quarta-feira, 28 de outubro de 2015

024 - Ensinando Direitinho!

Olá, amadjenh@s de Tom! Bom dia, boa tarde, boa noite, boa madrugada, boa qualquer-hora-do-dia-ou-da-noite!!! Que bom lhes encontrar por aqui!
Ontem, dona Sassá, minha mãe, completou mais uma primavera, e fiz uma singela homenagem na Filmoteca. Espero que tod@s vocês tenham visto - ou, ao menos, que fiquem curios@s e sigam o link que deixei!
Alguns dias antes do aniversário dela, eu pedi que ela sugerisse um filme. A homenagem já estava planejada, e queria que fosse um filme especial para ela, obviamente. Curiosamente, ela não falou n'"A Dança dos Vampiros", mas em outro filme, que eu não encontrei para ver na internet. Mas a canção-tema deste filme é conhecidíssima, e achei que valia a pena falar dela aqui, na Discoteca, visto que a postagem de hoje seria justamente no dia seguinte ao aniversário dela. Por que não, né?
E então, crionças, vamos aos trabalhos do dia?

Fonte da imagem: http://www.discogs.com/

Single: To Sir, with Love
Artista: Lulu
Gravadora: Epic/Sony Music
Data de lançamento: 23/06/1967
Antes de irmos direto a falar da canção, vamos nos situar acerca de seus responsáveis, certo?
Fonte da imagem: http://www.retrosellers.com/
Os Mindbenders foram uma banda inglesa que surgiu na cidade de Manchester. Inicialmente, eles eram uma banda de apoio para o cantor Wayne Fontana (com quem estouraram com "The Game of Love"), o que lhes garantiu um dos primeiros lugares na turma da "invasão inglesa" nas paradas estadunidenses.
Com a partida de Fontana pra uma carreira-solo (no meio de uma apresentação, ganhou o Selo Sandra Annenberg!!!), a formação da banda passou a variar com alguma frequência: quando Wayne Fontana formou os Mindbenders, o grupo consistiu de Bob Lang, Ric Rothwell e Eric Stewart. Com o tempo, a dança das cadeiras trouxe Paul Hancox, Jimmy O'Neil, Graham Foote e Graham Gouldman. A última formação consistiu em Gouldman, Foote e Stewart.
Mesmo com a formação mudando mais vezes e mais rápido que as Sugababes em constante mutação, os rapazes ganharam vida própria com seus próprios singles - em particular o primeiro, "A Groovy Kind of Love", que foi outro sucesso. Infelizmente, o sucesso não foi duradouro, e a decadência foi ligeira para os garotos. Em 1968, eles decidiram se separar.
Bob Lang se juntou a outra banda de rock: a Racing Cars, que viria a ter um single no Top 20 inglês mais de uma década após sua saída dos Mindbenders, e a banda seguiu em atividade até 2010. Graham Foote assumiu o nome artístico Rod Gerrard e entrou na banda Herman's Hermits no meio da década de 1970 - e lá permaneceu até 1995. O único membro original a permanecer no grupo durante todo o tempo, o bonitão Eric Stewart, se juntaria com o último a entrar no grupo, Graham Gouldman, e formariam a banda que viria a eventualmente se chamar 10cc - e se deram muito, muito bem! Já dos outros, não encontrei qualquer notícia...
Fonte da imagem: http://www.discogs.com/
Os escoceses têm Lulu como um tesouro: iniciando como uma adolescente com cara - e jeito - de espoleta, ela ganhou festivais, cantou uma canção muito da fraca, diga-se de passagem, da franquia Bond, teve seu próprio programa de televisão, atuou no cinema, no teatro e tem a distinção de ser a única artista a se apresentar no Top of The Pops (um tradicionalíssimo programa britânico de paradas, tipo o nosso semi-finado Globo de Ouro) em TODAS AS CINCO décadas consecutivas em que o programa esteve no ar! Como a cereja no topo do bolo, ela recebeu da rainha Elizabeth um título de Dama da Ordem do Império Britânico por seus serviços às artes da Grã-Bretanha. Cantou com Paul McCartney, com Elton Jhon, com Sting e até com o Take That. E ela não dá nenhum sinal de desgaste, nem vontade de engrossar o grupo de aposentad@s jogando damas em alguma praça!
Fonte da imagem: http://www.classicmoviehub.com/
To Sir, With Love é tema do filme "Ao Mestre, com Carinho", de 1967 - aquele em que Sidney Poitier fez um professor durão enfrentando o racismo numa escola inglesa cheia de branquelos delinquentes. Tanto Lulu quando os Mindbenders fazem parte do elenco do filme - e cantam mais canções em sua trilha sonora.
Por alguma razão a mim completamente desconhecida, a canção e o single foram creditados apenas a Lulu - o que achei uma sacanagem sem tamanho com os Mindbenders, pois eles tocaram junto a ela, apenas não cantaram. To Sir, with Love teria sido um hit necessário aos rapazes, que estavam em baixa nas paradas e acabariam por se separar no ano seguinte.
Junto com o filme, a canção fez um sucesso estrondoso - foi um dos singles mais vendidos mundialmente em 1967. No Brasil, ganhou uma versão em português pelas canetas de Byafra e José Costa Netto, gravada pelos Abelhudos (e regravada mais tarde pela Eliana, com arranjo fiel ao original), que se tornou uma certeza em qualquer evento comemorativo do dia dos professores.
Eu gosto muito da canção (tanto a original quanto as versões brasileiras). Mesmo sendo uma balada, o arranjo dos Mindbenders denuncia que é uma banda beat se aventurando fora de seu elemento - mas dão conta do recado muito bem. Já Lulu, outro fruto da geração beat (embora mais distanciada), se descobriu cantando uma grande balada de Don Black. Os vocais dela nunca foram tão precisos, é como se ela, com sua voz rasgada, tivesse nascido para cantar baladas emocionais de alta extensão vocal (e olha que esta nem exige uma extensão tão grande), e ela revelou aqui um belo uso do vibrato - técnica que ela não usava muito em seu repertório até então.
Fonte da imagem: https://www.cineplex.com/

Profe, o que vai cair na prova, hoje?
Sendo filho de professores, sobrinho de professores e aspirando me tornar um em um futuro próximo, cresci com uma grande apreciação pelo ofício de educar e o devido respeito por seus praticantes. Ensinar é formar cidadãos, é um dom que não deveria exigir os sacrifícios desnecessários que hoje são exigidos neste Brasil que quer ser o "país do futuro", quando já deveria ser o "país do presente". Professor@s são @s únic@s que não precisam se curvar a reis e rainhas, por que aqui deveriam ser considerados sub-cidadãos, profissionais de segunda classe?
Deixo este texto falando de tão singela canção como minha homenagem àquel@s que compartilharam comigo e com tant@s outr@s antes e depois de mim o que há de mais precioso: CONHECIMENTO.

