quarta-feira, 30 de setembro de 2015

017 - Me Diga que Você Quer Algumas Velas para Pô-las no Escuro.

Bom dia! Boa tarde! Boa noite! Boa madrugada! Bom qualquer-horário-que-você-estiver-vendo-isso-aqui!!! Alegria, alegria, hoje é dia de post novo na minha, na sua, na nossa Discoteca! YAY!!!
Já falei que sou acometido por certa inveja quando vejo MiniTom tocando guitarra? Me dá vontade de aprender, também! Até o momento em que lembro dos dedos todos cortados ou das unhas enormes que alguns violonistas cultivam (que eu provavelmente jamais conseguiria manter). Mas é tão bonito... Quem sabe, um dia, eu não me anime, né?
Tem um certo tempo que eu não falo em artistas da minha terra, não é? Na verdade, nem falei tanto, assim! Foram apenas duas postagens, sobre o cabra fofo que é o Gustavo Guri e sobre o disco novo do Wado. Ando pensando em criar uma regularidade para trazer-lhes nomes alagoanos para a frente aqui na Discoteca - e também outros nomes nordestinos, por que não? Talvez um post por mês, ainda não sei. Mas me parece uma boa idéia, sim!
Aliás, ninguém falou muito coisa sobre Alagoas, após o segundo post. Fiquei a me perguntar se não foi porque eu falei sobre heresias, e coisa e tal, e tal e coisa... Será que fui muito duro? Peço desculpas a@s mais sensíveis, podem cometer suas heresias enviar seu feedback à vontade, gente! Eu prometo que não mordo muito forte! É através de questionamentos que a gente encara o desconhecimento, pesquisa e aprende coisas novas - portanto, vocês são importantes! Por favor, não deixem de me amar!
Enfim, por que não posso recomeçar a falar da arte de minha terra agora? Bem, ainda não será Djavan, Junior Almeida ou Hermeto Pascoal, AINDA! Eu gostaria, primeiro, de apresentar-lhes nomes que podem estar ainda no underground para tentar aguçar a curiosidade de vocês - mas valerá bastante a pena, podem acreditar! Quem vem comigo?
Seguindo!

Fonte da imagem: http://gabrielduarte.bandcamp.com/

EP: The Ninja Project
Artista: Gabriel Duarte
Gravadora: Popfuzz Records
Data de lançamento: 29/04/2013
Fonte da imagem: http://superamarelo.bandcamp.com/
Gustavo Duarte Rodrigues é um "cantor romântico e guitarrista" maceioense "típico crescido no Farol", atualmente residente em São Paulo. Hoje, faz parte de duas bandas: a primeira, a superbanda alagoana Super Amarelo - que lançou em 2014 seu primeiro álbum, "For Your Babies", junto com Marcos Cajueiro - da My MIDI Valentine - e Rodolfo Lima - da Baztian; a segunda, $H3 W4S A B0Y, também com Marcos Cajueiro. No meio tempo, ele lançou este projeto-solo de que falamos hoje.
Fonte da imagem: http://gazetaweb.globo.com/
The Ninja Project saiu pelo selo do coletivo alagoano Popfuzz, que tem a iniciativa mais que bacana de trazer ao público alagoano (quiçá, ao nacional e mundial) a força e o talento de artistas da própria terra - hoje, muita gente (inclusive Gabriel) saiu do selo do coletivo e formou um novo, o Gangue do Beijo.
O estilo de The Ninja Project lembra o princípio da fase experimental dos Beatles, e também tem um quê do primeiro álbum do Mika - numa escala bem mais abrandada. Todas as faixas são muito bem pensadas e se encaixam perfeitamente na voz um tanto suave de Gabriel. Minha preferida é a que abre os trabalhos, "Bears in Trance" - sou facilmente vencido por uma boa balada com trompete ou um saxofone... As outras faixas seguem a mesma linhas, até a final, “I Heard That You Will Write a Novel”, onde entram sintetizadores e os teclados e o baixo ganham mais peso, conferindo um clima algo sombrio.
Ao final, a gente já se pergunta "acabou?" - pois é. Não há fanfarras, nem grandes números. É um final não anunciado, como um ataque e sumiço de um ninja - ao menos, este "ataque" nos deixa querendo mais (o que é justamente o que um EP deve fazer seu ouvinte sentir)!
VEJAM TAMBÉM!
Biblioteca

"O Morro dos Ventos Uivantes"
(romance)
Emily Brontë
Filmoteca

"There's Good Boos To-Night"
(curta-metragem animado)
Izzy Sparber

sábado, 26 de setembro de 2015

016 - Não Me Tortures até Eu Ficar tão Louco como Tu!

Hoje é um dia que traz uma oportunidade especial - um dia em que coincidiu de tanto a Discoteca quanto a Biblioteca têm postagens novas para vocês! Então, surge uma oportunidade maravilhosa para buscar um livro legal e uma música que nasceu inspirada por ele - ou, quem sabe, um livro que tenha surgido de uma música legal. Poderia eu perder este tipo de oportunidade? MiniTom discorda - e eu concordo com ele!
Aliás, uma salva de palmas para a querida, doida e folgada Tânia Rosa, que sugeriu as obras certas para este dia especial! Estes posts são dedicados a você, amada!
Então, sem mais delongas, vamos tratar da música de hoje!

Fonte da imagem: http://www.katebush.com/

Single: Wuthering Heights
Artista: Kate Bush
Gravadora: EMI
Data de lançamento: 20/01/1978
Fonte da imagem: http://opasquindie.com/

Hello, Kate!
Catherine Bush é uma cantora da voz esganiçada de voz que lembra muito a da Tetê Espíndola que fez um enorme sucesso nos anos 1980 e pra quem vocês estão provavelmente pouco ligando atingiu status de deusa pop em sua Inglaterra natal. Para terem uma idéia do poder da mulher: aos 19 anos de idade, foi a primeira mulher a ter um single escrito por si (e sozinha) em primeiro lugar na parada britânica. De lá para cá, são vinte e cinco singles no Top40 britânico - quatro deles no Top10. Dez álbuns - todos Top10 (dois deles alcançaram o primeiro lugar). É a primeira mulher britânica a chegar ao primeiro lugar da parada de álbuns em carreira-solo, e a primeira mulher a estrear um álbum no topo. Quer mais? É a única artista, independente de gênero, a ter ao menos um álbum no Top5 britânico em cinco décadas seguidas! 13 indicações aos prêmios BRIT (uma vitória como Melhor Cantora Britânica em 1987), três indicações ao Grammy e vencedora de um prestigioso prêmio Ivor Novello em 2002 pelo conjunto de sua obra (ela também possui alguns outros regulares na estante). E, como a cereja do bolo, ganhou em 2013 a Comenda da Ordem do Império Britânico por seus serviços à música da Grã-Bretanha. Ela também é dançarina e mímica! Tá bom, ou querem mais?
Fonte da imagem: http://melodyandwords.com/
Bem, vamos à obra de que vim falar aqui, que é isso o que vocês querem ver de verdade, e é assim que tod@s nós ganhamos mais, não é mesmo? Podem cobrar, eu finjo que gosto!
Wuthering Heights foi inspirada no livro de mesmo título de Emily Brontë, aqui chamado "O Morro dos Ventos Uivantes" (já sacaram quem figura na Biblioteca, hoje?). A canção fala da relação de amor e ódio entre o casal principal: Catherine Earnshaw e Heathcliff ("Você era genioso tanto quanto eu era ciumenta"... "Como você pôde me deixar quando eu precisava te possuir? Eu te odiei, e também te amei!"). A letra utiliza várias citações de Catherine, tanto no refrão ("Deixa-me entrar! Estou com tanto frio!") quanto nos versos, onde encontramos a confissão de Catherine sobre "sonhos ruins na noite". Obviamente, a canção é cantada sob o ponto de vista de Catherine - basta notar que o refrão é sua súplica para que Heathcliff a deixe entrar no quarto pela sua janela. A cena é um primor, mas quem leu o livro - ou deu uma olhada primeiro na Biblioteca - sabe que Catherine é de fato uma companheira do Gasparzinho um fantasma, a clamar amavelmente por Heathcliff do além-túmulo. O refrão é específico de uma cena no início do livro, onde a "gelada" Catherine agarra a mão de Sr. Lockwood, o narrador do livro, pela janela do quarto, a pedir que ele a deixe entrar, para que ela possa ser libertada de seu purgatório pessoal através do perdão de seu amado Heathcliff.
Fonte da imagem: http://gifsgallery.com/

