domingo, 6 de setembro de 2015

011 - Sem Parar! Se Parar, Você Cai!

Olá, querid@ leitor@!
Tudo Lucy in the Sky with Diamonds?
MiniTom entrou na onda das fantasias de bichinho. Só espero em Deus que ele não me encha o corpo de piercings ou invente de se encher de glitter, que dá um trabalho desgraçado pra limpar!
Pelamordedels, não, eu não me droguei, não fumei, não cheirei, não me piquei nem bebi nada (mas acho que MiniTom provou algo pra usar essas orelhinhas...)! Aliás, eu não sei o porque de eu estar falando estas coisas... o que que eu estava falando, mesmo? Ai, minha cabeça...
OH, SIM! O POST DE HOJE!
Eu sempre curti e admirei gente corajosa. Do tipo m@na que bota a cara no sol porque beeshah bunita não se esconde que fala o que pensa, faz o que quer e dá a cara pra bater, sabe? Sempre observei estas pessoas quando pequeno e queria ser ao menos desinibido! Com o tempo, percebi que coragem é muito mais que simplesmente "fazer e acontecer". Gente corajosa de verdade BANCA O QUE DIZ/FAZ - e no mundo de hoje, onde tod@s parecem dizer as coisas e depois se dizer "mal-interpretad@s", parece haver cada vez menos gente com ferro no sangue. Quando aparece alguém, chega a me hipnotizar.
Creio ser este o caso da artista de hoje.

Fonte da imagem: http://www.avidaquelevo.com/

Álbum: Miley Cyrus and Her Dead Petz
Artista: Miley Cyrus
Gravadora: Smiley Miley Inc.
Data de lançamento: 30/08/2015
Hannah MontanaMiley Ray Cyrus causou um furor na linha do tempo do meu Facebook no mundo da música ao anunciar, logo após encerrar uma apresentação na maior premiação da MTV estadunidense, o lançamento de um álbum novo com streaming gratuito.
Fonte da imagem: http://www.nytimes.com/

Mostrando sua falta de roupa no tapete vermelho do VMA 2015.
Na verdade, tudo o que eu sabia (na verdade, o que ainda sei) sobre ela, até aqui, é: 1) que ela é filha de um astro da música country - Billy Ray Cyrus; 2) que estrelou uma série que eu nunca assisti, mas que é muito famosa - até hoje a chamam de "Hannah Montana"; 3) que ela fez uma apresentação que causou bastante polêmica com Robin Thicke num VMA, aí - eu, francamente, não vi nada demais além de figurinos feios e uma dança vergonhosamente mal feita; 4) foi-não-foi, ela aparece na "mídia especializada" falando ou fazendo alguma besteira atos não muito saudáveis; 5) ela estourou aqui no Brasil com a ótima "Wrecking Ball"; 6) ela tem uma queda por figurinos horrendos roubados dos guarda-roupas noventistas das Spice Girls de design curioso e gosto questionável; e 7) ela é uma ativista ferrenha das causas ambiental (especialmente no que tange a vida animal) e da juventude LGBT sem-teto. É, acho que, atualmente, eu sei bastante coisas sobre ela - mas muito pouco MUSICALMENTE. Exceto aquela única canção, nunca ouvi nada dela.
Até o momento em que todo o furdunço em torno deste Miley Cyrus and Her Dead Petz despertou minha atenção (junto com o bom nome os Flaming Lips). E não há outros adjetivos que definam melhor este álbum que não sejam CORAGEM e OUSADIA (talvez ARTSY-FARTSY, mas tentarei relevar este em nome da boa impressão que o produto final me causou). Primeiro: QUAL O ÁLBUM, HOJE EM DIA, COMEÇA COM A FRASE "SIM, EU FUMO MACONHA"? Nenhum que eu conheça! Bateu de longe o "Quem disse que eu não posso ficar doidão" de John Mayer! Mas não se engane, ela avisa em "Dooo It!", o primeiro single e faixa que abre o trabalho: ela fuma maconha, ela ama a paz, mas ela não é nenhuma hippie. A capa do álbum mostra que ela toma banho... de glitter - artsy-fartsy detectada!
Fonte da imagem: http://www.nytimes.com/