VEJAM TAMBÉM!
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"Manual do Arquiteto Descalço"
(técnico)
Johan Van Lengen
Filmoteca

"A Dança dos Vampiros"
(longa-metragem)
Roman Polanski

sábado, 24 de outubro de 2015

023 - Perdido numa Ilha Deserta

Olá, amadinh@s de Tom!
Como estamos tod@s? tudo certinho? Oh, que bom saber, minim! Parabéns!!!
Sabem aquelas surpresas que a vida nos apronta? Aqueles momentos inesperados, onde uma informação inusitada pode resultar talvez num encontro de almas (Fui longe no devaneio, né? É efeito da novela...)? Enfim, a vida, esta marota, adora zoar com a nossa cara nos reservar novidades inusitadas ao longo dos dias! Algumas são legais; outras, nem tanto! Mas, se olharmos com bastante atenção, absolutamente todas elas nos ensinam algo novo! Basta que estejamos tod@s abert@s a aprender!
A obra de hoje tem tudo a ver com o que falo agora. Ela me apareceu de surpresa, me pegando completamente desprevenido - sim, este é mais um "post-fura-fila"... -, e fala justamente de aprendizado e reflexão.
Curios@s? Vamos aos trabalhos!

Fonte da imagem: http://vrnews.com.br/

Álbum: Ilha Desconhecida
Artista: Dabliu
Gravadora: Tratore
Data de lançamento: 20/09/2015
Esta semana, fui surpreendido em meu Facebook com um pedido de amizade de um certo Dabliu Junior. Intrigado, fucei o perfil dele. Cantor, com um álbum recém-lançado, parari-parará... a curiosidade imperava: de onde saiu este cabra a mim completamente desconhecido? Não lembro de ter visto nenhuma postagem ali que eu tenha curtido (nem mesmo por repostagem de alguém em comum - que não há), mas enfim, não importa. Eu vi um artista com uma obra recém-lançada e fui conferir. Sou desses!
Fonte da imagem: http://www.emcartaz.net/

Foto por Erick Reis.
Não posso traçar comparativos de Ilha Desconhecida com a discografia anterior de Dabliu, porque eu não procurei (ainda). Este álbum é realmente a primeira impressão que tenho dele. O que sei dele, vi em seu press release: ele é um cantor-compositor (creio que curitibano), de visual mezzo-hipster-mezzo-Renato Russo, tem dez anos de carreira, e carrega no currículo um disco ("Sobre os Ombros de Gigantes", de 2012) e um EP ("Quando Eu Tiver 70 + Ela e o Vendaval", de 2014) já lançados em carreira-solo, quando ele ainda assinava Dabliu Junior e que agora, logo após o lançamento deste álbum, ele embarcou para uma temporada na Inglaterra.
De primeiro, fiquei impressionado com a beleza plástica da capa do disco. O rosto do cantor "rasgado", a revelar uma nebulosa. Convite a decifrar o mistério, depois de me certificar que uma corrente não vai sair do buraco negro. "Desconhecida a vida se move. Desconhecido o amor se desfaz e refaz." são as primeiras palavras pronunciadas, abafadas por uma parede de som feita por vozes. E a partir daí, Ilha Desconhecida se estabelece: é um tratado sobre a solidão e o isolamento. A Ilha Desconhecida é o próprio Dabliu (ou "no fundo, essa ilha é toda a gente", ele tenta despistar). Seria ele desconhecido de si mesmo? No fundo, quem não é? Quantas vezes não sabemos responder à temida pergunta "quem sou eu?", ou sabemos e nos surpreendemos quando fazemos algo fora de nossa própria "auto-delimitação".
Fonte da imagem: http://elosculturais.com/

Digam aí - ele não lembra mais o Renato Russo do que eu? Foto por Erick Reis.
Explorando esta Ilha Desconhecida, somos levados por Dabliu a faixas que passeiam por ritmos africanos e brasileiros adornadas por intricados arranjos vocais (acho que eu já disse em algum canto que adoro o efeito carpenteriano da parede de som), sons processados eletronicamente e vários tipos de batuques, que proporcionam momentos até mesmo dançantes. Mas por baixo da agitação entre sambas e rodas, há uma melancolia que oprime, fica a queimar no fundo à espera do momento de "explodir" - o que ocorre nos momentos em que a letra vem à frente da baila. Ao final de "Gaia", a penúltima faixa (onde ele desafia: "não vão me separar de mim!"), já dá vontade de correr pra abraçá-lo bem forte e dizer "tudo vai ficar bem, cabra!".
Por falar nas letras, Dabliu me apresentou seu “caderno do desassossego”, onde vi uma sintonia fina entre o que está ali postado e as letras desta Ilha Desconhecida - o que indica que as suas letras são coisa personalíssima, de um artista com necessidade de autoexpressão. Aliás, a expressão também se estende à linguagem audiovisual: A faixa "Na Véspera do Tempo" ganhou um clipe que serviu como teaser do álbum. Logo veio o videoclipe de "Viajante", onde ele se apresenta como uma parte do fio em uma máquina de tear (ou seria uma Björk a construir seu casulo?), algo como uma transformação interna particularmente dolorosa a rolar... como crescer.
Fonte da imagem: https://mylolleepop.wordpress.com/

Ele, caçador dele mesmo.
Ainda escutarei o restante de sua discografia. Não sei o que encontrarei. Só sei que espero que nas chuvas londrinas ele encontre o sol.

