sexta-feira, 21 de agosto de 2015

007 - Sendo sempre o mesmo - mas nunca sendo o mesmo!

Olá, pessoal! Que bom lhes ver de novo! Tudo bom com vocês? Quais as novidades?
Eu não sei se invejo MiniTom, neste momento. Embora eu não saiba tocar instrumentos de corda, eu nunca quis REALMENTE aprender. Mas deve ser uma sensação massa tocar e cantar!
A postagem sobre o Gustavo Guri rendeu frutos massas pra mim! Vários amigos que conhecem o Guri curtiram, vários amigos que não o conheciam procuraram conhecer a sua proposta (dele, gente!!!), até o próprio Guri viu, gente! Aliás, obrigado pela visita, Guri! Volte sempre e espero que a postagem também tenha lhe rendido bons frutos!
Houve quem ousasse exclamar a heresia declarasse que achava que Alagoas se resumia a Djavan. Diante dos meus protestos, recebi como tréplica "e o que mais Alagoas tem a oferecer?" - então, acho que desprezarei eternamente tal ousadia só por ignorar Hermeto Pascoal nunca é cedo demais para Alagoas retornar à Discoteca para fazer barulho.
Para não assustar muito, decidi começar com o lançamento recente de alguém que já tem um nome fora do Estado. Quem vem comigo?

Fonte da imagem: http://wado.com.br/

Álbum: 1977
Artista: Wado
Gravadora: Deckdisc
Data de lançamento: 13/03/2015
Agora é a vez de falar de Oswaldo Schlikmann Filho, conhecido popularmente pela alcunha Wado! O moçoilo nasceu em Florianópolis-SC, e se perdeu radicou em Maceió bem pixotinho, mesmo! E adquiriu um amor pela terra que muito alagoano de nascença não tem, e deveria ter, que fique a dica!
Em quase quinze anos de estrada - alguns deles com o joiadíssimo Fino Coletivo, Wado lançou dez álbuns (sete deles solo e um com o Realismo Fantástico), todos elogiados pela crítica especializada, e vem cultivando uma fanbase antenada e fiel - o último deles, a obra de que viemos tratar agora: "1977", mais um da escola Taylor Swift de nomear álbum com o ano de nascimento.
Confesso que levei MESES para ouvir "1977". O trabalho anterior de Wado, "Vazio Tropical", assombrou os prospectos deste álbum num nível tal que parecia ter eclipsado todos os trabalhos bons que vieram antes dele (não me interessa a quantidade de listas de "melhores álbuns do ano" em que ele figurou, eu continuo achando este álbum uma... coisa menor). Mas estou feliz por ter seguido em frente e escutado. Este é o melhor álbum que o moçoilo já lançou, desde "Atlântico Negro"!
Fonte da imagem: http://wado.com.br/

Sorrisããããão...
Wado não é, exatamente, um artista de descansar em louros. Cada obra sua traz algo de novo em relação ao anterior. Embora nenhuma guinada tenha sido tão radical quanto seu último álbum - completamente intimista e "nada Wado". Após esta experiência, ele decidiu dar mais um giro na roleta e dar uma chance às guitarras distorcidas, que são artigo raro em sua extensa discografia. "1977" é um álbum e pegada bem mais roqueira que seus álbuns iniciais, que brincavam com o funk e o samba e passaram a flertar com arranjos eletrônicos e ritmos africanos mais para a frente, para terminar no beco sem saída que foi imitar o pior de Los Hermanos.
"1977" começa com uma pegada suja, nova para o artista, mais agressivo e assertivo. O primeiro single, "Lar", abre o disco mostrando um novo Wado ao mundo - e a pegada persiste com a faixa seguinte, "Cadafalso". O "lado B" do álbum se anuncia em "Galo", mas se revela na segunda metade. A pegada roqueira está lá, mas bem mais diluída numa série de canções mais suaves e melancólicas, como as lindas "Menino Velho" e "Mundo Hostil" (como um aceno ao álbum passado). A primeira metade é superior à segunda, talvez por seu caráter mais urgente aliado aos arranjos intricados e às boas novidades auditivas que Wado proporciona, mas a melhor canção do álbum é justamente a última, "Um Dia Lindo de Sol" - o que não deixa de ser curioso por, além de ter um quê de música infantil, ser a única que não tem dedo algum do artista em sua composição (é obra de João Paulo Guimarães, vocalista da Mopho).
As participações especiais do álbum, embora não sejam a coisa mais necessária em alguns casos, também são uma melhoria - vão embora tarde Marcelo Camelo e Mallu Magalhães (Cícero também se foi, mas até que deixou saudades; já MOMO permancece, aqui, no time de parceiros em composições), chegam Lucas Silveira (vocalista da banda Fresno, totalmente desnecessário na segunda faixa, "Cadafalso"), o já citado João Paulo Guimarães, e novidades internacionais: os portugueses Samuel Úria e O Martim, a mexicana Graciela Maria (que ficou perfeita na singela "Galo"), a argentina Belén Natalí e o uruguaio Franny Glass.
Fonte da imagem: http://wado.com.br/

Melhor eu não comentar esta...
A única coisa que eu sinto falta em "1977" é uma certa "alagoanidade" que está ausente, ou de algum elemento de familiaridade que o som da "renascença alagoana" (o próprio Wado, o Junior Almeida, a Fino Coletivo etc.) trazia que remetia à terrinha - algo que sinto que se iniciou justamente no álbum anterior. Faltou realmente um "Alagou" e/ou um "Pavão Macaco", para mim. Talvez seja intencional, visto que seu som está bem mais "international airplay ready" que antes, e com vozes de várias partes da Europa e América Latina fazendo participação especial por aqui. Ainda assim, só o fato de haver algo "de Wado" (digo, de familiar, que se reconheça a sonoridade como um "álbum do Wado") - e, óbvio, suas letras, que continuam primorosas - faz de "1977" algo superior ao que veio anteriormente.
AH! Não posso esquecer de mencionar que as fotos de Pedro Ivo Euzébio são massa! Fizeram um ótimo release para o álbum!
Bem-vindo de volta, Wado!

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