Durma com essa Cathy pegando no seu pé...
Fonte da imagem: http://gifsgallery.com/
A canção deu o tom do que viria a ser não apenas seu álbum de origem, "The Kick Inside", mas toda a carreira de Kate Bush: uma busca incessante por histórias longe de sua vida pessoal por fontes de inspiração (vale tudo: filmes, reportagens, acontecimentos com pessoas próximas, ou mesmo um livro, como neste caso). Musicalmente, é artsy-fartsy até as horas quase deliberadamente excêntrica, plena de demonstrações de conhecimentos de construção musical e lírico, pisando em territórios não usuais ao pop corrente nas rádios da época (e ainda não usuais até hoje) - mas ainda assim acessíveis ao ouvinte - o que a torna um artigo único no mar de "coisas fáceis ao ouvido" por onde a música comercial navega. Instrumentos não convencionais no pop, como a celesta, se juntam ao piano para estabelecer o clima de uma noite gélida, e à voz semi-operática de Bush para retratar o espírito de uma mulher condenada a vagar pela charneca até se reunir com seu amado. Dois versos mantêm o ritmo antes uma orquestra de cordas entrar na música para fazê-la decrescer na ponte, estabelecerendo a tensão do momento, e arrebatar em seu refrão. Ao final, as guitarras de Ian Bairnson demonstram todo o desespero de Catherine.
Fonte da imagem: http://gifsgallery.com/

Falem o que quiser, mas foi esse clipe que me fez ter medo de Kate Bush!
Wuthering Heights ganhou dois videoclipes. O primeiro me fez me cagar todinho de medo segue bem o conceito da canção e da parte do livro à qual a letra se refere. Há algo no contorcionismo Cirque du Soleilzístico na coreografia, junto ao figurino (um vestido branco muito longo) e ao cenário (fundo negro com luzes no alto e fumaça de gelo seco no chão) que evocam algo fantasmagórico e sombrio. O segundo clipe foi feito para o público externo à Europa, que, como este que vos escreve, é menos dado a materiais que desafiem demais seu coração. A coreografia permanece praticamente inalterada, mas agora, Kate Bush incorpora Catherine Earnshaw vestida de vermelho e com maquiagem pesada (que lhe tira um pouco o peso fantasmagórico, mas não o senso de perigo), e no ambiente externo, em uma charneca que lembra as terras de Yorkshire, onde se passa a história de Emily Brontë (se não forem as próprias). Pessoalmente, não sou fã dos vídeos, e nem é por eles serem habitués do "Piores Clipes do Mundo"... é por simplesmente não serem de meu gosto particular. Mas sou obrigado a reconhecer dois fatos: 1) ambos os clipes refletem bem a atmosfera da canção e do livro de onde e inspiração partiu; e 2) ambos os clipes são dignos de muitos, MUITOS gifs!
Fonte da imagem: http://gifsgallery.com/

Essa mulher deve ser do elenco de algum filme oriental de fantasmas, só pode!
Fonte da imagem: http://gifsgallery.com/
A capa do compacto chama a atenção pela linda arte - é algo raro, visto que a maioria dos singles não tem este cuidado por parte tanto de artistas como das gravadoras. A imagem de Bush agarrada em uma enorme pipa faz alusão à faixa do lado B: "Kite" - mais uma faixa escrita e composta por Kate Bush, que também faz parte de "The Kick Inside", e é bem mais acessível lírica e musicalmente que a canção principal (embora por isso mesmo não tão charmosa quanto). Ainda assim, digna de nota e de algumas escutadas repetidas e de um estudo de sua letra curiosa, cujas imagens se perpetuam também na capa do álbum ("Eu observo na altura do olhar, não é bom o bastante. E então descubro quando olho para cima: há um buraco no céu, com um grande olho a me chamar.").
Fonte da imagem: http://gifsgallery.com/

Kate vai lhe pegar!
Wuthering Heights foi regravada por muita, mas MUITA gente, MESMO! Mas francamente, pra mim, todas elas são um desperdício de tempo e esforço (tanto de quem faz como de quem ouve). Esta é daquelas canções que já nascem definitivas, e só uma pessoa consegue lhe fazer justiça. Definitivamente, Wuthering Heights é um dos melhores singles de estréia de todos os tempos. Well done, Kate Bush!
Fonte da imagem: http://gifsgallery.com/

Kate se despede e deixa o recinto!

Association of Dutch Phonographical Industries 1978:
Prêmio Edison de Melhor Single ("Wuthering Heights")

terça-feira, 22 de setembro de 2015

015 - Molhada É a Chuva, e a Chuva É Limpa e Nova...

Bom dia! Boa tarde! Boa noite! Boa madrugada! Seja qual foro horário em que você estiver visitando nossa Discoteca, seja muito bem-vind@!
Vamos nos atualizar, galera! Vão dizendo, quais as novidades? Jura? Poxa, que triste... Mas o que pode ser feito? Ó, só, parece uma boa solução! Tá vendo, não precisa se desesperar... Acredite, a situação está russa pra quase todo mundo, mas lamentações nos levam só até certo ponto. O importante é buscar soluções e alternativas. Eu aprendi do jeito mais difícil: tudo se ajeita, cedo ou tarde.
Eu acho que precisamos tod@s dar umas boas risadas, não acham? Então, que tal falarmos sobre algo leve e darmos umas risadas - nem que sejam amarelas? MiniTom já tomou a frente. Está rolando e chorando de tanto rir, já! E eu quero rir com ele. Você não?