VEJAM TAMBÉM!
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"O Morro dos Ventos Uivantes"
(romance)
Emily Brontë
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"Chicago"
(longa-metragem)
Rob Marshall

terça-feira, 20 de outubro de 2015

022 - Eu Conheço um Lugar Legal, Onde o Gim É Frio, Mas o Piano É Quente!

Hoje é mais um dia especial: um dia de encontro de dois dos trigêmeos: a Discoteca e a Filmoteca se encontram, hoje. Então, creio que não há nada mais justo para a ocasião que falar de um filme e sua trilha sonora. Melhor ainda, falar de um dos meus gêneros favoritos: o musical! Nem me torçam o nariz, eu estou vendo!!!
A primeira vez real que eu me dei conta de que AMO musicais foi ao sair, junto com meu irmão, da sala do extinto Cine Cidade, onde uma explosão de pretos, vermelhos, super troupers e muita purpurina invadiu meus olhos pela tela de projeção, acompanhados de muito jazz e vaudeville. Cantarolei as canções durante dias a fio, torci no Oscar feito um louco e, assim que tive dinheiro e acesso a chance, comprei a trilha. E canto e danço no quarto, no banheiro e no chuveiro praticamente direto ouço sempre que tenho vontade. Este filme foi Chicago. E dele, deixo para falar na Filmoteca.
Hoje, tem musical, sim! E se reclamar, ponho só musicais aqui até o ano que vem! Vlw flwz! Papai ama vocês!
E vamos aos trabalhos!

Fonte da imagem: https://en.wikipedia.org/

Álbum: Chicago: Music from the Miramax Motion Picture
Artista: Vários
Gravadora: Epic/Sony Music
Data de lançamento: 19/11/2002
Fonte da imagem: https://jasoninhollywoodland.files.wordpress.com/
Trilhas de filmes musicais que vêm de espetáculos teatrais raramente oferecem surpresas, afinal, a obra está praticamente pronta. O grande mistério, aqui, residia em saber como se sairiam as vozes do elenco no ambiente hermético do estúdio fonográfico (raramente as performances vocais que aparecem na tela grande são as mesmas que figuram num álbum - e este álbum não é exceção). Claro, também se busca conhecer melhor as inevitáveis faixas novas (especialmente em se tratando de um filme de um grande estúdio, feito para ter potencial em premiações). Chicago, em sua maior parte, não decepciona!
Das profissionais do ramo, não se esperava menos que brilhantismo - e Catherine Zeta-Jones e Christine Baranski entregam com gosto - especialmente Baranski, presa numa personagem de apenas duas linhas de música! Como metade do álbum é seu, Zeta-Jones fica praticamente obrigada a brilhar - ainda bem que ela não fugiu do desafio e mostrou ao resto do pessoal como é que se faz a coisa!
Fonte da imagem: http://www.people.com/
Queen Latifah, embora já tenha cantado refrões e até canções inteiras antes em sua carreira como rapper, nunca havia se aventurado longe do hip hop. E se deu muito bem, porque "When You're Good to Mama" é um vôo muito longe de tudo o que ela já fez, e "Class" é a melhor faixa do álbum - e lhe abriu a possibilidade de uma carreira musical paralela como cantora de jazz.
Eu não sei nem o que dizer sobre Richard Gere (talvez porque falar mal dele seja o mesmo que bater em filhotinhos). Não sei se o problema é a voz dele ser muito esganiçada, não sei se é o fato das músicas de Billy Flynn não serem tão boas quanto as das personagens femininas (ou mesmo melhor que a "Mr. Celophane" de Amos Hart), ou um combinado das duas. O fato é que as canções dele só são escutadas obrigatoriamente como modo de entender a história através do disco. Como obras fechadas em si, melhor pular todas.
Fonte da imagem: http://www.playbill.com/
Renée Zellwegger surpreendeu. Após a cena quase antológica de Bridget Jones, aceitar o papel principal num musical chamou as cobranças atenções todas para si. E mesmo com uma voz menor, ela conseguiu convencer. Roxie não precisa ter o mesmo vozeirão ou técnica de Velma, já que ela não tem o treino, nem está no mesmo nível dela. Eu fiquei realmente animado com a voz dela e o potencial mostrado - até a sua recusa em cantar no Oscar, que veio como um balde de água fria: Renée Zellweger é mais um milagre de estúdio - e ainda há relatos de que ela não consegue dançar nem a Macarena...
Discutamos as canções novas: "I Move On" (a canção que foi roubada em todas as premiações a que concorreu e perdeu) traz uma performance legal de Renée, e uma estupenda de Zeta-Jones. Escrita pela mesma dupla que compôs o livreto teatral (John Kander e Fred Ebb), tem uma letra ótima, e retrata bem o espírito das protagonistas - e pode servir a qualquer pessoa resiliente - o problema foi juntar Zellweger e a sra. Douglas na mesma canção: Renée acabou engolida, a pobre.
Fonte da imagem: http://encorentertainmnt.blogspot.com.br/
As suítes de Danny Elfman adornam legal o clima do filme e a "porção instrumental" dos álbuns de trilha sonora de filme. Agora, as duas últimas do CD são problemáticas. A releitura de "Cell Block Tango" feita por Queen Latifah tenta atualizar a letra com novos crimes, um grito feminista e uma pegada mais 2002 - além de deixar o tango apenas no título e se jogar no seu hip hop de origem, acompanhada de Lil' Kim (fresca do sucesso que foi "Lady Marmalade") em mais raps e Macy Gray cantando o refrão (meio incompreensível, visto que Latifah provou mais cedo no álbum ter um gogó bem mais potente.
Fonte da imagem: https://vimeo.com/
"Love Is a Crime" parece aquelas mentiras contadas pelas presidiárias contam nos tribunais orientadas por Billy Flynn. A roupagem mistura o puro bubblegum pop com instrumentos de sopro que lembrem algo de vaudeville (tentativa meio falha), e uma Anastacia gritando CHICAGO a três-por-quatro, pra lembrar que a música é para o filme. Embora nenhuma das duas seja ruim, nenhuma das duas é boa, ou espetacular. São desnecessárias (o que é algo broxante para finalizar um álbum). Ainda assim, "Love Is a Crime" virou single (apenas nos Estados Unidos, devido ao câncer de mama que atingiu Anastacia), e a regravação de "Cell Block Tango" ganhou um videoclipe estiloso.
Fonte da imagem: http://www.digitalspy.co.uk/

