quarta-feira, 2 de setembro de 2015

010 - Agora Olhe pro Céu e Veja Como Está Lindo!

Olá, pessoas!
Depois de dias chorosos, passou a hora de MiniTom e eu levantarmos a poeira, darmos a volta por cima e soltarmos um sorrisão sambando na cara d@zinimig@, porque no túmulo ainda não está dando!
MiniTom já começou com o arerê! Eu, pessoalmente, não sei onde ele aprendeu a dançar deste modo - eu creio dançar bem melhor que isso. Mas o que importa é a gargalhada, né? #IDidItForTheLOL
Repassando meus cds em busca de algum bem fodástico forte, que me fizesse chacoalhar o esqueleto do início ao fim (ou bem próximo), cruzei com uma artista que sempre admirei demais, mesmo com sua atitude, sigamos, "pouco humilde", que sempre conseguiu me botar pra dançar e cantar junto, e que até me "chamou" para ver sua participação numa das novelinhas cheias de nudez da finada Manchete #RIP.
AH! E não posso esquecer detalhes cruciais: sua coragem (embora eu acredite piamente que alegria em cima da felicidade dos outros não é algo legal), sua firmeza, seu profissionalismo e seu aniversário - é no mesmo dia que o de Tonzinho, seu servo!
Alguém já sabe de quem falo?

Fonte da imagem: http://blog.clickgratis.com.br/vozdobrasil/MPB/

Álbum: Sol da Liberdade
Artista: Daniela Mercury
Gravadora: Ariola/BMG
Data de lançamento: 06/04/2000
Daniela Mercuri de Almeida simplesmente não precisa de qualquer introdução. Sua descrição em seu Twitter já diz todo o básico: "Cantora,Compositora,Bailarina, Embaixadora do UNICEF desde 1995" - OK, talvez ela tenha esquecido os rótulos Produtora, Atriz e até sua alcunha mais recorrente, "Rainha do Axé". Com mais de 20 anos de carreira, ela já fez de tudo um pouco: cantou axé com techno, interpretou sucessos da MPB, arrastou milhares de fãs para a Avenida Paulista, fez duetos com ícones da cena musical brasileira, gravou músicas tradicionais dos mais variados países, participou de eventos de organizações não-governamentais... Uma lista quase sem fim.
Sol da Liberdade marca um importante ponto na carreira de uma das maiores estrelas do Brasil: o ponto onde Daniela começa a internacionalizar seu som (mesmo, a esta altura, já sendo uma estrela internacionalmente reconhecida) e a brincar com elementos de música eletrônica - aqui, discretíssimos a ponto de passarem batidos, mas que se tornarão cada vez mais evidentes nos próximos carnavais e álbuns (especialmente em "Sou de Qualquer Lugar", que sucedeu este em análise). A confirmação se dá 1) nos créditos do álbum - gravado entre Salvador, Rio de Janeiro e Nova Iorque, com a produção de Emilio Estefan Jr. (o marido da Gloria) em duas faixas; 2) numa edição latino-americana do álbum, com seis das músicas versadas para a língua espanhola; e 3) na faixa que finaliza a primeira edição brasileira do álbum, um remix de "Ilê Pérola Negra", que não apenas não se encaixa no conjunto - a única canção que não funciona, frise-se - como também é totalmente descartável, e poderia perfeitamente ser relegada apenas a um humilde cd single (a releitura de "De Tanto Amor", clássico do repertório de Roberto Carlos, poderia finalizar o álbum tranquilamente). Não que se internacionalizar seja uma coisa ruim - vários artistas estrangeiros fazem a mesma coisa para conquistar o público brasileiro (Thalia, Ricky Martin, Lara Fabian, Shakira, George Michael, Laura Pausini etc.), mas em uma primeira audição, causa estranhamento tal movimento vir justo de alguém como Daniela, que sempre teve total controle sobre sua obra e sempre foi firme em fincar seus pés na Axé Music cantada em bom português.
Fonte da imagem: http://www.redebrasilatual.com.br/

Dança, gatinha!
A pergunta, aqui, passa a ser "ela consegue adentrar no mercado latinoamericano com todo o verniz de estúdio em seu som, sem perder suas raízes?" - e, a julgar pelo resultado final, a resposta provavelmente é um sonoro SIM. A percursão está bem mais nítida - e mais pesada que nos álbuns anteriores, juntamente com uma franqueza real, enquanto os arranjos para a orquestra de sopro se moldam à voz poderosa e emotiva, permitindo performances de uma franqueza cortante. As baladas não são melodramáticas e mesmo o material mais rápido não é exagerado - tudo, claro, devido ao famoso controle de qualidade que Mercury exerce sobre o seu material (além de co-produzir, ela é responsável pela maioria dos arranjos e compôs algumas das canções). Sol da Liberdade mantém seus pés firmes em Salvador, mas entrega sabores internacionais - seja nos toques eletrônicos (novidade na discografia de Daniela, até aqui), seja nos toques de latinidade mais aflorada ou no rock mais urgente que aparecem aqui e ali. Apesar disso, é perfeitamente possível escutar o álbum e saber de ouvido que ele não poderia ter saído de outro canto que não o Brasil.
Sol da Liberdade tem a distinção de aparentemente apresentar um "Selo Daniela Mercury de Aprovação" - a regravação de "Viagem", de Vanessa da Mata (o novo nome entre as intérpretes em 2000) é praticamente ipsis literis a gravação que consta no álbum de estréia da compositora. A faixa-título, que abre o álbum, é forte, mas fica PODEROSA quando Milton Nascimento põe seu gogó. E o "namoro" com Angélique Kidjo se consolida aqui, com a parceria "Dara" (após a maravilhosa versão feita por Daniela para "Batonga", no álbum "Música de Rua"). O álbum também apresentou a este que vos escreve um senhor CHOQUE: descobrir que uma de minhas canções favoritas, "Crença e Fé", foi composta por Beto-É o Tchan!-Jamaica! CUMAÇIN, GENTX???
Fonte da imagem: http://moda.ig.com.br/

