quinta-feira, 10 de setembro de 2015

012 - No Mondo Muderno, a Porradaria Rola Frenética

BOM DIA, BOA TARDE, BOA NOITE, AMADINHOS DE TOM!!!
Como estamos tod@s? Bem? Que maravilha... oi? Não? Oh, puxa, mas o que houve? Procurou ajuda médica? Eu sei, eu sei, os planos de saúde estão a treva, sei bem disso!... Mas você está melhor, né? Ah, que bom saber! Que bom, que bom, que bom!
MiniTom está bem roqueiro, hoje, jogando na minha cara toda a sua intimidade com a guitarra, enquanto eu não sei sequer pegar no instrumento - estou começando a odiar este BuddyPoke! Sério, nem mesmo air guitar eu consigo fazer direito, é de fazer vergonha!
Êniuêi, MiniTom e eu temos ouvido uma boa dose de rock, ultimamente. É tudo o que tem entrado no som do TomMóvel II, nestas últimas semanas. Acho que tem ficado claro, por aqui, né? Reparei que tem mais rock que qualquer outro ritmo figurando em nossa Discoteca. Tentarei dar uma nova guinada por aqui mais tarde, prometo!
Por ora, fiquem com La Torloni!

Fonte da imagem: httphttps://en.wikipedia.org/://www.jayvaquer.com.br/

Álbum: Você Não Me Conhece
Artista: Jay Vaquer
Gravadora: EMI
Data de lançamento: 01/11/2005
Eu sou fã do moçoilo Jay Vaquer. Tanto que decidi escrever sobre ele, hoje, como um meio de sublimar a raiva que a atual prática de mendicância conjuntura econômica me traz por não ter podido ir a Recife ver o show dele sexta (dia 04/09). Mas o cara tem tantos álbuns fodásticos, foi regravado até pela mãe, tem tanta gente tanto alternativa quanto mainstream fazendo parcerias com ele... De qual falar? Do primeiro, que o botou no mapa? Do segundo, o primeiro distribuído por uma grande gravadora? Do álbum ao vivo? Do mais recente, relendo Guilherme Arantes? Não, bora pro meu favorito: "Você Não Me Conhece", de 2005!
Fonte da imagem: http://www.minasemmimfaclube.xpg.com.br/
Antes de mais nada, um esclarecimento: Jay Vaquer, em verdade, É o NOME do rapaz. Ele é filho do guitarrista estadunidense Gay Anthony Vaquer - cunhado e ex-parceiro de Raul Seixas que, por motivos óbvios, viria a adotar o nome artístico Jay Vaquer - e a maravilhosa cantora paraense Jane Duboc. Crescendo a visitar estúdios e dividindo residências entre o Brasil e os Estados Unidos o deram mais que o bilinguismo: deram uma vivência e um conhecimento maior sobre alguns meandros que envolvem o fazer música, o viver música e o viver de música. Aos 10, gravava jingles e aprendeu a tocar violão. Formou-se em publicidade na FAAP (nunca exerceu) e como ator no Teatro Escola Célia Helena (na mesma turma de Carolina Kasting, com quem contracenaria no clipe de "Aponta de um Iceberg"), dando início a uma carreira musical em 2000 ao protagonizar o espetáculo teatral "Cazas de Cazuza", junto com Vanessa Gerbelli in 2000. O sucesso do musical abriu as portas dos estúdios para que Jay fizesse seu álbum de estréia pela Jam Music, "Nem Tão São" - que despertou a atenção de todos quando o clipe de seu single "A Miragem" alcançou o topo da parada da MTV. O segundo álbum, "Vendo a Mim Mesmo", veio pela EMI e surpreendeu os canais de televisão musical com o sucesso que o clipe de "Pode Agradecer" atingiu. Apesar disso, a maioria das estações de rádio pareciam não notar a existência do talentoso Vaquer. Isto viria a mudar.
Você Não Me Conhece é o terceiro álbum de Jay, o primeiro com material completamente autoral. Aqui, os resquícios de "nova face da MPB" que o primeiro álbum trouxe e ainda perduravam no segundo, foram embora de vez. Agora é álbum de rock, bebê! Sem escolhas de canções conhecidas de grandes autores do pop nacional para roubar a atenção, as composições de Jay vieram à frente com força - foi uma opção ousada, mas necessária - e acertada.
Fonte da imagem: http://sombrasbalthamos.blogspot.com.br/