Ra-ta-ta-tá!
Chicago é daqueles álbuns que ouvimos e ficamos nos perguntando "como será que conseguem cantar e dançar isso ao mesmo tempo?". As músicas são vigorosas, exigem vocais potentes e as coreografias do finado Bob Fosse são fisicamente extenuantes, para dizer o mínimo. Mas isso provavelmente pouco importa a você, car@ leitor@ ouvinte! Basta saber que aqui há um ótimo disco com muito cabaret jazz, letras cheias de veneno, performances (em sua maioria) de alto calibre e muita, muita diversão! Quem disse que o crime não compensa?

Grammy Awards 2004:
Melhor Álbum de Trilha Sonora para Filme Cinematográfico, Televisivo ou Outras Mídias Visuais (Joel Moss e Dan Hetzel [engenheiros de som/mixadores]; Randy Spendlove e Ric Wake [produtores])
Melhor Canção Escrita para Filme Cinematográfico, Televisivo ou Outras Mídias Visuais (Fred Ebb e John Kander, por "I Move On") - Vencedores: Christopher Guest, Eugene Levy e Michael McKean, por "A Mighty Wind" - filme "A Mighty Wind"

VEJAM TAMBÉM!
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"O Morro dos Ventos Uivantes"
(romance)
Emily Brontë
Filmoteca

"Rainbow Brite e o Roubo das Estrelas"
(longa-metragem animado)
Bernard Deyriès e Kimio Yabuki

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

021 - Brilha, Brilha, Estrelinha...

Olá, amadjenh@s de Tom! Bom dia, boa tarde, boa noite, boa madrugada, boa qualquer-hora-do-dia-ou-da-noite!!!
Esta última postagem me esgotou! Foi prazerozíssima de fazer, mas me deixou esgotado como nunca em minha vida blogueira, gente! Ainda assim, a resposta ao post foi tão positiva que valeu a pena tudo! Fico muito feliz que vocês tenham gostado e recomendado a@s amig@s! A Turma do Balão Mágico já figura entre as postagens mais populares deste blog, junto às em que falamos sobre Tony Maciel, Gabriel Duarte, nosso campeão Gustavo Guri e - oh, céus - Gretchen!
Por favor, continuem fazendo isso, eu quero que tanto a Discoteca quanto a Filmoteca e a Biblioteca aumentem - e muito - o seu público!
Bem, o que podemos dar de dica sobre a obra de hoje?
Ficar apaixonad@ é bom, né, gente? Aquela sensação leve, de ser capaz de flutuar quando se está junto àquele ser especial, a saudade de esmagar nosso peito nos períodos de afastamento e toda a baboseira brega que se diz e faz... Se você não consegue enxergar mais nada objetivamente na vida e tem um pensamento fixo em alguém... caríssim@ leitor@, você está lascad@ apaixonad@!
E é tudo o que posso dizer, por ora - vamos aos trabalhos do dia!

Fonte da imagem: https://en.wikipedia.org/

Single: Cry
Artista: Mandy Moore
Gravadora: Epic/Sony Music
Data de lançamento: 04/11/2001
Amanda Leigh Moore, ex-Adams, Mandy foi lançada pela Epic nas carreiras após na esteira do sucesso de Britney Spears e Christina Aguilera. Com o som completamente igual e o timing descaradamente próximo, comparações entre elas foram inevitáveis (também com outra "princesa pop", Jessica Simpson). Mas sendo uma cria de musicais e com inclinação para o folk, não demoraria para que Moore se cansasse e quisesse liberdade do pacote - e com seu segundo álbum, auto intitulado, ela se tornou a primeira das "princesas" a quebrar o molde... em partes. Como nunca foi, lá, grandes vendedoras, ela nunca teve muita atenção da gravadora - portanto, tinha maior liberdade de ação. Mas mesmo investindo em texturas orientais, arábicas e em grooves mais eletrônicos, Mandy Moore não afastou "Mandy Moore" demais do bubblegum pop inicial.
Fonte da imagem: https://en.wikipedia.org/

Cantando no Grammy Museum.
Mas voltemos ao foco: de "Mandy Moore", saíram três singles. O terceiro deles, embora não o mais bem-sucedido de imediato, ganhou status de coisa cult, vindo a ser uma das canções mais conhecidas da carreira de Mandy Moore: Cry.
Fonte da imagem: http://www.fotolog.com/shane_westtt/

Vendo aquelas embaraçosas fitas caseiras...
Cry fala de uma garota que achava seu namorado um cara insensível, até o dia em que o viu chorar (Você estava sozinho a fitar o céu cinzento, eu fui mudada...).
Cry não foi um sucesso grandioso nos Estados Unidos quando o single foi lançado pela primeira vez. Mas quando "Um Amor para Recordar" foi lançado, a canção ganhou momentum - se tornou um dos clipes mais pedidos da MTV estadunidense, e foi um sucesso estrondoso pela Ásia e moderado em partes da Europa. Aqui no Brasil, passou em brancas nuvens.
Fonte da imagem: http://tlciscreative.com/

Divando entre as estrelas.
Como a canção se assemelha muito com o roteiro de "Um Amor para Recordar" (do qual Moore é protagonista), Mandy fez campanha para sua inclusão na trilha sonora - e após conseguir, foi fácil lançar o single na mesma época do filme para capitalizar e promover tanto o filme, sua trilha sonora e "Mandy Moore", o álbum para o qual a canção foi originalmente gravada.
Fonte da imagem: http://lyricstraining.com/