Cantando com os Flaming Lips em Miami.
As letras, que precisam melhorar MUITO, têm algo de apelativo provocativo, evocando uma Madonna do período "Erotica"-"Bedtime Stories", mas indo talvez mais além em determinados pontos (um hino ao cunnilingus aparece em determinado ponto) e não passando da superfície em outros (um interlúdio onde ela aparece bêbada até no título pode, produção?). Ao mesmo tempo, mostram um lado (quase) ingênuo e muito doce de menina-moleca que ainda deve existir debaixo de toda a casca sexualmente explícita - em meio aos muitos bravados auto-afirmativos sobre pansexualidade podem ser encontrados romances passados, romances presentes e canções pra seus falecidos cão e peixe-balão (de onde vocês acham que saíram os "animaiz mortos" do título do álbum?). Isso mostra que todos os nomes envolvidos neste álbum (seja os Flaming Lips, seja WILL, sejam os convidados Big Sean, Ariel Pink e Sarah Barthel) são "meros" colaboradores. Rock psicodélico redondinho ou hip hop e funk, o álbum não perde uma atmosfera pop sem arestas aparadas - nada feito para tocar em rádios, soando como se derivasse de uma única fonte: a cabeça de Miley Cyrus.
Fonte da imagem: http://www.nytimes.com/

Cantando cazamiga no VMA.
Musicalmente, Miley Cyrus and Her Dead Petz soa como se Miley estivesse fazendo um estágio como vocalista interina do Flaming Lips - óbvio, porque a banda toca junto com ela na maioria das canções, e a mão de Wayne Coyne está envolvida na produção, nos arranjos e dando uma mão na coautoria de algumas das faixas (os outros Lips também metem o bedelho aqui e ali). A psicodelia rola solta como eu suponho que seja uma viagem de LSD transformada em ondas sonoras de synthpop oitentista. Mas ainda há outras faixas com traços de hip hop e trap - gêneros inimagináveis em álbuns de astros da Disney, cortesia do hitmaker Mike WILL Made-It! Vocalmente, a garota mostra potencial e versatilidade, dos berros aos sussurros, passando pelo canto propriamente dito (graças a Deus, esta é a parte predominante).
Miley Cyrus and Her Dead Petz fica cansativo lá pela sua metade (metade do álbum poderia ter sido reservada para b-sides de eventuais singles), mas tem um estranho efeito: Miley consegue capturar a atenção d@ ouvinte e @ intriga, @ deixa a se perguntar "o que virá na próxima faixa?" que @ impede de largar a obra. Quando se percebe, já se passaram as 23 faixas e quase uma hora e meia de sua vida em que você deveria estar estudando/trabalhando. Há muito espaço para melhorias, mas a bichinha é porreta, mesmo!
Fonte da imagem: http://www.nytimes.com/

Eu fumo maconha, amo a paz, tô nem aí pra vocês e mostro a língua.
Sabendo que "Hannah Montana" é um produto Disney e que Miley cresceu sob os holofotes tendo cada peido todos os seus movimentos documentados, não precisa ser muito imaginativo pra saber que sua existência foi devidamente controlada e roteirizada por empresários e gravadoras do camundongo para passar a imagem desejada ao público-alvo: criancinhas. Em algum ponto, uma alma rebelde sairia do controle e abraçaria o caos - como ela mesma diz em "Slab of Butter (Scorpion)" ("Autocontrole não é algo que eu esteja exercitando"). Miley Cyrus acabou de ganhar meu respeito, e até minha curiosidade pra conhecer sua discografia - pode ser o pop descartável que imagino que seja, mas creio ser importante conhecer a trajetória de uma artista até uma chegar a uma obra como Miley Cyrus and Her Dead Petz. Este álbum é uma manifestação de poder - o poder que ela sabe que adquiriu e faz questão de exercitá-lo, de mostrar seu bravado de "ninguém me diz o que fazer" com o dedo do meio exposto. Ganhar tamanha liberdade artística a ponto de poder lançar um álbum independentemente, de graça, e ainda manter seu contrato com uma grande gravadora é algo impressionante, para pouc@s e ousad@s - e cabe a ela, agora, mostrar que sabe o que fazer com ela. A julgar por estes Dead Petz, ela parece saber bem e, caso ela faça as escolhas mais corretas ao seu caráter e mais seguras à sua saúde, seu futuro promete grandes feitos.

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