segunda-feira, 14 de setembro de 2015

013 - Um Deus do Desejo que Observa Histórias de Amor e as Vocaliza

Boa noite, pessoas do meu coração!
Como estamos tod@s? Tudo certinho?
Esta é uma das raras vezes em que escrevo a introdução DEPOIS de terminada a postagem principal - estranho, né? Mas eu sou assim, mesmo, geralmente. Sei exatamente o que eu quero falar na introdução de um texto, mas quando chega a hora do "valendo", fico a penar para encontrar as palavras corretas e escrever algo decente. Desta vez, foi o oposto. Este foi o post mais rápido que escrevi nestes quase dois meses de Discoteca, Filmoteca e Biblioteca! Escrevi de forma totalmente intuitiva e, por incrível que pareça, fiquei satisfeito com o resultado. Mal mexi nele. Mas percebi que eu não havia escrito uma introdução! Olhem só que coisa, não sabia o que escrever - por isso que comecei falando sobre não saber o que dizer: usando de minha habitual honestidade para encher linguiça mostrar a vocês que mesmo um bloqueio criativo pode ser usado como ferramenta para escrita - ao menos, até que algo melhor finalmente chegue à mente. Oh, céus, não sei que espírito foi este que baixou em mim...
Por falar em "espírito", vocês acreditam em almas? Que elas fiquem entre nós após sua desencarnação, quando seus assuntos não estão resolvidos? E em "incorporação", "possessão" e variantes? Pessoalmente, eu não sei. Eu acredito que quase todos nós seres sencientes possuímos almas (algumas sebosas, outras bem limpas). Já o que acontece após desencarnar, é um mistério para mim - e nem sei se quero pensar nisso, prefiro deixar tudo resolvido por aqui para encarar o que tiver de ser depois - visto que eu não sei se poderei voltar e contar pra alguém. Mas devo confessar que a idéia de ter meu corpo "invadido" não é nada agradável. Me dá arrepios!
Aliás, esta é a segunda vez que um espírito vem pra Discoteca, não? Depois de Applewhite, chegou uma nova entidade para lidar. Pois é, MiniTom! Só olhando pro céu, mesmo!
Passemos à incorporação postagem de hoje!

Fonte da imagem: http://revistaogrito.ne10.uol.com.br/

Álbum: Eu Vou Fazer uma Macumba pra Te Amarrar, Maldito!
Artista: Johnny Hooker
Gravadora: Jdm Music
Data de lançamento: 2015
Meu dileto amigo Thiago Henrick me indicou esta obra. Eu já conhecia "Volta" e "Alma Sebosa" e, honestamente, não curto a estética - logo, fiquei temeroso do que eu ouviria - e do que eu falaria a respeito. Mas como quem está na chuva fui eu quem pediu a obra...
"Johnny Hooker é uma mulher em fúria dentro de um homem com os olhos marejados de lágrimas", já definiu John Donovan - o rapaz pernambucano que incorpora tal entidade antes de subir no palco. Com suas roupas pretas (por vezes transparentes), maquiagem carregada nos olhos e muitos acessórios prateados ou dourados a adornar pescoço, baços, mãos, tronco e ventre, fica claro que Johnny Hooker é, mesmo, algum orixá que se perdeu de algum terreiro uma entidade em busca de seu templo.
Fonte da imagem: http://miojoindie.com.br/

Alguém tem um templo, um terreiro, uma igrejinha pra me alugar?
Em seu álbum de estréia-solo (antes, ele era vocalista da Candeias Rock City), "Eu Vou Fazer uma Macumba pra Te Amarrar, Maldito!", Hooker inunda @ ouvinte com a visceralidade absurda de suas letras e arranjos. O drama está lá e é universal: a obra exala amor, perda, raiva, paixão, (muita) rejeição e (muito) sexo. Mas o álbum está longe de ser pesado - em verdade, ele é catártico, graças à própria interpretação do artista, com um ar debochado, como quem diz 'nada é tão triste que não se resolva com uma boa noite de farra' - "Chega de Lágrimas" dá o recado claramente ("Chega de lágrimas! Eu vou meter, meter meter, meter!").
"Eu Vou Fazer uma Macumba pra Te Amarrar, Maldito!" evoca o som que lembra "Flowers", de Émilie Simon - um pastiche do pop/rock comumente tachado de "música brega" que esteve em voga nos anos 1960, com órgão e tudo - mas com guitarras bem sujas aqui e ali para diferenciar. Algumas faixas carregam influências de outros ritmos, como o samba de gafieira em "Volta", o ska em "Chega de Lágrimas", os tambores evocando Axé em "Boyzinho" preparando o terreno para tomar o controle em "Boato" e o frevo Elbaramalhístico de "Desbunde Geral", mas a estética do álbum não se perde - é o rei Regi mostrando sua força e influência sobre as novas gerações.
Fonte da imagem: http://www.bcharts.com.br/

Chorando suas lágrimas de sangue no palco.
Os primeiros singles já rodavam a internet tem bastante tempo. Em 2013, "Volta", do filme "Tatuagem". Em 2014, "Alma Sebosa" esteve na trilha da triste novela "Geração Brasil" - da qual Hooker também fez parte do elenco. Ambas foram singles e anunciavam bem o que viria este ano. "Amor Marginal" veio junto com o álbum e entrou na malfadada "Babilônia". O álbum, inclusive, termina com uma versão em espanhol para "Alma Sebosa" que, francamente soou desnecessária. "Desbunde Geral" seria um fechamento perfeito, anárquico e popularesco.
Fonte da imagem: http://revistaogrito.ne10.uol.com.br/

Sensualize o drama!
A voz de Johnny Hooker é um instrumento à parte. É diferente de tudo o que está nas rádios (qualquer delas) hoje em dia, e tem a qualidade primordial de saber engajar @ ouvinte a embarcar nos sofrimentos por tantos eles e elas que lhe conferem força na voz. Embora o álbum não seja, exatamente, do meu gosto particular, é óbvio que "Eu Vou Fazer uma Macumba pra Te Amarrar, Maldito!" foi feito buscando um nicho para si fora do mainstream, mas que eventualmente pode ser engolido por ele - vista a ótima recepção que o álbum tem tido na internet e o furor do público em seus shows.
Vida longa à entidade, então!

Nenhum comentário:

Postar um comentário