Pequeno momento e propaganda descarada no clipe.
O videoclipe de Cry, dirigido por Chris Applebaum, é muito bonito e bem produzido. A equipe foi inteligente o bastante para montar um enredo que casasse com a história do filme - aliás, parte do elenco e os cenários estão lá, que fizesse propaganda tanto do filme quanto dos dois álbuns que o single promoveu e ainda ter ótimas tomadas de Mandy. Sem entregar spoilers, podemos dizer que o clipe mostra o ator Shane West a encarnar Landon Carter (seu papel no filme) saindo com amigos e disfarçando uma enorme fossa, que se revela quando ele está só em seu quarto - enquanto Moore canta glamourosa, num céu cheio de estrelas. Simples, eficiente e lindo.
Fonte da imagem: http://buhbyeblackbird.tumblr.com/

Estou na fossa, Mindêxe!
O lado B do CD traz uma outra canção da trilha do filme, mas com múltiplos links: "Someday We'll Know" é regravação de uma original dos New Radicals - que também emplacaram uma outra música na trilha do filme. Aqui, Mandy faz dueto com Jon Foreman, vocalista e compositor principal da Switchfoot, banda de rock cristão que não apenas emplacou quatro canções na trilha, como teve uma delas, "Only Hope", interpretada por Mandy Moore, tanto na película e na trilha sonora. As vozes de Moore e Foreman aqui casam perfeitamente, como se Gregg Alexander tivesse feito esta para ser um dueto. O arranjo não inovou nem diferiu muita coisa do original, nem precisava. A canção original já veio redondinha para eles simplesmente cantarem.
Fonte da imagem: http://alterportal.ru/

Mira esse telescópio pra uma estrela de verdade, rapá!
Curioso... ainda esta semana, ao visitar o blog de um amigo, comentei que amor e romantismo são doenças - mas que quase toda criatura sã que eu conheço estranhamente quer ficar doente. Cry é daquelas baladas gostosas de cantar no banho ou no carro - se você estiver indo a algum destino especialmente romântico. É pra quem não tem medo de parecer brega, MESMO! Que nem gente doente dessa tal paixão, já notaram?
Fonte da imagem: https://hausofhotter.files.wordpress.com/

Brilha, brilha, estrelinha...
No meu caso, eu já passei esta semana inteira cantando música infantil, não preciso ter medo de parecer brega! E você?

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"Rainbow Brite e o Roubo das Estrelas"
(longa-metragem animado)
Bernard Deyriès e Kimio Yabuki

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

020 - Superfantástico!

BOM DIA! BOA TARDE! BOA NOITE! BOA MADRUGADA! BOM QUALQUER HORÁRIO QUE VOCÊ ESTIVER VINDO AQUI!!! BEM-VIND@ A ESTA POSTAGEM ESPECIAL NA MINHA, NA SUA, NA NOSSA DISCOTECA!!!
Puxa vida, eu ainda estou a me recuperar da loucura que foi a enquete que fiz com vocês! Foi realmente um dia bem interessante na minha vida, ha ha ha!
Primeiro, acho que é válido, explicar a quem não participou: no dia 07 de outubro, eu abri uma enquete no meu Facebook, deixando que vocês decidissem quem figuraria hoje na Discoteca: Trem da Alegria ou A Turma do Balão Mágico. Como meio de cortesia, divulguei primeiro entre vocês, leitor@s e comentaristas fiéis via inbox. Depois de algumas horas, abri a enquete para o público, tanto no Facebook quanto em meu Instagram.
Só Deus sabe toda a sorte de trolladas e zoeira que está enquete virou! Como eu adoro uma zoeira, também... Deixei! E me vi com a TV Colosso se mostrando uma concorrente fortíssima - tanto que, quando divulguei o resultado final, a maioria d@s votantes quis mudar seus votos para Priscila, Gilmar e companhia!
Houve inclusive uma embaraçosa correção na contagem dos votos por parte deste que vos escreve - a vitória d'A Turma do Balão Mágico foi muito, muito apertada - tanto que eu confundi um voto e o resultado, por algum tempo, foi um empate com o Trem da Alegria.
Enfim, após a confirmação, veio o drama: sobre qual obra falar? Falando apenas de música (vamos falar do programa mais à frente neste post), A Turma do Balão Mágico teve três formações que gravaram e lançaram álbuns, e acredito que todas elas merecem um espaço aqui. Então, escolher um álbum específico seria como negar às outras formações a sua importância na história do grupo.
Ao final, encontrei aqui, mesmo, na minha casa, algo que julgo ser uma solução relativamente satisfatória. Simbora, crionças!!!