Fonte da imagem: http://www.tamanhop.com/

Single: Água
Artista: Sheila Mello
Gravadora: Independente
Data de lançamento: 2006
Sheila Mello entrou para o dicionário pop brasileiro através de dois trastes decanos da cultura brasileira: o programa "Domingão do Faustão", exibido pela Rede Globo; e É o Tchan!, a mal conceituada banda de Bundê Míusique pagode que assolou as paradas brasileiras na metade final dos anos 1990. Quando ambas as partes se juntaram para criar um concurso para eleger a substituta de Carla Perez (que viria a se tornar outro traste decano cultural brasileiro por mérito próprio) no posto de dançarina loura. Se você, car@ leitor@, não nasceu pós-2005 nem esteve abrigad@ em algum bunker fora da América Latina, com certeza sabe que a moçoila foi a vencedora da parada.
Fonte da imagem: http://entretenimento.r7.com/

Ah, o amor!... E a água!
Após a sua saída da banda (esse posto de dançarinas é altamente rotativo, podemos tod@s notar, não?), a moça investiu nas aulas de interpretação... e não é que deu certo? Sheila cavou para si papéis em variadas peças teatrais e curtas cinematográficos (um deles, premiado, vejam só!), e vai formando seu nome, pouco a pouco. No meio-tempo, ela ainda participou de um reality show, onde viria a conhecer o amor da sua vida: Xuxa (o nadador, não a apresentadora, pelamordedels!). Quem disse que ralar na boquinha da garrafa dançar em uma banda de pagode não poderia render bons frutos na vida?
Fonte da imagem: http://wp.clicrbs.com.br/napontadalingua/

Pra manter com o tema...
Água, com sua letra construtiva e profunda feito um pires, trata dum jogo de conquista - e escape. Sabem aquela expressão "fulan@ é tão escorregadi@ que parece feit@ de sabão"? No caso em questão, Sheila é a ensaboada escorregadia da vez (deve ser resquício de tanto participar da finada "banheira do Gugu"). A melodia até que, bem lá no fundo, tem uma linha interessante com batidas pseudo-africanas e seu perdido violino ecoando alguma canção descartada da trilha d'"O Rei leão". Pena que a entrada apoteótica da ex-nova-loura do Tchan! na MPB tenha praticamente caído fora do radar (exceto de blogs como este, aqui, prontos para gongar a bichinha, só porque a música é boa de tão ruim, vejam, só, que maldade...
Fonte da imagem: http://linguadigato.com/

Água! Vou virando água...
O clipe de Água é, simplesmente, trash um clássico! É difícil encontrar um destaque entre uma paquera num carro, uma festa do pijama com amigas que nem olham pra ela, dançarinos descoordenados no meio da noite mal-iluminada e uma sessão de sensualização numa banheira que mais parece uma piscina - tudo para humilhar os pobres paulistas, tão carentes deste bem precioso que é a Água! A única certeza é que Sheila passa muita, mas MUITA vergonha semi-incólume a tudo.
Fonte da imagem: http://wp.clicrbs.com.br/napontadalingua/

Creio que seja assim que tod@s estamos, acertei?
Encontrar tamanho hit me faz imaginar a MPB entrando em luto e a verter lágrimas de sangue a cara de meu querido amigo Thiago Henrick quando eu lembrar que...

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

014 - Usando Atração Feminina em um Homem Típico...

OLÁ, AMADINH@S DE TOM!!!
Estamos tod@s bem? Jura? É mesmo? Mentira, vey! Que notícia boa! Fico muito feliz por você! Vamos continuar com as boas vibrações!
Crescendo como um adolescente no final dos anos 1990, eu desenvolvi um gosto que não era, particularmente, apreciado pelos meus "pares". Não raro, eu era tachado de "velho" por curtir sons com uma pegada mais sessenta-setentista ou descaradamente pop e não dar muito valor à suingueira nem às invencionices em cima do forró. Meu discman vivia a tocar trilhas sonoras de filmes e cantores "elitistas" ou cantor@s pop que provavelmente tenham caído fora de moda.
Mas hoje, falarei de uma artista que foi exceção à regra. Quando apareceu, estourou bonito e polarizou - não havia quem ficasse indiferente: ou amava a música dela, ou odiava, mesmo. Mas, por algum tempo, me fez estar "in" na esfera musical entre os de meu convívio.

Fonte da imagem: http://www.idolator.com/

Álbum: Male
Artista: Natalie Imbruglia
Gravadora: Portrait Records/Sony Masterworks
Data de lançamento: 31/07/2015
Fonte da imagem: http://www.petaasiapacific.com/
A australiana Natalie Jane Imbruglia já era relativamente conhecida no circuito Austrália/Inglaterra por ter feito parte de "Neighbours" (uma "Malhação" soap opera australiana, que também revelou ao mundo Kylie Minogue, Guy Pearce e Jason Donovan), até que seu primeiro single como cantora a estabeleceu nas mentes noventistas com um sucesso estrondoso: "Torn". De lá pra cá, ela se tornou uma cantora bissexta: poucos álbuns num espaço de dezoito anos, com poucos singles para promovê-los, preferindo sair em turnê por aí por temporadas curtas. No meio tempo entre álbuns, faturou uma graninha como modelo, se dedicou ao ativismo da causa animal e do conhecimento populacional sobre a fístula, casou com Daniel Johns, separou, foi jurada do X Factor australiano e retornou à primeira profissão, estreando nos cinemas num filme esquecível do Mister Bean e depois impressionando público e crítica em "Closed for Winter".
Seis anos após seu último álbum, o injustamente malfadado "Come to Life", ela retorna ao mundo da música em meio às preparações para sua estréia no West End londrino. Como levaria ERAS um tempinho para ela preparar um álbum autoral (lembremos: cantora bissexta), ela resolveu colocar seu novo contrato com a Portrait em ação com um álbum de regravações. Nascia, aí, Male.
Fonte da imagem: http://www.adelaidenow.com.au/

CUIDADO! Em uma mulher não se bate nem com uma flor!
Quando se está longe dos palcos e dos holofotes a tento tempo quanto a srta. Imbruglia, a tentação de voltar com um estouro deve ser enorme. Mas Male, embora seja um retorno cheio de confiança, é um caso de grande discrição frente aos flashes e bips difitais da música corrente nas paradas atuais - o que torna o resultado um enorme alívio algo curiosamente catártico após um dia ouvindo apenas a rádio FM. Trata-se de Natalie dando seus toques em doze canções compostas e interpretadas originalmente por homens.
Pelo resultado final, não parece que ela selecionou as canções por ser uma "canção de um medalhão", ou por ser um grande sucesso - o álbum parece ir além de simplesmente inverter a perspectiva de músicas e seguir um tema fixo de amor e busca do "par ideal". As canções escolhidas certamente estavam presas na cabeça da cantora, e representam muito do que ela precisava por para fora do peito. Ao se voltar para as canções que a ajudaram a passar por momentos difíceis, ela fez sua terapia musical de Male um local para dar cunho feminino a uma mistureba bem selecionada de canções indie e clássicos do rock, com algumas escolhas intrigantes entre elas. De prima, o espírito do álbum não está longe da doce melancolia que ela evocou em "Torn" - que já completa a maioridade - e que a guiou por quase toda a sua carreira. Sua voz lembra uma Olivia Newton-John pré-Grease (terreno perigoso se não se tem o gogó necessário), e é sempre um refresco ouví-la.
Fonte da imagem: http://Fwww.dailymail.co.uk/

