terça-feira, 20 de outubro de 2015

022 - Eu Conheço um Lugar Legal, Onde o Gim É Frio, Mas o Piano É Quente!

Hoje é mais um dia especial: um dia de encontro de dois dos trigêmeos: a Discoteca e a Filmoteca se encontram, hoje. Então, creio que não há nada mais justo para a ocasião que falar de um filme e sua trilha sonora. Melhor ainda, falar de um dos meus gêneros favoritos: o musical! Nem me torçam o nariz, eu estou vendo!!!
A primeira vez real que eu me dei conta de que AMO musicais foi ao sair, junto com meu irmão, da sala do extinto Cine Cidade, onde uma explosão de pretos, vermelhos, super troupers e muita purpurina invadiu meus olhos pela tela de projeção, acompanhados de muito jazz e vaudeville. Cantarolei as canções durante dias a fio, torci no Oscar feito um louco e, assim que tive dinheiro e acesso a chance, comprei a trilha. E canto e danço no quarto, no banheiro e no chuveiro praticamente direto ouço sempre que tenho vontade. Este filme foi Chicago. E dele, deixo para falar na Filmoteca.
Hoje, tem musical, sim! E se reclamar, ponho só musicais aqui até o ano que vem! Vlw flwz! Papai ama vocês!
E vamos aos trabalhos!

Fonte da imagem: https://en.wikipedia.org/

Álbum: Chicago: Music from the Miramax Motion Picture
Artista: Vários
Gravadora: Epic/Sony Music
Data de lançamento: 19/11/2002
Fonte da imagem: https://jasoninhollywoodland.files.wordpress.com/
Trilhas de filmes musicais que vêm de espetáculos teatrais raramente oferecem surpresas, afinal, a obra está praticamente pronta. O grande mistério, aqui, residia em saber como se sairiam as vozes do elenco no ambiente hermético do estúdio fonográfico (raramente as performances vocais que aparecem na tela grande são as mesmas que figuram num álbum - e este álbum não é exceção). Claro, também se busca conhecer melhor as inevitáveis faixas novas (especialmente em se tratando de um filme de um grande estúdio, feito para ter potencial em premiações). Chicago, em sua maior parte, não decepciona!
Das profissionais do ramo, não se esperava menos que brilhantismo - e Catherine Zeta-Jones e Christine Baranski entregam com gosto - especialmente Baranski, presa numa personagem de apenas duas linhas de música! Como metade do álbum é seu, Zeta-Jones fica praticamente obrigada a brilhar - ainda bem que ela não fugiu do desafio e mostrou ao resto do pessoal como é que se faz a coisa!
Fonte da imagem: http://www.people.com/
Queen Latifah, embora já tenha cantado refrões e até canções inteiras antes em sua carreira como rapper, nunca havia se aventurado longe do hip hop. E se deu muito bem, porque "When You're Good to Mama" é um vôo muito longe de tudo o que ela já fez, e "Class" é a melhor faixa do álbum - e lhe abriu a possibilidade de uma carreira musical paralela como cantora de jazz.
Eu não sei nem o que dizer sobre Richard Gere (talvez porque falar mal dele seja o mesmo que bater em filhotinhos). Não sei se o problema é a voz dele ser muito esganiçada, não sei se é o fato das músicas de Billy Flynn não serem tão boas quanto as das personagens femininas (ou mesmo melhor que a "Mr. Celophane" de Amos Hart), ou um combinado das duas. O fato é que as canções dele só são escutadas obrigatoriamente como modo de entender a história através do disco. Como obras fechadas em si, melhor pular todas.
Fonte da imagem: http://www.playbill.com/
Renée Zellwegger surpreendeu. Após a cena quase antológica de Bridget Jones, aceitar o papel principal num musical chamou as cobranças atenções todas para si. E mesmo com uma voz menor, ela conseguiu convencer. Roxie não precisa ter o mesmo vozeirão ou técnica de Velma, já que ela não tem o treino, nem está no mesmo nível dela. Eu fiquei realmente animado com a voz dela e o potencial mostrado - até a sua recusa em cantar no Oscar, que veio como um balde de água fria: Renée Zellweger é mais um milagre de estúdio - e ainda há relatos de que ela não consegue dançar nem a Macarena...
Discutamos as canções novas: "I Move On" (a canção que foi roubada em todas as premiações a que concorreu e perdeu) traz uma performance legal de Renée, e uma estupenda de Zeta-Jones. Escrita pela mesma dupla que compôs o livreto teatral (John Kander e Fred Ebb), tem uma letra ótima, e retrata bem o espírito das protagonistas - e pode servir a qualquer pessoa resiliente - o problema foi juntar Zellweger e a sra. Douglas na mesma canção: Renée acabou engolida, a pobre.
Fonte da imagem: http://encorentertainmnt.blogspot.com.br/
As suítes de Danny Elfman adornam legal o clima do filme e a "porção instrumental" dos álbuns de trilha sonora de filme. Agora, as duas últimas do CD são problemáticas. A releitura de "Cell Block Tango" feita por Queen Latifah tenta atualizar a letra com novos crimes, um grito feminista e uma pegada mais 2002 - além de deixar o tango apenas no título e se jogar no seu hip hop de origem, acompanhada de Lil' Kim (fresca do sucesso que foi "Lady Marmalade") em mais raps e Macy Gray cantando o refrão (meio incompreensível, visto que Latifah provou mais cedo no álbum ter um gogó bem mais potente.
Fonte da imagem: https://vimeo.com/
"Love Is a Crime" parece aquelas mentiras contadas pelas presidiárias contam nos tribunais orientadas por Billy Flynn. A roupagem mistura o puro bubblegum pop com instrumentos de sopro que lembrem algo de vaudeville (tentativa meio falha), e uma Anastacia gritando CHICAGO a três-por-quatro, pra lembrar que a música é para o filme. Embora nenhuma das duas seja ruim, nenhuma das duas é boa, ou espetacular. São desnecessárias (o que é algo broxante para finalizar um álbum). Ainda assim, "Love Is a Crime" virou single (apenas nos Estados Unidos, devido ao câncer de mama que atingiu Anastacia), e a regravação de "Cell Block Tango" ganhou um videoclipe estiloso.
Fonte da imagem: http://www.digitalspy.co.uk/