Fonte da imagem: http://blogdodanielskiter.blogspot.com.br/

Álbum: A Turma do Balão Mágico
Artista: A Turma do Balão Mágico
Gravadora: Columbia/Sony Music-BMG
Data de lançamento: 2013
A Turma do Balão Mágico foi um fenômeno! Não há outro termo para explicar o sucesso que aquele grupo de crianças fez na primeira metade dos anos 1980. Foi uma sacada de gênio: com o sucesso de empreitadas como a gravação do elenco da peça "Os Saltimbancos", dos filmes d'Os Trapalhões e especialmente d'"A Arca de Noé", alguém pensou em colocar CRIANÇAS PARA CANTAR PARA CRIANÇAS! E a resposta do público foi imediata e estrondosa.
Fonte da imagem: http://www.edgardpocas.com.br/
Claro que nem toda a vontade do mundo e todo o talento das crianças seria suficiente se não houvesse um cérebro e um talento sensível a guiar todo o conjunto. O maior responsável pelo fenômeno Turma do Balão Mágico atende pelo nome de Edgard Poças. Nome já consagrado, com prêmios nacionais e internacionais por seus jingles e com nomes como Baden Powell, Edu Lobo, Francis Hime, Elizeth Cardoso, Norma Bengell, Odette Lara, Paulo Autran, Susana de Moraes e Vinícius de Moraes em seu curriculum vitae, Poças tinha o nome, o prestígio e o talento que a CBS (hoje, Columbia) buscava para seu novo projeto.
Ao ser convidado para fazer o repertório que seria gravado pela Turma do Balão Mágico em seu primeiro disco, ele jamais imaginou que as canções estrangeira que a gravadora lhe enviaria para versar acabariam por lhe tomar quase toda a década de 1980. Quando "A Galinha Magricela" estourou nas rádios do país do dia para a noite, o Balão deixou de ser um simples projeto para se tornar algo muito maior e Edgard se viu letrando mais canções estrangeiras para o elenco infanto-juvenil da CBS (como Dominó, Angélica, Jairzinho & Simony) e até de fora (Xuxa, Menudo, Polegar, Eliana etc.). E com liberdade para composições próprias, tanto para o Balão (que raramente as utilizava por pressão da gravadora), como pelos nomes consagrados: Tim Maia, Simone, Erasmo Carlos, Moraes Moreira, Gal Costa, Mônica Salmaso, Léo Jaime, entre tantos outros. A Turma do Balão Mágico foi bem além d'"A Arca de Noé" e lançou um enorme filão - que demoraria uma década para arrefecer. AH! Quer outra informação legal? Além de tudo isso, ele também é o pai da Céu!
Fonte da imagem: http://gazetaonline.globo.com/
Falar dos integrantes do Balão torna obrigatório começar pelo seu nome mais famoso: Simony Benelli Galasso. A líder inconteste do Balão vem de família circense, e começou muito cedo: já aos três anos, ela era um protótipo com talento da menina Maísa no "Programa Raul Gil", e alguns anos depois a CBS a convidou para um projeto junto a Tob. Com o álbum quase completo, chegou Mike. E nasceu A Turma do Balão Mágico. Formação vai, formação vem, e Simony foi o único membro original a permanecer no grupo até o fim.
Após o fim, formou dupla com Jairzinho e experimentou um breve revival em popularidade. Com o final da dupla, veio a "inevitável" carreira-solo (puxado pelo sucesso que foi o assassinato a versão de "I Should Be So Lucky", de Kylie Minogue). Ao mesmo tempo, a televisão a chamou de volta - primeiro na finada Manchete (onde foi eventualmente substituída por Angélica); depois, na emissora de Silvio Santos!
Na metade dos anos 1990, Simony retornou com um N a mais em seu nome e uma série de hits - curiosamente, todos regravações de canções que estouraram em ondas brasileiras nos anos 1980: "Primeiros Erros (Chove)", de Kiko Zambianchi; "Quando Te Vi", versão de Ronaldo Bastos (gravada por Beto Guedes) para "Till There Was You", de Meredith Wilson (que eventualmente virou um hit para os Beatles no início da década de 1960); e "Certas Coisas", obra de Lulu Santos. Infelizmente, sua carreira-solo, tão promissora, estagnou e esmaeceu. E logo Simony (já nos anos 2000 assinando Symony) se viu mais conhecida por suas experiências pessoais (e eventuais ensaios para revistas masculinas e candidaturas políticas) que pela atividade que um dia a tornou célebre. Ainda assim, seus lançamentos, mesmo que bissextos, conseguem vendagem expressiva por parte de um público cativo. Atualmente, já voltando a assinar seu nome como na carteira de identidade, ela deixou o pop um pouco de lado e voltou para o público infantil - e parece que a mudança tem sido a medida mais acertada.
Fonte da imagem: http://ego.globo.com/
Vimerson Canavilla Benedicto foi o primeiro a entrar no Balão, tendo uma experiência prévia como modelo e ator de comerciais e cantando em programas de calouros. Aparentemente, foi o único que entrou sem convite - teve que fazer teste na gravadora. Assim que ganhou sua vaga, a gravadora já foi lhe apelidando de Tob, por achar que as crianças são muito estúpidas e não saberiam falar "Vimerson".
Ele já era bem mais velho que Simony e Mike (era um rapazinho de 11 anos com uma menina de 5 e um menino de 8), mas como não era muito grande e era um cantor muito melhor que os outros dois, "dava pra passar", e ficou cantando os vocais principais de quase todas as canções - isso até 1985, quando a puberdade chegou e acabou com a festa cobrou seu preço: a CBS o retirou da banda quando ele estava com 14 anos, substituindo-o por Ricardinho. Sua última participação no grupo foi uma gravação de "A Banda", clássico de Chico Buarque para o álbum "Grandes Nomes da MPB Especial", onde sua voz simplesmente não se encaixava, mais, com os companheiros de grupo.
Após seu afastamento relativamente brusco, Tob gravou um EP em carreira-solo, mas a repercussão foi próxima do zero. Então, ele partiu para sua outra paixão: o futebol. Atuou como centroavante no time juvenil do Palmeiras, mas desistiu após duas temporadas e foi estudar Rádio e TV, onde descobriu o teatro. Formou-se ator profissional, e fez, também, o curso de cinema Fátima Toledo - vindo a participar de várias peças teatrais (algumas fora do Brasil), comerciais de TV e alguns curta metragens.
