em musicais ou mesmo já tinha uma carreira musical contribuísse com um "Se Essa Rua Fosse Minha", dava para rolar uma ciranda inteira por mais de quarenta minutos. Mas enfim, né? Vamos por faixa-a-faixa!
Fonte da imagem: http://oglobo.globo.com/
O EP inicia com a faixa-título, que inclusive abre o filme. Eu não sei quanto dinheiro Lincoln Olivetti ganhou pra fazer isso, mas ele deve ter levado o arrependimento até o túmulo! E ainda arrastou a esposa pra essa bomba de cd. Dividindo os vocais com Claudia Olivetti, um certo Nill, recém-saído do grupo Dominó (sim, aquele de onde saíram Afonso Nigro, Klaus Hee, Rodrigo Phavanello e Rodrigo Faro). Dizer que a faixa é constrangedora chega a ser algo pleonástico, mas fiquemos neste adjetivo, mesmo. Deve ser por isso que o Nill eventualmente largou a música pop e foi virar advogado e pastor evangélico.
Fonte da imagem: http://angelicaltouch.weebly.com/
Após um início, por assim dizer, meia-boca, a segunda faixa ofereceu algum suingue e vitalidade à trilha. Falem o que quiserem, mas "Angelical Touch" é OURO! A canção escrita por Debarros Filho tem um jingado muito bom, e uma atitude que provavelmente não casa com a sua cantora (que passou alguns anos insistindo em buscar este tipo de material, sem nunca conseguir convencer). Nas mãos de alguma intérprete mais capaz, seria uma canção perfeita, mas com Angélica, deve se contentar em ser algo próximo de "excelente" (convenhamos, já é um feito). Sim, é um jingle descarado, mas fez sucesso, sobreviveu ao produto que anunciava (uma linha de cosméticos - que também foi um sucesso) e ainda é lembrada até hoje. Não é isso o que faz uma canção pop, para o bem e para o mal?
Com cinquenta por cento do álbum já posto, a trilha de Uma Escola Atrapalhada, embora não exatamente algo brilhante, parecia estar em algum caminho próximo a algo empolgante. Como nem tudo são flores, ainda há uma terceira e quarta faixas remanescente neste EP.
Fonte da imagem: https://www.youtube.com/
"Pisa em Mim", é contribuição do então jovem Eduardo Smith de Vasconcelos Suplicy, mais conhecido pelo povão como Papito... ops, Supla! Pois é, antes de ser motivo de piada para a maioria da população que cresceu vendo a MTV Brasil após a metade dos anos 1990 um jurado de programa de calouros extinto e metade de um duo com o irmão, o rapaz era vocalista da Tokyo, uma banda punk de boutique, e povoava os desejos das meninas loucas do orós oitentistas. O que dizer de uma faixa que se diz rebelde vinda dum cabra podre de rico (que a escreveu a DEZ MÃOS) e cujo refrão diz "E só pisa em mim / E me deixa assim!"? Sem mais argumentos.
Fonte da imagem: http://filmesparadoidos.blogspot.com.br/
A faixa que enterra de vez finaliza o disco e é do grupo Walking Deadizado Polegar (sim, aquele mesmo, do Rafael Ilha, o cabra que ingeriu uma PILHA...). "Sou Como Sou" é uma versão de "Soy Como Soy", composição de Marco Flores e Gerardo Flores gravada pelo grupo musical mexicano Timbiriche (de onde saiu uma PANCADA de gente que domina o pop latino de hoje, como Paulina Rubio, Erik Rubín e Maria Mercedes-Marimar-Maria do Bairro Thalia), feita pelo mago Edgard Poças. O pobre já deveria estar cansado de ter que fazer milagres com as bombas impostas pela Columbia para o repertório dos grupos infantojuvenis - tanto é que, desta vez, não rolou. Não sei como é a original, mas esta versão não me fez sequer ter vontade de procurar. E é neste tom que a trilha do filme se encerra.
Antes mesmo de encerrar a audição, já estava claro, para mim, que o negócio já estava fadado à obscuridade. Quem diria que a (tentativa de) salvação de um álbum viria com a senhora Luciano Huck? Eu certamente seria o primeiro a dizer que não! Mas este EP nos prova tod@s errados. O negócio é que o material restante nem cria expectativa até este momento, nem consegue acompanhar o momentum gerado. Virou uma oportunidade perdida.
Pensando bem, a trilha é exatamente o que se espera dela, dado o filme de onde se origina. Uma pena que o filme não tem duração equivalente à desta obra.

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(técnico)
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"O Melhor Amigo"
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