quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

044 - Só na Vontade

Olá, amores da vida de Tonzinho!
Tudo bom com vocês? Que estão a aprontar? Olhem, olhem, hein? Se comportem direitinho!
Eu estou em clima de contagem regressiva: tirarei um mês de férias na quinta-feira após a quarta-feira de cinzas e estou achando péssimo, isso (#SóQueNunca)!
Enfim, eu SEI que muita gente do meu círculo mais próximo vai virar o nariz com a artista de hoje, mas estou nem aí. Eu curtia seu trabalho antes de uma má decisão de carreira, e voltei a curtir quando vi uma apresentação impecável em outro programa. Tanto que busquei seu álbum e falo dele aqui na Discoteca, e agora!
E espero que vocês também dêem esta chance - à artista e a si mesmos! Quem sabe alguns paradigmas não são quebrados?
E vamos aos trabalhos!

Fonte da imagem: https://pt.wikipedia.org/

Álbum: Do Jeito que Eu Quero
Artista: Babi
Gravadora: Universal
Data de lançamento: 02/10/2002
Fonte da imagem: http://tc.batepapo.uol.com.br/
Anna Bárbara da Fontoura Xavier entrou na minha vida através do Erótica MTV, onde ela falava sobre sexo e afetividade junto ao dr. Jairo Bouer em vestimentas muito sexies. Mas eis que, após um ano, ela some da MTV Brasil e reaparece no SBT ocupando o lugar de Serginho Groisman à frente do Programa Livre. Enquanto na emissora do Silvio Santos ela não parecia tão natural quanto na MTV, ela ganhou espaço para se mostrar como escritora e até soltar o gogó e mostrar um talento maior: o de cantora. E assim, veio um contrato com a Universal e seu único primeiro álbum: Do Jeito que Eu Quero.
O álbum é cheio de surpresas! Começando pela segunda faixa, “Só o que Preciso Ter”, com uma letra pungente sobre o fim de um relacionamento, que revela uma faceta completamente desconhecida do seu autor, Vinícius Bonotto Conrado – sim, car@ leitor@, você adivinhou certo: Vinny, aquele da “Heloísa, Mexe a Cadeira”!!!
E então, quando se acha que o álbum seguirá uma veia funk-pop, Babi vira a mesa e traz Jair Oliveira (sim, o Jairzinho do Balão) à baila para relembrar seus tempos de Erotica MTV falando sobre sexo virtual com o rebolativo “.COMBR” (samba bonzão com toques eletrônicos que ainda cita o grande e saudoso Jairzão). Aliás, ele também assina a fraca passivo-agressiva “Quero Passar”.
Fonte da imagem: http://entretenimento.uol.com.br/
A releitura de “Imunização Racional (Que Beleza)”, clássico dos clássicos da fase esotérica de Tim Maia, a atualizar a faixa, mas sem fugir de sua natureza de funk bem suingado e com banda afinada, é a escolha mais acertada do disco inteiro – mas só a faixa de abertura. O remix feito pelo DJ Memê é completamente desnecessário e quebra todo o bom trabalho que vinha sendo feito nas dez faixas anteriores (aliás, uma mania irritante recorrente das gravadoras desde os anos 1990 é enfiar remixes em todo CD pop no final - qual o propósito disso, minha gente?).
Mas mais que desnecessário – na verdade, uma total bola fora, foi a releitura de “O que Será (À Flor da Terra)”, em dueto com o seu autor, o grande Chico Buarque. Foi a prova cabal de dois dados: 1) Chico tem feito escolhas musicais relativamente duvidosas de 2000 para cá; e 2) definitivamente, há músicas em que NÃO SE DEVE MEXER.
Mas o meio do cd compensa tudo com a minha favorita: “Não Quero Lembrar”, um blues de Célio Mendes com participação luxuosa de Nuno Mindelis na guitarra, com vocais melodramáticos do jeito que Tonzinho adora.
Fonte da imagem: http://ego.globo.com/
Em meio ao cenário nebuloso que ia se formando na cena musical brasileira em 2002, Babi enfrentou dois problemas: a proibição de SS de deixá-la promover a obra na concorrência e não encontrar espaço nos planos de sua gravadora. Terminou por encarar, então, um triste destino: o álbum encalhou nas prateleiras (embora as vinte e cinco mil cópias vendidas alegadas pela Universal sejam em 2015 uma vendagem bem respeitável) – como resultado, o contrato de três álbuns foi rescindido. Uma pena, pois, mesmo com alguns percalços no caminho, Do Jeito que Eu Quero é um álbum forte e mostrou um talento que precisava apenas de tempo para amadurecer e melhorar o repertório.
Espero que Babi um dia tente novamente - o público (e ela, também) merece!

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