Amanhã é véspera de Natal! Nada mais justo, então, que dar a tod@s vocês, de presente, mais um pedacinho de minha amada Alagoas. Até mesmo a Filmoteca entrou indiretamente na onda quando homenageamos Marília Pêra ao referenciar um filme de Cacá Diegues. Logo, logo, a Biblioteca seguirá as irmãs na onda, aguardem novidades! Mas por ora, voltamos à Discoteca:
Após quase dois meses, quando falamos de Millane Hora, chegou a hora de falar sobre talvez o terceiro maior produto musical de exportação alagoano, atrás apenas de Hermeto Pascoal e Djavan. Já sabem de que grupo falo?
Vamos aos trabalhos!
Após quase dois meses, quando falamos de Millane Hora, chegou a hora de falar sobre talvez o terceiro maior produto musical de exportação alagoano, atrás apenas de Hermeto Pascoal e Djavan. Já sabem de que grupo falo?
Vamos aos trabalhos!
Fonte da imagem: acervo pessoal
Álbum: Cantando o Natal
Artista: CORETFAL
Gravadora: Independente
Data de lançamento: 30/11/2004
O Coral da Escola Técnica Federal de Alagoas iniciou suas atividades em 1975, pelas mãos da maestrina Maria Augusta Monteiro, objetivando difundir a cultura musical pela antigas Escolas Técnicas Federais (hoje, Institutos Federais). Quando a maestrina Fátima Menezes assumiu, na década de 1980, o CORETFAL adquiriu uma qualidade única entre seus pares, à época: incrementou seu repertório ao aliar (e valorizar) a Música Popular Brasileira e o folclore às peças eruditas tradicionais neste tipo de grupo vocal, e sempre apresentando ao público alagoano espetáculos temáticos de alto valor técnico e artístico – misturando música, teatro, dança e efeitos tecnológicos (e ao mundo, saindo em turnê nacional e mundial quando a verba cedida pelo Instituto assim o permite).
Tendo o CORETFAL atingido alto status entre seus pares mundo afora, seus produtos também deveriam estar à altura. O trabalho da Promarka com na parte gráfica é muito bonito, remetendo aos trabalhos com xilogravura tão inerentes ao nordeste brasileiro. Mas o encarte tem alguns erros de digitação e de creditação das canções que não são admissíveis em um trabalho que deve ser primoroso.Álbum: Cantando o Natal
Artista: CORETFAL
Gravadora: Independente
Data de lançamento: 30/11/2004
Musicalmente, mesmo com todo o apuro técnico e cênico, alguns problemas acompanham o CORETFAL ao longo de seus quarenta anos de atividade, e um deles ficou bem evidente neste registro: os erros de pronúncia quando resolvem cantar em outra língua (como o clássico oscarizado "White Christmas", de Irving Berlin) - não estou dizendo que tod@s são obrigados a saber uma outra língua, longe de mim. Mas posso dizer, sim, que você se obriga a fazer prosódia se resolve se aventurar em uma língua desconhecida - quem quer fazer algo, faz direito. E também não me refiro a sotaques carregados, nada disso. É possível falar e cantar línguas estrangeiras sem perder sua essência - o ABBA está aí para provar que sotaque forte não é desculpa para desleixo com línguas estrangeiras (e eles cantavam em inglês, espanhol, alemão e francês). Mesmo um mestre como Almir Medeiros também pode cometer seus enganos. A versão de "Adeste Fideles" parece algo que a banda Calypso (avec Joelma) provavelmente faria como parte de seu repertório low tempo se estivesse na ativa durante a primeira metade dos anos 1990. Realmente um desserviço com uma canção tão imponente e desnecessário para o álbum.
Mas, para não pensarem que eu sou um monstro desamado e sem espírito natalino, falemos de grandes acertos, também: "O Tannenbaum" é canção natalina alemã escrita por Joachim August Zarnack e Ernst Anschütz sobre uma outra canção de Melchior Franck (somente Anschütz foi creditado no álbum) ganhou letra original pelas penas do arranjador e da maestrina, intitulada "Nasceu Jesus". O arranjo em ritmo de reggae foi uma escolha arriscada (eu pessoalmente não gosto do ritmo) - mas o CORETFAL nunca caminhou pelo lado seguro da calçada. E o risco compensou. A canção ganhou uma leveza que a tornou ainda mais bela. Ao final, a soprano Leda Queiroga faz um belíssimo solo na "Ave Maria" de Charles Gonoud. Tão belo que colocou o côro em terreno perigoso de soar desnecessário. Ainda assim, não haveria forma melhor de finalizar Cantando o Natal.
Ao final da jornada de Cantando o Natal, a força do Coral do Instituto Federal de Alagoas se mostra: o silêncio que se faz parece preenchido pelas vozes a ecoar - mas, na verdade, é meramente o vazio a pedir um novo aperto do play.
Você daria? Eu, sim!
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