Você sabe dizer o que é "normal"?
Vaquer é um letrista inteligente, com uma interessante variedade de estilos de escrita (narrador-cronista do "Cotidiano de um Casal Feliz", confessional em "8 e 80") e de temas que tratam desde conflitos sentimentais até críticas e reflexões sócio-psicológicas (crônica sobre a hipocrisia em "Cotidiano de um Casal Feliz", auto-afirmação na faixa-título, romance/torcida pelo time do coração em "8 e 80", falta de solidariedade humana em "Mondo Muderno", desventuras amorosas em "Campo Minado", solidão em "Os Dias Lembram Alguém", paranóia em "Paredes"). Com um nome já feito e uma Mundiça mundicenta público ruidoso e fiel, já estava na hora de investir em si totalmente- afinal, a gente ainda não o conhecia.
Como musicista, Vaquer se mostra afinado com o pop radiofônico. Você Não Me Conhece brinca com várias vertentes do rock e até com alguns de seus ritmos-base, como o jazz de "Quando Fui Fred Astaire", as distorções à Coldplay em "A Falta que a Falta Faz" ou a orquestração luxuosa de "Paredes" - todas as onze faixas poderiam figurar na programação de alguma rádio, sem problemas.
Os singles fizeram sucesso pelas rádios cariocas e na MTV brasileira: o primeiro, "Cotidiano de um Casal Feliz", tem um dos vídeos mais fodásticos impressionantes de todos os tempos. Já "A Falta que a Falta Faz" não teve a mesma sorte - ganhou um remix interessante, mas o clipe deixou muito a desejar, pra quem já havia nos deixado "A Miragem", "Pode Agradecer" e o anterior (pronto, agora, a Mundiça vai encomendar a minha execução).
O curioso é que o álbum se chama Você Não Me Conhece, mas saímos da audição ainda sem conhecer o real Jay Vaquer. Percebemos um letrista habilidoso e um musicista competente, que urgem por fazer o ouvinte PENSAR com letras que não se entregam "de bandeja" e que podem ter mais de um sentido - um achado no mainstream mundial atualmente, repleto de canções de fácil apelo e sem grandes exigências de massa cinzenta para apreciação. Jay revela-se um cronista de mão cheia - e é aí que residem suas letras mais cortantes, com críticas sociais que podem (ou não) revelar alguma opinião pessoal, mas mesmo nas letras supostamente mais confessionais, há uma aura de mistério se estamos lidando com a pessoa por trás das notas ou com a interpretação de algum personagem de mais uma crônica. Em Você Não Me Conhece, conhecemos o autor, mas não a pessoa que é o autor (mas isso se resolve: ele é bem mais aberto em seu Twitter!).
Fonte da imagem: http://matracacultural.com.br/

Ao vivo no Tom Jazz, em 28/07/2012
Talvez a pergunta que não queira calar seja "por que Jay Vaquer não estourou?". Não há uma resposta certa para isso. Inegável, ele tem um público numeroso em sua Rio de Janeiro natal, mas no resto do Brasil, ele ainda é o "ilustre quem" para parte do grande público, mesmo com uma carreira consolidada em sete álbuns e uma música em novela global - o que o leva a não raro optar por não levar seu show completo para outras praças. Talvez seja o público que não esteja preparado para ouví-lo (ou não queria pensar muito ao ouvir música). Talvez má vontade das grandes gravadoras em divulgar algo fora do circuito sertanejo-suingueira. Talvez uma onda de azar. Quem sabe tudo junto. Mas o importante é que seu material seja divulgado e espalhado por aí. Cedo ou tarde, alguém mais vai ouvir e vai curtir - e é assim que se aumenta um público.

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