quarta-feira, 25 de novembro de 2015

030 - Crise de Quarto de Idade

Olá, crionças!!! Que saudades de vocês por aqui, na Discoteca!!!
Que acharam da postagem sobre Clarice Falcão brincando de Beyoncé? Eu certamente gostei muito de escrever qualquer coisa que seja pra desancar a feminista-lite, foi divertido! Mas agora é hora de partirmos para outra obra - mas antes, uma chamada para os comerciais um pequeno anúncio dos Trigêmeos:
Há muito tempo, algumas pessoas têm me pedido para que eu dê notas às obras discorridas nas postagens da Discoteca, da Biblioteca e da Filmoteca, como se fazia nos tempos dos Culture Rangers. Desde que iniciei os trabalhos com os trigêmeos, sempre fui contra este tipo de coisa, porque eu achava que apenas o texto deveria servir para dar a minha opinião (mesmo por baixo da ironia e do sarcasmo eventualmente expressos), sem precisar de algum sistema de cotação para escancarar tudo. O importante, para mim, era despertar a curiosidade de você, leitor@, a ir buscar a obra e conferir se concorda ou não comigo.
Eventualmente, comecei a repensar minha posição, e fiquei indeciso. Portanto, resolvi deixar a decisão com VOCÊS! Desde ontem, até o dia 06/12/2015, os posts dos Trigêmeos terão um sistema de nota que julguei interessante. Mas dependerá de VOCÊ se este sistema continuará no ar. Próximo ao final desta postagem, há uma enquete. Por favor, responda-a (se quiser, pode votar quantas vezes desejar) - lembre-se que os Trigêmeos existem por minha vontade, mas persistem por VOCÊ, então, dê seu pitaco!
Voltando à programação normal:
A obra de hoje é aguardada a pelo menos quatro anos! Muito se falou, muito se celebrou, e lógico que nossa Discoteca não poderia ficar de fora da onda, né?
Vamos aos trabalhos!