Natalie ruleia ao vivo!
A música que abre os trabalhos e primeiro single, "Instant Crush", é um explosivo. Do mesmo modo que ela tornou a canção de Ednaswap sua e ganhou o Troféu Danni Carlos se tornou a referência dela, Natalie desconstruiu e transformou a faixa eletrônica "Instant Crush", do Daft Punk, em sua suave canção pop. A dor que existe em sua voz - sua marca registrada, casa perfeitamente com a letra da canção, e a põe na frente, ao contrário da original, onde a voz de Julian Casablancas se afogava em vocoder e efeitos robóticos.
Ela leva sua Austrália natal no álbum ao imergir em "The Summer", de Josh Pyke, antes de se voltar ao continente americana na aconchegante de "Naked as We Came", do Iron & Wine e à morbidez de "I Will Follow You into the Dark", da Death Cab for Cutie.
Fonte da imagem: http://www.spin.com/

Natalie ruleia no karaoke, também!
Corações partidos obviamente, fazem parte da receita - e a chorosa "Goodbye in Her Eyes", da Zac Brown Band, encontrou em Imbruglia sua intéprete perfeita para lamentar ("Ele encontrou o que ele procurava, e eu sabia que não era eu."). Eu curto esta canção, em especial, por mostrar Natalie entregando um estilo de performance vocal diferente de tudo o que ela já havia mostrado em seu repertório. Eu quase não reconheci "Only Love Can Break Your Heart". O clássico de Neil Young. Casando sua voz melancólica com um solitário e praticamente inaudível baixo.
O humor de Male não é de todo amuado. Na exata metade do álbum, tem um bluegrass esperto completado por palmas ritmadas com bandolim - e qual não é a bizarra surpresa de saber que se trata "Friday I'm in Love", da The Cure? Se a Sony e Imbruglia tiverem juízo, este será o segundo single, de preferência atrelado a alguma série de televisão ou um filme com perfil de grande alcance. "Let My Love Open the Door", de Pete Townshend, ganhou uma versão brilhante e alegre. Também a versão acústica de Natalie para a "The Waiting" de Tom Petty e os Heartbreakers é animada.
Fonte da imagem: http://www.spin.com/

Natalie relaxa!
Um álbum como Male não é novidade. Antes de Natalie Imbruglia fazer um álbum de canções "de homens", Tori Amos fez "Strange Little Girls" em 2001, e Rumer utilizou deste recurso para escapar do temido "bloqueio de escritor" com "Boys Don't Cry", em 2012. Ainda assim, é uma ousadia de uma cantora talentosa cujo último álbum de material original, "Come to Life", encalhou tão miseravelmente quando lançado na Austrália em 2009 que sequer ganhou um lançamento na Inglaterra.
Quando a cativante Natalie Imbruglia estava em seu pico comercial, ela foi aclamada como a sexta mulher mais naturalmente bonita do mundo por especialistas em moda. Male é, até aqui, o melhor álbum que ouvi neste 2015. Este retorno sutil, mas sincero, com um primeiro single forte e uma coleção diversa de canções e gêneros, prova que ela é muito mais do que apenas um rostinho bonito.
Fonte da imagem: http://www.portraitrecords.com/

Natalie divando pra fechar o post!
Bem-vinda de volta, Natalie, você fez falta! Por favor, não demore tanto para trazer um novo álbum!

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

013 - Um Deus do Desejo que Observa Histórias de Amor e as Vocaliza

Boa noite, pessoas do meu coração!
Como estamos tod@s? Tudo certinho?
Esta é uma das raras vezes em que escrevo a introdução DEPOIS de terminada a postagem principal - estranho, né? Mas eu sou assim, mesmo, geralmente. Sei exatamente o que eu quero falar na introdução de um texto, mas quando chega a hora do "valendo", fico a penar para encontrar as palavras corretas e escrever algo decente. Desta vez, foi o oposto. Este foi o post mais rápido que escrevi nestes quase dois meses de Discoteca, Filmoteca e Biblioteca! Escrevi de forma totalmente intuitiva e, por incrível que pareça, fiquei satisfeito com o resultado. Mal mexi nele. Mas percebi que eu não havia escrito uma introdução! Olhem só que coisa, não sabia o que escrever - por isso que comecei falando sobre não saber o que dizer: usando de minha habitual honestidade para encher linguiça mostrar a vocês que mesmo um bloqueio criativo pode ser usado como ferramenta para escrita - ao menos, até que algo melhor finalmente chegue à mente. Oh, céus, não sei que espírito foi este que baixou em mim...
Por falar em "espírito", vocês acreditam em almas? Que elas fiquem entre nós após sua desencarnação, quando seus assuntos não estão resolvidos? E em "incorporação", "possessão" e variantes? Pessoalmente, eu não sei. Eu acredito que quase todos nós seres sencientes possuímos almas (algumas sebosas, outras bem limpas). Já o que acontece após desencarnar, é um mistério para mim - e nem sei se quero pensar nisso, prefiro deixar tudo resolvido por aqui para encarar o que tiver de ser depois - visto que eu não sei se poderei voltar e contar pra alguém. Mas devo confessar que a idéia de ter meu corpo "invadido" não é nada agradável. Me dá arrepios!
Aliás, esta é a segunda vez que um espírito vem pra Discoteca, não? Depois de Applewhite, chegou uma nova entidade para lidar. Pois é, MiniTom! Só olhando pro céu, mesmo!
Passemos à incorporação postagem de hoje!

Fonte da imagem: http://revistaogrito.ne10.uol.com.br/

Álbum: Eu Vou Fazer uma Macumba pra Te Amarrar, Maldito!
Artista: Johnny Hooker
Gravadora: Jdm Music
Data de lançamento: 2015
Meu dileto amigo Thiago Henrick me indicou esta obra. Eu já conhecia "Volta" e "Alma Sebosa" e, honestamente, não curto a estética - logo, fiquei temeroso do que eu ouviria - e do que eu falaria a respeito. Mas como quem está na chuva fui eu quem pediu a obra...
"Johnny Hooker é uma mulher em fúria dentro de um homem com os olhos marejados de lágrimas", já definiu John Donovan - o rapaz pernambucano que incorpora tal entidade antes de subir no palco. Com suas roupas pretas (por vezes transparentes), maquiagem carregada nos olhos e muitos acessórios prateados ou dourados a adornar pescoço, baços, mãos, tronco e ventre, fica claro que Johnny Hooker é, mesmo, algum orixá que se perdeu de algum terreiro uma entidade em busca de seu templo.
Fonte da imagem: http://miojoindie.com.br/

Alguém tem um templo, um terreiro, uma igrejinha pra me alugar?
Em seu álbum de estréia-solo (antes, ele era vocalista da Candeias Rock City), "Eu Vou Fazer uma Macumba pra Te Amarrar, Maldito!", Hooker inunda @ ouvinte com a visceralidade absurda de suas letras e arranjos. O drama está lá e é universal: a obra exala amor, perda, raiva, paixão, (muita) rejeição e (muito) sexo. Mas o álbum está longe de ser pesado - em verdade, ele é catártico, graças à própria interpretação do artista, com um ar debochado, como quem diz 'nada é tão triste que não se resolva com uma boa noite de farra' - "Chega de Lágrimas" dá o recado claramente ("Chega de lágrimas! Eu vou meter, meter meter, meter!").
"Eu Vou Fazer uma Macumba pra Te Amarrar, Maldito!" evoca o som que lembra "Flowers", de Émilie Simon - um pastiche do pop/rock comumente tachado de "música brega" que esteve em voga nos anos 1960, com órgão e tudo - mas com guitarras bem sujas aqui e ali para diferenciar. Algumas faixas carregam influências de outros ritmos, como o samba de gafieira em "Volta", o ska em "Chega de Lágrimas", os tambores evocando Axé em "Boyzinho" preparando o terreno para tomar o controle em "Boato" e o frevo Elbaramalhístico de "Desbunde Geral", mas a estética do álbum não se perde - é o rei Regi mostrando sua força e influência sobre as novas gerações.
Fonte da imagem: http://www.bcharts.com.br/