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Michael Biggs (ou Mike) é filho dum cabra famosérrimo: ninguém menos que "o ladrão do século" (XX): Ronald Biggs, o homem inglês que assaltou o Trem Pagador. Ele fugiu da prisão e viveu foragido em vários países, antes de se "estabelecer" no Brasil, onde encontrou sua companheira e gerou o seu garoto. O que Ronald não esperava era voltar aos noticiários por ser seqüestrado! "E o que o Balão tem a ver com isso?", me perguntam vocês, leitor@s ansios@s - e eu respondo agora: Mike apareceu nos noticiários a chorar, pedindo pela devolução de seu pai - e chamou a atenção dos produtores da CBS, e ganhou sua vaga junto ao grupo que já tinha Simony e Tob. No primeiro álbum, ele tem uma canção-"solo": "Oh, Suzana!" - porque é a única que ele sabia. O resto do disco o relegou ao coro.
Eventualmente, ele sofreria do mesmo mal de Tob: a puberdade. E teria o mesmo destino: a CBS o cortou da banda logo após a finalização do álbum de 1986, o substituindo por Marcelinho - se bem que o grupo já estava agonizante, nem deve ter feito tanta falta, imediatamente.
Após o fim do Balão, Mike largou o show business. Eventualmente, Ronald ficou velhinho e viu a situação do SUS teve uma crise de consciência, e resolveu pagar sua dívida com a sociedade inglesa e retornar para cumprir o resto do tempo de cadeia. Toda a família o acompanhou à Inglaterra. Lá, ele e sua companheira casaram civilmente e Mike conseguiu obter a cidadania britânica. Hoje, Mike voltou a tocar e atua como empresário.
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Jair(zinho) Oliveira entrou num bem branco Balão em 1984, após o lançamento do segundo álbum, graças à sua participação num show no Maracanã, onde ele deveria se apresentar com Pelé, mas acabou se apresentando sozinho, e levando o público no bolso. Ajudou também um fator semelhante ao de Mike: seu pai. A diferença é que o pai de Jairzinho é um ícone da MPB: Jair Rodrigues. E como dizem que "filho de peixe, peixinho é"...
Ele ficou numa posição curiosa na banda: gravava os discos, aparecia no programa, mas nunca saiu em turnê junto com Tob, Simony e Mike. Ele apenas viria a assumir as canções "mais românticas" com a garota - e também a maior parte dos solos - e entrar no palco quando Tob foi posto para fora do grupo pela gravadora, no segundo semestre de 1985.
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Depois de enterrar de vez o Balão com o fim da dupla com Simony, Jairzinho formou a banda Jairzinho e a Patrulha do Barulho com a irmã Luciana, Cinthya Rachel (sim, salabim, a Biba do "Castelo Ra-Tim-Bum"!) e Vânia Estela. Mas logo largou tudo e foi estudar música nos Estados Unidos. Então, chegou a época do ressurgimento: Jair largou o "zinho", adotou seu sobrenome e se tornou, de longe, o membro mais bem-sucedido artisticamente do Balão. Mesmo com duas sombras grandes em suas costas, ele cavou um nicho para si e fez seu nome, hoje circulando livre como produtor, compositor e cantor de sambas, jazz, MPB, R&B, pop e até livros infantis musicados - tanto para si como para os mais variados artistas (sua irmã entre eles). Aliás, mais digna de nota é a inclusão em seu currículo foi seu papel crucial no estabelecimento da gravadora Trama como uma fonte de lançamentos musicais de qualidade na cena brasileira, graças à sua produtora S de Samba trabalhar com quase todo o elenco. Aliás, a S de Samba viria a se tornar um selo independente alguns anos depois. Vão achando que o rapaz é fraco!
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Luciana Mello entrou no programa já em 1986, no "início do fim". Não gravou nenhuma música para um disco, nem chegou perto de algum palco com a banda - sua experiência musical ficava a cargo de encantar o público dos shows de papai Jair - ou seja: a CBS mongou geral em deixar essa menina passar.
Após o fim do Balão, Luciana continuou a gravar e cantar com o pai e se juntou a Jairzinho na Jairzinho e a Patrulha do Barulho. Com o fim desta nova banda, ela também foi estudar música nos Estados Unios; mas, ao voltar, se jogou na noite paulistana e foi fazendo seu nome como cantora e dançarina. Quando deu por si, já estava no elenco da Trama sendo produzida por seu irmão e com uma música nas rádios do sudeste brasileiro.
Luciana nunca estourou como Simony e sempre voou um tanto "fora do radar"; mas quietinha, a filha mais nova de Jair Rodrigues se firmou como uma das divas da música brasileira. Passeando pelos mais variados ritmos negros (disco, samba, roda, e especialmente o R&B) - até mesmo flertando de leve com a música eletrônica, ela também fez seu nome devagar e sempre - só lhe falta um grande hit para cimentá-la de vez no imaginário coletivo brasileiro. Claro, ela emplacou "Simples Desejo", "Assim que Se Faz" e "Prazer e Luz", mas nenhuma das três foi um sucesso estrondoso pelo país inteiro como os singles noventistas de Simony, por exemplo. Mas sua atitude mais serena indica que ela não está desesperada atrás de um #1 nas paradas. Atitude muito legal de uma artista que sabe o seu valor e seu tempo.
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Luciana Benelli foi mais uma que entrou para A Turma do Balão Mágico via laços familiares - mas, desta vez, um bem mais direto: é prima de Simony. Assim como a outra Luciana, ela nunca gravou um disco, nem saiu em turnê - retifico-me: ela participava dos shows que ocorressem aos fins-de-semana e na Grande São Paulo. Sua participação era resumida à televisão - onde entrou ainda em 1984, substituindo a prima durante as férias, e lá permaneceu, mesmo após sua volta. Mas mesmo antes de aparecer no programa, ela já tinha uma "vida própria" como artista: um EP com algumas músicas de gosto, digamos, "pitoresco" (sério, uma das canções se chama "Eu Quero Fazer Pipi, Papai"!!!), foi lançado em 1984.
Após o fim do programa, ela largou a vida artística e foi ser uma criança comum. Atualmente, se tornou mãe de família e trabalha em uma clínica.
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Galera, eu não consegui nenhum informação sobre Ricardinho nem sobre Mauricinho. Fica aqui o apelo: quem tiver alguma informação, por favor, dá um help aqui, nos comentários, beleza? Ficarei eternamente grato (e, óbvio, vamos divulgar a informação com fonte, porque eu só tenho isso pra oferecer, mesmo)!