Fonte da imagem: http://adele.wikia.com/

Álbum: 25
Artista: Adele
Gravadora: XL
Data de lançamento: 20/11/2015
A não ser que você tenha nascido após 2011 ou viajado para fora do planeta Terra, é impossível não saber quem é Adele Laurie Blue Adkins. A mocinha de corpo cheinho e vozeirão irreal que, com um som de intrumentos à moda antiga, desbancou as saradas do pop eletrônico em vendas, nas ondas das rádios e em premiações com um álbum cheio de sofrência amargura e ressentimento chamado "21". Na esteira deste álbum, vieram 30 milhões de cópias vendidas, prêmios Grammy, uma canção para um filme de James Bond (que lhe rendeu um Globo de Ouro e um Oscar) e o status de ícone musical pop com um álbum culturalmente relevante - seu segundo álbum.
Fonte da imagem: http://www.macrumors.com/
Obviamente, um feito e tanto para qualquer pessoa. Adele sabe bem que qualquer coisa que ela lançasse após tal sucesso certamente não corresponderá às expectativas (especialmente as de vendagem), e que a pressão sobre seus ombros era enorme. Tanto que ela pensou em desistir e largar tudo e ir viver de outra coisa, "para sair no topo". Ainda bem, a convenceram do contrário: ela não precisa tentar superar "21" para provar nada, ela já fez seu nome e estabeleceu seu som. Então, ela tomou o tempo que considerou necessário para lançar um álbum que ela julgasse um reflexo dos acontecimentos em seu mundo nestes quatro anos e digno de suceder seu maior feito. Nasceu, assim, 25.
No novo álbum, Adele buscou experimentar coisas novas que não haviam em "19" ou "21": elementos eletrônicos, alguns leves toques de disco e algumas tentativas de brincar com algo mais uptempo. Ainda assim, Adkins sabe onde fica a sua região musical e não foge demais da fórmula: mesmo com as inovações rítmicas, 25 reside na mesma área dos álbuns anteriores, nas baladas de tintas vocais fortes (chamadas torch song), mas numa área de convergência que abrange os jovens que saem do pop descartável e buscam algo mais eletrônico misturado com R&B (que satura as rádios atualmente) e os não-tão-jovens que apreciam genuinamente sua voz extraordinária, sua classe como performer e suas composições maduras para anos além de sua idade. Não é uma mudança radical, mas há diferenças - 25 parece querer ter sua personalidade própria a vibrar.
Fonte da imagem: http://www.rickey.org/
Os colaboradores de "21" estão quase todos aqui: Paul Epworth mantém a "marca Adele" em perfeito funcionamento (nem dá pra negar que os momentos mais memoráveis da moçoila têm participação dele - e aqui, o feito se repete) e Ryan Tedder evita que as batidas das canções caiam demais a ponto de entediar o público ou que o álbum caia no território "vou-cortar-meus-pulsos" pertencente a Lana del Rey (embora apenas uma canção de suas sessões, a fofa "Remedy", tenha feito a lista final).
As novidades que se iniciam nas experimentações sonoras, continuam com os colaboradores: Greg Kurstin extraiu de Adele a faixa que abre o álbum e que é o primeiro single a bombasticamente melodramática "Hello", e mais duas faixas. O onipresente Max Martin cravou o que parece ser o único espaço onde não havia o nome dele e traz seu mais-do-mesmo para que a moça tente dar um jeito (com resultado dúbio). Danger Mouse também aparece por aqui. O australiano Sam Dixon traz a arrepiante (no melhor dos sentidos) “Love in the Dark”. "When We Were Young" tem tudo para ser o segundo single e foi composta em parceria com Tobias Jesso Jr.. É um dos melhores momentos de 25 (e estranhamente parece ter sido extraído de alguma sessão de "21").
Fonte da imagem: http://brunomyownph.blogspot.com.br/
Quando vi o nome de Bruno Mars listado, fiquei animado. Pensei "será que vai rolar Adele cantando algo com mais funk?" Para minha decepção, não rolou. "All I Ask" é mais uma balada - e com tantas outras vindas antes, parece que torna esta daquelas intermináveis. Ao menos, é um dueto, e Peter Gene Hernandez é o vocalista perfeito para tarefa de dividir microfones com um gogó como o de Adkins. Sozinha, a canção sobrevive muito bem e tem potencial para ser um novo single.
A terceira novidade está na temática presente em 25, o que foi a parte mais bem-vinda. O maldito ex de "21" ainda está aqui (e Adele continua na sofrência pelo desgraçado falando demais dele pro meu gosto), mas agora sua relação com o local onde ela cresceu retorna à baila (estava ausente desde o fechamento de "19") e também entram na dança sua mãe, seus amigos e até seu filho. A última faixa, "Sweetest Devotion", mostra que Adele sabe flertar com o rock, e poderia fazer carreira se um dia se cansar de tentar ocupar a posição que Céline Dion deixou vaga. E a canção é uma linda ode ao rebento. Como eu disse antes, momentos assim são sempre obra e graça de Paul Epworth.
Fonte da imagem: http://bestofweb.com.br/
Algumas coisas ainda não funcionam, tanto no campo daquilo que já conhece de Adele, quanto das novidades experimentadas em 25. Por um lado, temos um álbum que ainda se perde num tema já batido e rebatido no álbum anterior, e acaba minando a compositora - toda a sofrência de "21" ainda respinga aqui e o tom de "eu passei por isso e aprendi", que é tçao inspirador, levanta a dúvida: ela aprendeu, mesmo, alguma coisa? Por outro lado, experimentação é o que faz o artista, e jamais haverá algo errado nisso. Mas produtores superrequisitados pelos astros pop atuais como Martin, Shellback, Kurstin e mesmo o mais alternativo Danger Mouse parecem não compreender que Adkins não é Cher ou Miley Cyrus ou mesmo Kelly Clarkson - ela é uma das raras cantoras pop cuja voz simplesmente NÃO DEVE ser retocada. Mesmo seus raros momentos de imperfeição têm seu significado e conseguem exprimir a emoção exata que a moça quer passar. Ouvir sua voz ser retocada como em "Hello" ou tão processada como em "River Lea" traz a triste impressão de que a artista que conseguiu trazer a instrumentação real de volta ao topo das paradas mundiais começa a se render à pressão do electropop.
Fonte da imagem: http://nerdist.com/
Apesar de tudo, 25 ainda é um álbum forte - tudo se resume (ou deveria) a GRANDES CANÇÕES. Embora estas estejam em falta, aqui, nenhuma canção é ruim ou mesmo mediana. São todas boas ou muito boas! Compará-lo a "21" é exercício fútil - dificilmente venderá o mesmo ou trará novos fãs a Adele (se você não gosta, mantenha-se longe deste novo álbum; se não é fã, quem sabe encontre algo que curta, aqui; se é fã, já sabe que irá se refestelar). No fundo, este álbum veio como lembrete do quão superior vocalista e compositora ela é em relação às outras que dividem com ela lugares nas paradas mundiais. Adkins possui um talento único, e os momentos brilhantes superam de longe os nem tanto.

OXE, OXE, OXE!!! VOLTE AQUI!!! Ó A ENQUETE PROCÊ RESPONDER!!!
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2 comentários:

  1. Concordo com sua superioridade vocal, uma voz potente e única.
    Nunca havia relacionado Adele e Celine, e, na verdade, os estilos são totalmente diferentes. Mas, talvez, em significado no mundo musical, esta seja mesmo a posição de Adele, ocupar o lugar de Diva, que, outrora, foi ocupado por aquela.
    Ainda estou conhecendo o disco, escurei umas 2 vezes. Embora falem em amadurecimento, achei bem parecido com 21, e o ex, definitivamente, ainda está lá. Não que isso seja ruim! Mas é só para questionar se, de fato, houve uma superação ou se ela percebeu que essa fórmula vende e, por isso, insiste nela. É isso!

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    Respostas
    1. Essa comparação me apareceu agora, porque Adele se apresentava como cantora de torch songs - aquelas baladas de letras extremamente sofridas e que exigem gogó pra cantar sem errar. Já com essa pegada mais "pop comercial", as baladas entraram no terreno da Celine (mesmo que Adele ainda consiga manter sua própria identidade musical através dos arranjos).
      Já o ex... Pra mim, é OK uma música ou duas. Mas metade do álbum ainda fala do diabo! E "Hello" é logo uma(s mil) tentativa(s) de ligação pra ele (e ele ao menos tem a dignidade de não atender!). Dá vota de chegar nela e dar um chacoalhão, gritando MULHER, SUPERE! VOCÊ TÁ COM UM CARA LEGAL, TEVE UM FILHO COM ELE, JÁ GANHOU MILHÕES COM O OUTRO, SEGUE EM FRENTE, PESTE!!!!!
      Ah, pronto, desabafei. rs

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