Chorando suas lágrimas de sangue no palco.
Os primeiros singles já rodavam a internet tem bastante tempo. Em 2013, "Volta", do filme "Tatuagem". Em 2014, "Alma Sebosa" esteve na trilha da triste novela "Geração Brasil" - da qual Hooker também fez parte do elenco. Ambas foram singles e anunciavam bem o que viria este ano. "Amor Marginal" veio junto com o álbum e entrou na malfadada "Babilônia". O álbum, inclusive, termina com uma versão em espanhol para "Alma Sebosa" que, francamente soou desnecessária. "Desbunde Geral" seria um fechamento perfeito, anárquico e popularesco.
Fonte da imagem: http://revistaogrito.ne10.uol.com.br/

Sensualize o drama!
A voz de Johnny Hooker é um instrumento à parte. É diferente de tudo o que está nas rádios (qualquer delas) hoje em dia, e tem a qualidade primordial de saber engajar @ ouvinte a embarcar nos sofrimentos por tantos eles e elas que lhe conferem força na voz. Embora o álbum não seja, exatamente, do meu gosto particular, é óbvio que "Eu Vou Fazer uma Macumba pra Te Amarrar, Maldito!" foi feito buscando um nicho para si fora do mainstream, mas que eventualmente pode ser engolido por ele - vista a ótima recepção que o álbum tem tido na internet e o furor do público em seus shows.
Vida longa à entidade, então!

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

012 - No Mondo Muderno, a Porradaria Rola Frenética

BOM DIA, BOA TARDE, BOA NOITE, AMADINHOS DE TOM!!!
Como estamos tod@s? Bem? Que maravilha... oi? Não? Oh, puxa, mas o que houve? Procurou ajuda médica? Eu sei, eu sei, os planos de saúde estão a treva, sei bem disso!... Mas você está melhor, né? Ah, que bom saber! Que bom, que bom, que bom!
MiniTom está bem roqueiro, hoje, jogando na minha cara toda a sua intimidade com a guitarra, enquanto eu não sei sequer pegar no instrumento - estou começando a odiar este BuddyPoke! Sério, nem mesmo air guitar eu consigo fazer direito, é de fazer vergonha!
Êniuêi, MiniTom e eu temos ouvido uma boa dose de rock, ultimamente. É tudo o que tem entrado no som do TomMóvel II, nestas últimas semanas. Acho que tem ficado claro, por aqui, né? Reparei que tem mais rock que qualquer outro ritmo figurando em nossa Discoteca. Tentarei dar uma nova guinada por aqui mais tarde, prometo!
Por ora, fiquem com La Torloni!

Fonte da imagem: httphttps://en.wikipedia.org/://www.jayvaquer.com.br/

Álbum: Você Não Me Conhece
Artista: Jay Vaquer
Gravadora: EMI
Data de lançamento: 01/11/2005
Eu sou fã do moçoilo Jay Vaquer. Tanto que decidi escrever sobre ele, hoje, como um meio de sublimar a raiva que a atual prática de mendicância conjuntura econômica me traz por não ter podido ir a Recife ver o show dele sexta (dia 04/09). Mas o cara tem tantos álbuns fodásticos, foi regravado até pela mãe, tem tanta gente tanto alternativa quanto mainstream fazendo parcerias com ele... De qual falar? Do primeiro, que o botou no mapa? Do segundo, o primeiro distribuído por uma grande gravadora? Do álbum ao vivo? Do mais recente, relendo Guilherme Arantes? Não, bora pro meu favorito: "Você Não Me Conhece", de 2005!
Fonte da imagem: http://www.minasemmimfaclube.xpg.com.br/
Antes de mais nada, um esclarecimento: Jay Vaquer, em verdade, É o NOME do rapaz. Ele é filho do guitarrista estadunidense Gay Anthony Vaquer - cunhado e ex-parceiro de Raul Seixas que, por motivos óbvios, viria a adotar o nome artístico Jay Vaquer - e a maravilhosa cantora paraense Jane Duboc. Crescendo a visitar estúdios e dividindo residências entre o Brasil e os Estados Unidos o deram mais que o bilinguismo: deram uma vivência e um conhecimento maior sobre alguns meandros que envolvem o fazer música, o viver música e o viver de música. Aos 10, gravava jingles e aprendeu a tocar violão. Formou-se em publicidade na FAAP (nunca exerceu) e como ator no Teatro Escola Célia Helena (na mesma turma de Carolina Kasting, com quem contracenaria no clipe de "Aponta de um Iceberg"), dando início a uma carreira musical em 2000 ao protagonizar o espetáculo teatral "Cazas de Cazuza", junto com Vanessa Gerbelli in 2000. O sucesso do musical abriu as portas dos estúdios para que Jay fizesse seu álbum de estréia pela Jam Music, "Nem Tão São" - que despertou a atenção de todos quando o clipe de seu single "A Miragem" alcançou o topo da parada da MTV. O segundo álbum, "Vendo a Mim Mesmo", veio pela EMI e surpreendeu os canais de televisão musical com o sucesso que o clipe de "Pode Agradecer" atingiu. Apesar disso, a maioria das estações de rádio pareciam não notar a existência do talentoso Vaquer. Isto viria a mudar.
Você Não Me Conhece é o terceiro álbum de Jay, o primeiro com material completamente autoral. Aqui, os resquícios de "nova face da MPB" que o primeiro álbum trouxe e ainda perduravam no segundo, foram embora de vez. Agora é álbum de rock, bebê! Sem escolhas de canções conhecidas de grandes autores do pop nacional para roubar a atenção, as composições de Jay vieram à frente com força - foi uma opção ousada, mas necessária - e acertada.
Fonte da imagem: http://sombrasbalthamos.blogspot.com.br/