Infelizmente, com a saída de Tob, parece que o público foi perdendo o interesse na Turma. Os discos já não vendiam essas maravilhas (alguém, por acaso, se perguntou a razão de NENHUMA canção do álbum de 1986 figurar nesta coletânea? Não é pelo álbum ser ruim - mas que é ruim, é, sim!, ou pelo o álbum ser um produto Somlivre não pertencer à Sony-BMG: é por ele ter "encalhado" nas prateleiras - se alguém considera 500 mil cópias vendidas como "encalhe"!), os remanescentes (junto com o novo integrante, Ricardinho) também foram crescendo muito rápido para a gravadora, e seu programa na Globo estava prestes a ser cancelado e ceder espaço para um novo fenômeno, muito xou...
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Mike, Simony, Ricardinho e Jairzinho com os pais, segundo semestre de 1985
Mas enfim, falei muito na banda e não falei deste álbum! Trata-se de uma coletânea lançada pela Columbia em 2013 (e relançada todos os anos até aqui), com o mais puro desejo de capitalizar em cima satisfazer os corações saudosistas dos adultos que foram crianças na década de 1980 - e quiçá formar um novo público nas crianças da década de 2010.
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Mike, Tob, Jairzinho, Luciana e Simony no programa de TV, 1984
Os grandes sucessos são obrigatórios neste tipo de lançamento: aqui se encontra "A Galinha Magricela", "Superfantástico", "Amigos do Peito", "Se Enamora" e "Ursinho Pimpão". Clássicos como "Baile dos Passarinhos", "Ai Meu Nariz!", "Bombom" e "O Trenzinho" também figuram aqui. A produção continua tão primorosa agora quanto era trinta anos atrás, e a remasterização das fitas só fez realçar o bom trabalho que Edgard Poças exigia dos produtores, dos pequenos intérpretes e também da gravadora. E o resultado é bem coeso, mal dá para saber que o disco cobre quatro álbuns e cinco crianças nas mais variadas formações se não olhar o encarte!
Como é certo neste tipo de lançamento, as ausências também se fazem sentir: "Barato Bom É da Barata" e "Não Dá pra Parar a Música" ficaram inexplicavelmente de fora. "É Tão Lindo" deve ter ficado de fora por conta de Roberto Carlos (duvido que haja outra razão!). As canções que não fizeram parte de álbuns ("A Banda", "Não Fique Tão Sério") também se encaixariam perfeitamente, aqui! Eu pessoalmente, acho que a CBS deveria ter dado uma chance ao álbum de 1986, sim, e buscado os direitos das jóias ali perdidas: "Roda Roda Pião" e a lindíssima "Que Cantam as Crianças". Imperdoável, mesmo, é a ausência da minha favorita, "Quadrinhas e um Refrão"! Ainda assim, as escolhas não deixam de formar um álbum correto, e não comprometem tanto assim o resultado final.
O álbum também traz um DVD com cinco clipes que rolaram na programação da Rede Globo - um deles é "Juntos", com participação da Baby do Brasil (então, Consuelo). Os clipes deviam ser o máximo naquela época; mas j]hoje, são só toscos, mesmo! Ainda assim, eles apertam aquele botãozinho maravilhoso do saudosismo, o que me faz dizer CINCO CLIPES, SÓ? ISSO É SÉRIO?
Eu fiquei meio incomodado em ler o encarte e não ver os nomes de Jane Duboc, ou do Castrinho inclusos entre as participações especiais das faixas, enquanto Djavan e o cientista político, proto-pai e salgadinho de festa infantil Fábio Jr. aparecem em CAPS LOCK - nem mesmo o do pobre Fofão foi lembrado! Pô, Sony-BMG, que feio!... Jane pode ser lembrada apenas como "a mãe do Jay Vaquer" pelos mais jovens, hoje em dia (embora eu duvide que ela se importe), mas ela tem vários sucessos em seu currículo. Cascatinha (o personagem que Castrinho encarnou no programa) e o Fofão foram os fiéis companheiros d'A Turma nos programas televisivos, e têm um bom nome fora deles até hoje (quer dizer...).
O álbum termina com o single da dupla Jairzinho & Simony: "Coração de Papelão". Posso dizer que: 1) era uma adição completamente desnecessária, e cortou todo o clima do álbum; 2) eu não gosto de "Puppy Love", a canção original; MAS também devo dizer que 3) é compreensível sua inclusão, pois esta canção colocou a duplinha e o bom nome da Turma nas boas graças do público novamente, mesmo que por pouco tempo; 4) para o bem ou para o mal, esta ainda é a melhor versão em português feita para "Puppy Love". Edgard Poças tinha o poder!
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Somos amigos, amigos do peito...
Eu, pessoalmente, redescobri A Turma do Balão Mágico com a chegada de meus piolhos: Nylana e Matheus. Em algum dia de brincadeiras na sala da antiga casa no Feitosa, minha mãe pôs o disco de 1985 (o primeiro sem Tob)... e meus piolhos AMARAM! Nylana, inclusive, pediu pra repetir o lado A do disco - será que ela se lembra disso? Mas enfim, foi ali, na altura dos meus 16, 17 anos de idade, que eu fui REALMENTE apreciar a obra dos infantes - na época, eu preferia o Trem da Alegria, porque eles dançavam e falavam sobre o que eu assistia e o que se passava comigo à época. Mas enquanto a maioria do material do Trem desbotou com meu crescimento, a inocência, os temas mais universais e a energia do Balão sobreviveram melhor ao tempo, e me cativaram a longo prazo.
O que tornou Edgard Poças o homem perfeito para A Turma do Balão Mágico foi sua sensibilidade para captar perfeitamente a ótica de uma criança pequena para questões cotidianas do mundo, e conseguir oferecer um raio de esperança também aos adultos pela vinda de melhores dias (especialmente num Brasil passando por um período político e econômico muito pior do que o que vemos hoje). Todas as canções cabem perfeitamente na boca de qualquer criança, e não fazem feio na boca de nenhum adulto. E as canções por ele selecionadas para a Turma adicionaram à aura de produto especial que eles até hoje carregam.
Esta coletânea serve como toda coletânea deve servir: uma introdução ao trabalho de determinado artista a um público novo, e um lembrete aos fãs do quão bom era (ou ainda é) o seu portfólio. É justamente a conferência do portfólio d'A Turma do Balão Mágico que estou a fazer neste momento!

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