Oh, um galhinho!
A reedição brasileira do álbum fecha com outro clássico do repertório de Roberto Carlos, composição dos irmãos Antônio e Mário Marcos, "Como Vai Você", regravação esta feita especialmente para a novela "Laços de Família" e estourou justamente na época do lançamento e promoção deste álbum - não apenas a canção cabe no conjunto como se tivesse sido feita como parte dele, mas proporciona um fechamento perfeito, numa agridoce calmaria após todo o furacão energético que permeou três quartos do material.
Uma curiosidade: antes de Sol da Liberdade ganhar o mundo, Mercury gravou um álbum completamente arraigado no MPB acústico (seria influência da então nascente onde de cantoras-compositoras de violão nas costas?), sem qualquer traço de seu samba-reggae característico - que foi completamente rejeitado pela gravadora. Sendo assim, ela mudou de direção completamente e trouxe este álbum até mais pesado em percursão que os anteriores - mas provavelmente, trazendo baladas (incluindo "Como Vai Você") sobreviventes do álbum rejeitado para contrabalançar o conjunto.
Fonte da imagem: http://www.caratulas.com/

Divando no mange!
Os singles de Sol da Liberdade merecem um parágrafo à parte. Além de "Como Vai Você" (consideremos esta como parte da obra oficialmente, já que a gravadora não seria besta de deixar um sucesso desses de fora), "Ilê Pérola Negra" - junção de duas composições distintas ("O Canto do Negro", de Miltão; e "Ilê Pérola Negra", de Guiguio e Renê Veneno), estouraram pelo Brasil inteiro - ambas tocaram exaustivamente nas rádios e foram #1 no TopBrasil100 ("Ilê Pérola Negra", inclusive, venceu o prêmio Video Music Brasil de Melhor Videoclipe de Axé). O terceiro single, "Santa Helena" - a melhor canção do álbum - alcançou um magro #26 na parada, mas ganhou um videoclipe caprichadíssimo, também indicado ao VMB, na categoria Melhor Clipe de MPB. O quarto, "Só no Balanço do Mar" - parceria inspirada de Lenine e Dudu Falcão, com participação do grande Dominguinhos, infelizmente falhou nas paradas, mesmo com sua inclusão na trilha-sonora de "Porto dos Milagres" (a sucessora de "Laços de Família", mas nada que afetasse o sucesso do álbum: vendeu mais de 800 mil cópias apenas no Brasil.
Outro ponto que merece destaque é seu encarte - o melhor de toda a carreira de Daniela Mercury! Um ensaio luxuoso onde ela desfila belos vestidos da grife Maria Bonita pelo mangue baiano, com maquiagem e acessórios que lembrem toda a africanidade que sempre permeou sua carreira. O ensaio poderia estar em qualquer revista espacializada em alta costura a qualquer tempo.
Sol da Liberdade se destaca, além do sempre evidente controle de qualidade de Daniela sobre o seu material, por exemplificar aqui o que se chama de "álbum de transição" de um artista - embora com uma identidade prória, marca a virada multicultural e internacional que ela tomaria já no ano seguinte (levar um dj e uma orquestra de cordas ao seu trio elétrico, um álbum de influência eletrônica pesada, outro com clássicos do cancioneiro mundial, só para exemplificar). Daniela deixou de ser uma cantora brasileira e se tornou uma artista mundial, sem com isso perder suas raízes, sem deixar o trono de "Rainha do Axé". Sol da Liberdade foi o movimento que iniciou tudo isto.
Fonte da imagem:http://www.amazon.co.uk/

Uma Carmem Miranda moderna!
Embora Sol da Liberdade não seja o melhor álbum de Daniela - o álbum de estúdio anterior, "Feijão com Arroz", é um trabalho bem mais coeso e efetivo -, a clareza sônica faz mais que justiça à belíssima voz de sua intérprete, e põe em evidência a riqueza de seu canto - motivo suficiente para que qualquer um entenda a razão de sua reputação como uma das maiores estrelas da MPB ainda hoje.

MTV Video Music Brasil 2000:
Melhor Videoclipe de Axé ("Ilê Pérola Negra")
Melhor Videoclipe de MPB ("Santa Helena") - Vencedora: Marisa Monte, por "Amor I Love You"
Premios Ondas de la Musica 2000:
Melhor Artista ou Grupo Latino (Daniela Mercury)
Troféu Dodô e Osmar 2001:
Destaque Feminino (Daniela Mercury)

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