domingo, 9 de agosto de 2015

004 - Vendo as Nuvens por Vários Ângulos


Olá, pessoal!
Como estão tod@s? Espero que indo bem e dispost@s, com muita energia!
Por aqui, tenho me divertido muito escrevendo estes devaneios pra vocês. Pouca coisa nesta vida é melhor que me deitar, fechar os olhos e apenas deixar que o som toque e me entregar às sensações que a mídia - seja o bom e velho vinil, uma fita cassete, um cd, álbum em mp3 ou mesmo ferramentas de streaming - trouxer.
Após dois posts ligados ao universo infantojuvenil e um terceiro... bem... enfim... Resolvi dar mais uma guinada e buscar algo mais afastado do pop que eu pudesse falar e dar um toque mais de classe à minha Discoteca.

Fonte da imagem: http://www.amazon.com/

Álbum: Hits
Artista: Joni Mitchell
Gravadora: Reprise Records/Warner Bros.
Data de lançamento: 29/10/1996
Neste exato momento, sou obrigado a fazer um mea culpa. Até bem pouco tempo atrás, eu conhecia quase zero de Joni Mitchell. Para mim, ela era apenas a moça que canta "Both Sides, Now", além de uma das pessoas que ajudaram a fundar o Greenpeace. Mesmo com tantos artistas de que gosto a citando como influência e uma ideologia política afim, nunca tive real curiosidade de ir pesquisar.
Fonte da imagem: http://jonimitchell.com/

Isle of Wight Pop Festival, Inglaterra, 1970. © Brian Moody/Rex - ela tem um quê de Marit Larsen, não?
E então, meu irmão Vitor (que tem um blog muito legal) me indicou este álbum agora. E me descobri no mesmo loop que me acometeu quando comprei um cd dos Carpenters: eu conhecia mais músicas dela que imaginava... mas, ao contrário de Karen e Richard, todas as músicas de Joni conheci nas vozes de outros intérpretes! De qualquer modo, sempre amei todas elas!
Fonte da imagem: http://jonimitchell.com/

Roger McGuinn, Joni Mitchell, Richie Havens, Joan Baez, Bob Dylan, em show da Rolling Thunder Tour. © AP 1975
Ouvir "Hits" me dá a sensação de estar escutando um álbum de Marit Larsen, mas sem qualquer inflecção pop ou a qualidade de "menina-mulher fofinha" na voz. O álbum inicia com o ode outonal "Urge for Going" (cuja letra em Português provavelmente jamais seria aprovada na época de seu lançamento) e fecha com seu maior sucesso: "Both Sides Now" (que foi regravada por nomes como Frank Sinatra, Bing Crosby, Peter Seeger, Nana Moskouri, Neil Diamond,Andy Williams, Villa Black, Willie Nelson, Cassandra Wilson, Dolly Parton, Tori Anos, Herbie Hancock, Rachel Yamagata, Alisson Moorer, Idina Menzel, Melanie C e até Carly Rae Jepsen, Leonard Nimoy (!!!) e Hole (eca!...)). No meio do caminho, há minhas duas favoritas: "Chelsea Morning" ("O sol entrou como caramelo e se prendeu a todos os meus sentidos"), "Califórnia" e a ambientalista "Big Yellow Taxi" ("vocês pavimentam o paraíso para fazer dele um estacionamento"). Tem como negar que essa mulher é um gênio?
Fonte da imagem: http://jonimitchell.com/

Sissy Spacek? Não... Joni Mitchell!
Lá pela metade do álbum, percebi que Joni Mitchell é tão regravada porque ela tem a base perfeita pra permitir que outras pessoas se permitam reinterpretar suas obras. Suas letras são densas e incrivelmente pessoais, e ela não é dada a grandes truques em suas composições. Mesmo com muitas experimentações e camadas de arranjos e harmonias, seu som é puro, cru e direto, nenhuma nota a mais, nenhuma nota a menos, seja vocal, seja da instrumentação. Quase como uma demo, mas não há como explicar exatamente o que acontece - você simplesmente SABE que não está ouvindo um "rascunho" ou um "estudo", mas sim uma obra fechada e coesa - me arriscaria a dizer DEFINITIVA, até.
Fonte da imagem: http://jonimitchell.com/

Toda modelete em ensaio pra New York Magazine de fevereiro de 2015.
Tal consideração me traz uma pergunta: como pode uma jóia destas simplesmente não estar nas mentes do grande público (nascido após a segunda metade da década de 1980, sendo mais específico), mesmo com tant@s a falar dela? Algumas de suas músicas são muito conhecidas e, se não nas rádios de paradas, poderiam se encaixar muito bem em uma Rádio Educativa ou em uma Antena 1 da vida! Qual a razão, então, de Joni Mitchell ser um nome conhecido apenas de quem ouve folk a fundo? É por causa de seu jeito bicho-grilo sua aura "flower power"? É por seu ativismo ambiental? É por ela ser uma caipora fumante inveterada? Só Deus sabe como foi difícil achar alguma foto sem um cigarro, que nojo!... É por ela não rebolar até o chão ser feminista (por mais que negue e renegue)? É por ser uma mulher? Não consigo entender, nem encontro uma resposta.
Fonte da imagem: http://jonimitchell.com/

Mais do ensaio pra New York Magazine.
Pena que, por aqui, quem tem acesso a essas pérolas ou não entende inglês, ou não se interessa em nada pelas mensagens que Mitchell passa. Por mim, posso dizer que "Hits" já é um dos álbuns da minha vida! E estou a devorar a discografia de Mitchell como condenado que estou a compensar tantos anos de descaso! Obrigado, Vitor!
Fonte da imagem: https://en.wikipedia.org/
Em tempo: "Hits foi lançado juntamente com um outro álbum, intitulado "Misses", condição da própria Joni para que esta obra fosse lançada. Ao contrário desta obra em questão, "Misses" circula pelo trabalho menos conhecido dela, especialmente aqueles onde ela se afastou do folk e se aventurou por gêneros como o jazz, música clássica e até a música eletrônica oitentista.

Em tempo, parte 2: enquanto escrevo, acabei de saber que ela passou por uma cirurgia por conta de um aneurisma cerebral. Desejo-lhe uma recuperação plena e tudo de melhor - pois você ainda tem muito do seu melhor para oferecer ao mundo, tenho certeza!

Aproveito o ensejo para desejar a todos um feliz Dia dos Pais! Cada vez mais, tenho consciência da nossa finitude, e espero sinceramente que uma data como hoje seja momento para esquecermos desavenças e celebrarmos. A vida é curta demais pra guardar mágoas. Dêem um abraço, um beijo, aquele telefonema. Post no Facebook é legal, mas nada substitui a coisa real - menos ainda quando seu velho não tem Face!

2 comentários:

  1. De muito bom gosto! umas das canções que mais gostei é Ladies Of The Canyon.

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    1. Massa! Um hino feminista maravilhoso!
      Eu, pessoalmente, prefiro as canções ecológicas, as "apaixonadinhas" e as "estou-deprê-vou-cortar-meus-pulsos". Ah, esta minha natureza...

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