sábado, 24 de outubro de 2015

023 - Perdido numa Ilha Deserta

Olá, amadinh@s de Tom!
Como estamos tod@s? tudo certinho? Oh, que bom saber, minim! Parabéns!!!
Sabem aquelas surpresas que a vida nos apronta? Aqueles momentos inesperados, onde uma informação inusitada pode resultar talvez num encontro de almas (Fui longe no devaneio, né? É efeito da novela...)? Enfim, a vida, esta marota, adora zoar com a nossa cara nos reservar novidades inusitadas ao longo dos dias! Algumas são legais; outras, nem tanto! Mas, se olharmos com bastante atenção, absolutamente todas elas nos ensinam algo novo! Basta que estejamos tod@s abert@s a aprender!
A obra de hoje tem tudo a ver com o que falo agora. Ela me apareceu de surpresa, me pegando completamente desprevenido - sim, este é mais um "post-fura-fila"... -, e fala justamente de aprendizado e reflexão.
Curios@s? Vamos aos trabalhos!

Fonte da imagem: http://vrnews.com.br/

Álbum: Ilha Desconhecida
Artista: Dabliu
Gravadora: Tratore
Data de lançamento: 20/09/2015
Esta semana, fui surpreendido em meu Facebook com um pedido de amizade de um certo Dabliu Junior. Intrigado, fucei o perfil dele. Cantor, com um álbum recém-lançado, parari-parará... a curiosidade imperava: de onde saiu este cabra a mim completamente desconhecido? Não lembro de ter visto nenhuma postagem ali que eu tenha curtido (nem mesmo por repostagem de alguém em comum - que não há), mas enfim, não importa. Eu vi um artista com uma obra recém-lançada e fui conferir. Sou desses!
Fonte da imagem: http://www.emcartaz.net/

Foto por Erick Reis.
Não posso traçar comparativos de Ilha Desconhecida com a discografia anterior de Dabliu, porque eu não procurei (ainda). Este álbum é realmente a primeira impressão que tenho dele. O que sei dele, vi em seu press release: ele é um cantor-compositor (creio que curitibano), de visual mezzo-hipster-mezzo-Renato Russo, tem dez anos de carreira, e carrega no currículo um disco ("Sobre os Ombros de Gigantes", de 2012) e um EP ("Quando Eu Tiver 70 + Ela e o Vendaval", de 2014) já lançados em carreira-solo, quando ele ainda assinava Dabliu Junior e que agora, logo após o lançamento deste álbum, ele embarcou para uma temporada na Inglaterra.
De primeiro, fiquei impressionado com a beleza plástica da capa do disco. O rosto do cantor "rasgado", a revelar uma nebulosa. Convite a decifrar o mistério, depois de me certificar que uma corrente não vai sair do buraco negro. "Desconhecida a vida se move. Desconhecido o amor se desfaz e refaz." são as primeiras palavras pronunciadas, abafadas por uma parede de som feita por vozes. E a partir daí, Ilha Desconhecida se estabelece: é um tratado sobre a solidão e o isolamento. A Ilha Desconhecida é o próprio Dabliu (ou "no fundo, essa ilha é toda a gente", ele tenta despistar). Seria ele desconhecido de si mesmo? No fundo, quem não é? Quantas vezes não sabemos responder à temida pergunta "quem sou eu?", ou sabemos e nos surpreendemos quando fazemos algo fora de nossa própria "auto-delimitação".
Fonte da imagem: http://elosculturais.com/

Digam aí - ele não lembra mais o Renato Russo do que eu? Foto por Erick Reis.
Explorando esta Ilha Desconhecida, somos levados por Dabliu a faixas que passeiam por ritmos africanos e brasileiros adornadas por intricados arranjos vocais (acho que eu já disse em algum canto que adoro o efeito carpenteriano da parede de som), sons processados eletronicamente e vários tipos de batuques, que proporcionam momentos até mesmo dançantes. Mas por baixo da agitação entre sambas e rodas, há uma melancolia que oprime, fica a queimar no fundo à espera do momento de "explodir" - o que ocorre nos momentos em que a letra vem à frente da baila. Ao final de "Gaia", a penúltima faixa (onde ele desafia: "não vão me separar de mim!"), já dá vontade de correr pra abraçá-lo bem forte e dizer "tudo vai ficar bem, cabra!".
Por falar nas letras, Dabliu me apresentou seu “caderno do desassossego”, onde vi uma sintonia fina entre o que está ali postado e as letras desta Ilha Desconhecida - o que indica que as suas letras são coisa personalíssima, de um artista com necessidade de autoexpressão. Aliás, a expressão também se estende à linguagem audiovisual: A faixa "Na Véspera do Tempo" ganhou um clipe que serviu como teaser do álbum. Logo veio o videoclipe de "Viajante", onde ele se apresenta como uma parte do fio em uma máquina de tear (ou seria uma Björk a construir seu casulo?), algo como uma transformação interna particularmente dolorosa a rolar... como crescer.
Fonte da imagem: https://mylolleepop.wordpress.com/

Ele, caçador dele mesmo.
Ainda escutarei o restante de sua discografia. Não sei o que encontrarei. Só sei que espero que nas chuvas londrinas ele encontre o sol.

VEJAM TAMBÉM!
Biblioteca

"O Morro dos Ventos Uivantes"
(romance)
Emily Brontë
Filmoteca

"Chicago"
(longa-metragem)
Rob Marshall

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