Você sabe dizer o que é "normal"?
Vaquer é um letrista inteligente, com uma interessante variedade de estilos de escrita (narrador-cronista do "Cotidiano de um Casal Feliz", confessional em "8 e 80") e de temas que tratam desde conflitos sentimentais até críticas e reflexões sócio-psicológicas (crônica sobre a hipocrisia em "Cotidiano de um Casal Feliz", auto-afirmação na faixa-título, romance/torcida pelo time do coração em "8 e 80", falta de solidariedade humana em "Mondo Muderno", desventuras amorosas em "Campo Minado", solidão em "Os Dias Lembram Alguém", paranóia em "Paredes"). Com um nome já feito e uma Mundiça mundicenta público ruidoso e fiel, já estava na hora de investir em si totalmente- afinal, a gente ainda não o conhecia.
Como musicista, Vaquer se mostra afinado com o pop radiofônico. Você Não Me Conhece brinca com várias vertentes do rock e até com alguns de seus ritmos-base, como o jazz de "Quando Fui Fred Astaire", as distorções à Coldplay em "A Falta que a Falta Faz" ou a orquestração luxuosa de "Paredes" - todas as onze faixas poderiam figurar na programação de alguma rádio, sem problemas.
Os singles fizeram sucesso pelas rádios cariocas e na MTV brasileira: o primeiro, "Cotidiano de um Casal Feliz", tem um dos vídeos mais fodásticos impressionantes de todos os tempos. Já "A Falta que a Falta Faz" não teve a mesma sorte - ganhou um remix interessante, mas o clipe deixou muito a desejar, pra quem já havia nos deixado "A Miragem", "Pode Agradecer" e o anterior (pronto, agora, a Mundiça vai encomendar a minha execução).
O curioso é que o álbum se chama Você Não Me Conhece, mas saímos da audição ainda sem conhecer o real Jay Vaquer. Percebemos um letrista habilidoso e um musicista competente, que urgem por fazer o ouvinte PENSAR com letras que não se entregam "de bandeja" e que podem ter mais de um sentido - um achado no mainstream mundial atualmente, repleto de canções de fácil apelo e sem grandes exigências de massa cinzenta para apreciação. Jay revela-se um cronista de mão cheia - e é aí que residem suas letras mais cortantes, com críticas sociais que podem (ou não) revelar alguma opinião pessoal, mas mesmo nas letras supostamente mais confessionais, há uma aura de mistério se estamos lidando com a pessoa por trás das notas ou com a interpretação de algum personagem de mais uma crônica. Em Você Não Me Conhece, conhecemos o autor, mas não a pessoa que é o autor (mas isso se resolve: ele é bem mais aberto em seu Twitter!).
Fonte da imagem: http://matracacultural.com.br/

Ao vivo no Tom Jazz, em 28/07/2012
Talvez a pergunta que não queira calar seja "por que Jay Vaquer não estourou?". Não há uma resposta certa para isso. Inegável, ele tem um público numeroso em sua Rio de Janeiro natal, mas no resto do Brasil, ele ainda é o "ilustre quem" para parte do grande público, mesmo com uma carreira consolidada em sete álbuns e uma música em novela global - o que o leva a não raro optar por não levar seu show completo para outras praças. Talvez seja o público que não esteja preparado para ouví-lo (ou não queria pensar muito ao ouvir música). Talvez má vontade das grandes gravadoras em divulgar algo fora do circuito sertanejo-suingueira. Talvez uma onda de azar. Quem sabe tudo junto. Mas o importante é que seu material seja divulgado e espalhado por aí. Cedo ou tarde, alguém mais vai ouvir e vai curtir - e é assim que se aumenta um público.

domingo, 6 de setembro de 2015

011 - Sem Parar! Se Parar, Você Cai!

Olá, querid@ leitor@!
Tudo Lucy in the Sky with Diamonds?
MiniTom entrou na onda das fantasias de bichinho. Só espero em Deus que ele não me encha o corpo de piercings ou invente de se encher de glitter, que dá um trabalho desgraçado pra limpar!
Pelamordedels, não, eu não me droguei, não fumei, não cheirei, não me piquei nem bebi nada (mas acho que MiniTom provou algo pra usar essas orelhinhas...)! Aliás, eu não sei o porque de eu estar falando estas coisas... o que que eu estava falando, mesmo? Ai, minha cabeça...
OH, SIM! O POST DE HOJE!
Eu sempre curti e admirei gente corajosa. Do tipo m@na que bota a cara no sol porque beeshah bunita não se esconde que fala o que pensa, faz o que quer e dá a cara pra bater, sabe? Sempre observei estas pessoas quando pequeno e queria ser ao menos desinibido! Com o tempo, percebi que coragem é muito mais que simplesmente "fazer e acontecer". Gente corajosa de verdade BANCA O QUE DIZ/FAZ - e no mundo de hoje, onde tod@s parecem dizer as coisas e depois se dizer "mal-interpretad@s", parece haver cada vez menos gente com ferro no sangue. Quando aparece alguém, chega a me hipnotizar.
Creio ser este o caso da artista de hoje.

Fonte da imagem: http://www.avidaquelevo.com/

Álbum: Miley Cyrus and Her Dead Petz
Artista: Miley Cyrus
Gravadora: Smiley Miley Inc.
Data de lançamento: 30/08/2015
Hannah MontanaMiley Ray Cyrus causou um furor na linha do tempo do meu Facebook no mundo da música ao anunciar, logo após encerrar uma apresentação na maior premiação da MTV estadunidense, o lançamento de um álbum novo com streaming gratuito.
Fonte da imagem: http://www.nytimes.com/

Mostrando sua falta de roupa no tapete vermelho do VMA 2015.
Na verdade, tudo o que eu sabia (na verdade, o que ainda sei) sobre ela, até aqui, é: 1) que ela é filha de um astro da música country - Billy Ray Cyrus; 2) que estrelou uma série que eu nunca assisti, mas que é muito famosa - até hoje a chamam de "Hannah Montana"; 3) que ela fez uma apresentação que causou bastante polêmica com Robin Thicke num VMA, aí - eu, francamente, não vi nada demais além de figurinos feios e uma dança vergonhosamente mal feita; 4) foi-não-foi, ela aparece na "mídia especializada" falando ou fazendo alguma besteira atos não muito saudáveis; 5) ela estourou aqui no Brasil com a ótima "Wrecking Ball"; 6) ela tem uma queda por figurinos horrendos roubados dos guarda-roupas noventistas das Spice Girls de design curioso e gosto questionável; e 7) ela é uma ativista ferrenha das causas ambiental (especialmente no que tange a vida animal) e da juventude LGBT sem-teto. É, acho que, atualmente, eu sei bastante coisas sobre ela - mas muito pouco MUSICALMENTE. Exceto aquela única canção, nunca ouvi nada dela.
Até o momento em que todo o furdunço em torno deste Miley Cyrus and Her Dead Petz despertou minha atenção (junto com o bom nome os Flaming Lips). E não há outros adjetivos que definam melhor este álbum que não sejam CORAGEM e OUSADIA (talvez ARTSY-FARTSY, mas tentarei relevar este em nome da boa impressão que o produto final me causou). Primeiro: QUAL O ÁLBUM, HOJE EM DIA, COMEÇA COM A FRASE "SIM, EU FUMO MACONHA"? Nenhum que eu conheça! Bateu de longe o "Quem disse que eu não posso ficar doidão" de John Mayer! Mas não se engane, ela avisa em "Dooo It!", o primeiro single e faixa que abre o trabalho: ela fuma maconha, ela ama a paz, mas ela não é nenhuma hippie. A capa do álbum mostra que ela toma banho... de glitter - artsy-fartsy detectada!
Fonte da imagem: http://www.nytimes.com/