Ra-ta-ta-tá!
Chicago é daqueles álbuns que ouvimos e ficamos nos perguntando "como será que conseguem cantar e dançar isso ao mesmo tempo?". As músicas são vigorosas, exigem vocais potentes e as coreografias do finado Bob Fosse são fisicamente extenuantes, para dizer o mínimo. Mas isso provavelmente pouco importa a você, car@ leitor@ ouvinte! Basta saber que aqui há um ótimo disco com muito cabaret jazz, letras cheias de veneno, performances (em sua maioria) de alto calibre e muita, muita diversão! Quem disse que o crime não compensa?

Grammy Awards 2004:
Melhor Álbum de Trilha Sonora para Filme Cinematográfico, Televisivo ou Outras Mídias Visuais (Joel Moss e Dan Hetzel [engenheiros de som/mixadores]; Randy Spendlove e Ric Wake [produtores])
Melhor Canção Escrita para Filme Cinematográfico, Televisivo ou Outras Mídias Visuais (Fred Ebb e John Kander, por "I Move On") - Vencedores: Christopher Guest, Eugene Levy e Michael McKean, por "A Mighty Wind" - filme "A Mighty Wind"

VEJAM TAMBÉM!
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"O Morro dos Ventos Uivantes"
(romance)
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"Rainbow Brite e o Roubo das Estrelas"
(longa-metragem animado)
Bernard Deyriès e Kimio Yabuki

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