Cantando com os Flaming Lips em Miami.
As letras, que precisam melhorar MUITO, têm algo de apelativo provocativo, evocando uma Madonna do período "Erotica"-"Bedtime Stories", mas indo talvez mais além em determinados pontos (um hino ao cunnilingus aparece em determinado ponto) e não passando da superfície em outros (um interlúdio onde ela aparece bêbada até no título pode, produção?). Ao mesmo tempo, mostram um lado (quase) ingênuo e muito doce de menina-moleca que ainda deve existir debaixo de toda a casca sexualmente explícita - em meio aos muitos bravados auto-afirmativos sobre pansexualidade podem ser encontrados romances passados, romances presentes e canções pra seus falecidos cão e peixe-balão (de onde vocês acham que saíram os "animaiz mortos" do título do álbum?). Isso mostra que todos os nomes envolvidos neste álbum (seja os Flaming Lips, seja WILL, sejam os convidados Big Sean, Ariel Pink e Sarah Barthel) são "meros" colaboradores. Rock psicodélico redondinho ou hip hop e funk, o álbum não perde uma atmosfera pop sem arestas aparadas - nada feito para tocar em rádios, soando como se derivasse de uma única fonte: a cabeça de Miley Cyrus.
Fonte da imagem: http://www.nytimes.com/

Cantando cazamiga no VMA.
Musicalmente, Miley Cyrus and Her Dead Petz soa como se Miley estivesse fazendo um estágio como vocalista interina do Flaming Lips - óbvio, porque a banda toca junto com ela na maioria das canções, e a mão de Wayne Coyne está envolvida na produção, nos arranjos e dando uma mão na coautoria de algumas das faixas (os outros Lips também metem o bedelho aqui e ali). A psicodelia rola solta como eu suponho que seja uma viagem de LSD transformada em ondas sonoras de synthpop oitentista. Mas ainda há outras faixas com traços de hip hop e trap - gêneros inimagináveis em álbuns de astros da Disney, cortesia do hitmaker Mike WILL Made-It! Vocalmente, a garota mostra potencial e versatilidade, dos berros aos sussurros, passando pelo canto propriamente dito (graças a Deus, esta é a parte predominante).
Miley Cyrus and Her Dead Petz fica cansativo lá pela sua metade (metade do álbum poderia ter sido reservada para b-sides de eventuais singles), mas tem um estranho efeito: Miley consegue capturar a atenção d@ ouvinte e @ intriga, @ deixa a se perguntar "o que virá na próxima faixa?" que @ impede de largar a obra. Quando se percebe, já se passaram as 23 faixas e quase uma hora e meia de sua vida em que você deveria estar estudando/trabalhando. Há muito espaço para melhorias, mas a bichinha é porreta, mesmo!
Fonte da imagem: http://www.nytimes.com/

Eu fumo maconha, amo a paz, tô nem aí pra vocês e mostro a língua.
Sabendo que "Hannah Montana" é um produto Disney e que Miley cresceu sob os holofotes tendo cada peido todos os seus movimentos documentados, não precisa ser muito imaginativo pra saber que sua existência foi devidamente controlada e roteirizada por empresários e gravadoras do camundongo para passar a imagem desejada ao público-alvo: criancinhas. Em algum ponto, uma alma rebelde sairia do controle e abraçaria o caos - como ela mesma diz em "Slab of Butter (Scorpion)" ("Autocontrole não é algo que eu esteja exercitando"). Miley Cyrus acabou de ganhar meu respeito, e até minha curiosidade pra conhecer sua discografia - pode ser o pop descartável que imagino que seja, mas creio ser importante conhecer a trajetória de uma artista até uma chegar a uma obra como Miley Cyrus and Her Dead Petz. Este álbum é uma manifestação de poder - o poder que ela sabe que adquiriu e faz questão de exercitá-lo, de mostrar seu bravado de "ninguém me diz o que fazer" com o dedo do meio exposto. Ganhar tamanha liberdade artística a ponto de poder lançar um álbum independentemente, de graça, e ainda manter seu contrato com uma grande gravadora é algo impressionante, para pouc@s e ousad@s - e cabe a ela, agora, mostrar que sabe o que fazer com ela. A julgar por estes Dead Petz, ela parece saber bem e, caso ela faça as escolhas mais corretas ao seu caráter e mais seguras à sua saúde, seu futuro promete grandes feitos.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

010 - Agora Olhe pro Céu e Veja Como Está Lindo!

Olá, pessoas!
Depois de dias chorosos, passou a hora de MiniTom e eu levantarmos a poeira, darmos a volta por cima e soltarmos um sorrisão sambando na cara d@zinimig@, porque no túmulo ainda não está dando!
MiniTom já começou com o arerê! Eu, pessoalmente, não sei onde ele aprendeu a dançar deste modo - eu creio dançar bem melhor que isso. Mas o que importa é a gargalhada, né? #IDidItForTheLOL
Repassando meus cds em busca de algum bem fodástico forte, que me fizesse chacoalhar o esqueleto do início ao fim (ou bem próximo), cruzei com uma artista que sempre admirei demais, mesmo com sua atitude, sigamos, "pouco humilde", que sempre conseguiu me botar pra dançar e cantar junto, e que até me "chamou" para ver sua participação numa das novelinhas cheias de nudez da finada Manchete #RIP.
AH! E não posso esquecer detalhes cruciais: sua coragem (embora eu acredite piamente que alegria em cima da felicidade dos outros não é algo legal), sua firmeza, seu profissionalismo e seu aniversário - é no mesmo dia que o de Tonzinho, seu servo!
Alguém já sabe de quem falo?

Fonte da imagem: http://blog.clickgratis.com.br/vozdobrasil/MPB/

Álbum: Sol da Liberdade
Artista: Daniela Mercury
Gravadora: Ariola/BMG
Data de lançamento: 06/04/2000
Daniela Mercuri de Almeida simplesmente não precisa de qualquer introdução. Sua descrição em seu Twitter já diz todo o básico: "Cantora,Compositora,Bailarina, Embaixadora do UNICEF desde 1995" - OK, talvez ela tenha esquecido os rótulos Produtora, Atriz e até sua alcunha mais recorrente, "Rainha do Axé". Com mais de 20 anos de carreira, ela já fez de tudo um pouco: cantou axé com techno, interpretou sucessos da MPB, arrastou milhares de fãs para a Avenida Paulista, fez duetos com ícones da cena musical brasileira, gravou músicas tradicionais dos mais variados países, participou de eventos de organizações não-governamentais... Uma lista quase sem fim.
Sol da Liberdade marca um importante ponto na carreira de uma das maiores estrelas do Brasil: o ponto onde Daniela começa a internacionalizar seu som (mesmo, a esta altura, já sendo uma estrela internacionalmente reconhecida) e a brincar com elementos de música eletrônica - aqui, discretíssimos a ponto de passarem batidos, mas que se tornarão cada vez mais evidentes nos próximos carnavais e álbuns (especialmente em "Sou de Qualquer Lugar", que sucedeu este em análise). A confirmação se dá 1) nos créditos do álbum - gravado entre Salvador, Rio de Janeiro e Nova Iorque, com a produção de Emilio Estefan Jr. (o marido da Gloria) em duas faixas; 2) numa edição latino-americana do álbum, com seis das músicas versadas para a língua espanhola; e 3) na faixa que finaliza a primeira edição brasileira do álbum, um remix de "Ilê Pérola Negra", que não apenas não se encaixa no conjunto - a única canção que não funciona, frise-se - como também é totalmente descartável, e poderia perfeitamente ser relegada apenas a um humilde cd single (a releitura de "De Tanto Amor", clássico do repertório de Roberto Carlos, poderia finalizar o álbum tranquilamente). Não que se internacionalizar seja uma coisa ruim - vários artistas estrangeiros fazem a mesma coisa para conquistar o público brasileiro (Thalia, Ricky Martin, Lara Fabian, Shakira, George Michael, Laura Pausini etc.), mas em uma primeira audição, causa estranhamento tal movimento vir justo de alguém como Daniela, que sempre teve total controle sobre sua obra e sempre foi firme em fincar seus pés na Axé Music cantada em bom português.
Fonte da imagem: http://www.redebrasilatual.com.br/

Dança, gatinha!
A pergunta, aqui, passa a ser "ela consegue adentrar no mercado latinoamericano com todo o verniz de estúdio em seu som, sem perder suas raízes?" - e, a julgar pelo resultado final, a resposta provavelmente é um sonoro SIM. A percursão está bem mais nítida - e mais pesada que nos álbuns anteriores, juntamente com uma franqueza real, enquanto os arranjos para a orquestra de sopro se moldam à voz poderosa e emotiva, permitindo performances de uma franqueza cortante. As baladas não são melodramáticas e mesmo o material mais rápido não é exagerado - tudo, claro, devido ao famoso controle de qualidade que Mercury exerce sobre o seu material (além de co-produzir, ela é responsável pela maioria dos arranjos e compôs algumas das canções). Sol da Liberdade mantém seus pés firmes em Salvador, mas entrega sabores internacionais - seja nos toques eletrônicos (novidade na discografia de Daniela, até aqui), seja nos toques de latinidade mais aflorada ou no rock mais urgente que aparecem aqui e ali. Apesar disso, é perfeitamente possível escutar o álbum e saber de ouvido que ele não poderia ter saído de outro canto que não o Brasil.
Sol da Liberdade tem a distinção de aparentemente apresentar um "Selo Daniela Mercury de Aprovação" - a regravação de "Viagem", de Vanessa da Mata (o novo nome entre as intérpretes em 2000) é praticamente ipsis literis a gravação que consta no álbum de estréia da compositora. A faixa-título, que abre o álbum, é forte, mas fica PODEROSA quando Milton Nascimento põe seu gogó. E o "namoro" com Angélique Kidjo se consolida aqui, com a parceria "Dara" (após a maravilhosa versão feita por Daniela para "Batonga", no álbum "Música de Rua"). O álbum também apresentou a este que vos escreve um senhor CHOQUE: descobrir que uma de minhas canções favoritas, "Crença e Fé", foi composta por Beto-É o Tchan!-Jamaica! CUMAÇIN, GENTX???
Fonte da imagem: http://moda.ig.com.br/

Oh, um galhinho!
A reedição brasileira do álbum fecha com outro clássico do repertório de Roberto Carlos, composição dos irmãos Antônio e Mário Marcos, "Como Vai Você", regravação esta feita especialmente para a novela "Laços de Família" e estourou justamente na época do lançamento e promoção deste álbum - não apenas a canção cabe no conjunto como se tivesse sido feita como parte dele, mas proporciona um fechamento perfeito, numa agridoce calmaria após todo o furacão energético que permeou três quartos do material.
Uma curiosidade: antes de Sol da Liberdade ganhar o mundo, Mercury gravou um álbum completamente arraigado no MPB acústico (seria influência da então nascente onde de cantoras-compositoras de violão nas costas?), sem qualquer traço de seu samba-reggae característico - que foi completamente rejeitado pela gravadora. Sendo assim, ela mudou de direção completamente e trouxe este álbum até mais pesado em percursão que os anteriores - mas provavelmente, trazendo baladas (incluindo "Como Vai Você") sobreviventes do álbum rejeitado para contrabalançar o conjunto.
Fonte da imagem: http://www.caratulas.com/

Divando no mange!
Os singles de Sol da Liberdade merecem um parágrafo à parte. Além de "Como Vai Você" (consideremos esta como parte da obra oficialmente, já que a gravadora não seria besta de deixar um sucesso desses de fora), "Ilê Pérola Negra" - junção de duas composições distintas ("O Canto do Negro", de Miltão; e "Ilê Pérola Negra", de Guiguio e Renê Veneno), estouraram pelo Brasil inteiro - ambas tocaram exaustivamente nas rádios e foram #1 no TopBrasil100 ("Ilê Pérola Negra", inclusive, venceu o prêmio Video Music Brasil de Melhor Videoclipe de Axé). O terceiro single, "Santa Helena" - a melhor canção do álbum - alcançou um magro #26 na parada, mas ganhou um videoclipe caprichadíssimo, também indicado ao VMB, na categoria Melhor Clipe de MPB. O quarto, "Só no Balanço do Mar" - parceria inspirada de Lenine e Dudu Falcão, com participação do grande Dominguinhos, infelizmente falhou nas paradas, mesmo com sua inclusão na trilha-sonora de "Porto dos Milagres" (a sucessora de "Laços de Família", mas nada que afetasse o sucesso do álbum: vendeu mais de 800 mil cópias apenas no Brasil.
Outro ponto que merece destaque é seu encarte - o melhor de toda a carreira de Daniela Mercury! Um ensaio luxuoso onde ela desfila belos vestidos da grife Maria Bonita pelo mangue baiano, com maquiagem e acessórios que lembrem toda a africanidade que sempre permeou sua carreira. O ensaio poderia estar em qualquer revista espacializada em alta costura a qualquer tempo.
Sol da Liberdade se destaca, além do sempre evidente controle de qualidade de Daniela sobre o seu material, por exemplificar aqui o que se chama de "álbum de transição" de um artista - embora com uma identidade prória, marca a virada multicultural e internacional que ela tomaria já no ano seguinte (levar um dj e uma orquestra de cordas ao seu trio elétrico, um álbum de influência eletrônica pesada, outro com clássicos do cancioneiro mundial, só para exemplificar). Daniela deixou de ser uma cantora brasileira e se tornou uma artista mundial, sem com isso perder suas raízes, sem deixar o trono de "Rainha do Axé". Sol da Liberdade foi o movimento que iniciou tudo isto.
Fonte da imagem:http://www.amazon.co.uk/

Uma Carmem Miranda moderna!
Embora Sol da Liberdade não seja o melhor álbum de Daniela - o álbum de estúdio anterior, "Feijão com Arroz", é um trabalho bem mais coeso e efetivo -, a clareza sônica faz mais que justiça à belíssima voz de sua intérprete, e põe em evidência a riqueza de seu canto - motivo suficiente para que qualquer um entenda a razão de sua reputação como uma das maiores estrelas da MPB ainda hoje.

MTV Video Music Brasil 2000:
Melhor Videoclipe de Axé ("Ilê Pérola Negra")
Melhor Videoclipe de MPB ("Santa Helena") - Vencedora: Marisa Monte, por "Amor I Love You"
Premios Ondas de la Musica 2000:
Melhor Artista ou Grupo Latino (Daniela Mercury)
Troféu Dodô e Osmar 2001:
Destaque Feminino (Daniela Mercury)